Feliz Natal e uma sugestão
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Temos para nós que o Natal não é festa para vinho novo. Aliás, para provar o vinho do ano, ou mesmo de um ou dois anos anteriores, já existem outras festas. Bom, se não existem, a verdade é que deviam existir...
Já no Natal, só nos apetece vinhos com a marca inconfundível do tempo e da evolução em garrafa. Por alguma razão, existe o conceito de "vinhos de calendário": vinhos de luxo, caros – e já com alguma evolução em garrafa, acrescentamos nós – enfim, a antítese do consumo diário.
Efectivamente, se durante um ano inteiro damos connosco a pensar que determinados vinhos "não estão no seu ponto óptimo", que são "demasiado raros para uma determinada ocasião", ou mesmo que "merecem ser bebidos com familiares e/ou certos amigos"... chega o Natal e devemos abrir essas mesmas garrafas. Sem excepção. É este o momento! É quase caso para gritar, como o Obélix perante uma legião de romanos, "Ao ataaaque!!!".
A título de nota pessoal, o nosso Natal sempre foi muito "Ferreirinha", o que se percebe tendo em consideração os (poucos) topos de gama que existiam há 10 e mais anos. Os Barca Velhas, os Reservas Especiais, os Reservas e, fora do universo Sogrape, algumas garrafeiras particulares - recordo-me de uma de Rio Maior da década de 60 absolutamente maravilhosa, bem como algumas do Dão que pareciam melhorar a cada ano que passava.
Ora, este ano vai voltar a ser assim. Mas fica sempre a dúvida: e o que beber antes do Reserva Especial e do Barca Velha? Sim, nós entendemos que não devemos começar a refeição a beber logo esses ícones do Douro... então o que beber antes, no início da longa refeição? Um vinho novo, com um ou dois anos em cave? Nunca!
Por isso, este ano (ou melhor, este Natal) deixamos uma sugestão pessoal de um tinto em óptimo estado de consumo – i.é, naquele momento perfeito (que durará ainda 2 ou mais anos) em que tudo já está equilibrado. Entrada de boca suave, bouquet perfeito com madeira sedutora, fruta fina e complexa, final composto. E claro, algum e saudável depósito. Sugerimos, assim, um Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001, talvez o vinho que mais nos surpreendeu ao longo do ano, dada a sua enorme qualidade e perfeito estado de evolução. Depois sim, provamos e bebemos os Ferreirinhas que, por isso, é que eles existem. E ainda bem.
Feliz Natal, festas felizes e votos de óptimos vinhos.
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Nuno O. Garcia