Os ares frescos de Penacova não podiam inspirar a escolha de um vinho que não de uma região como o Dão. Perante esta evidência - quase imposição! - provou-se um "Quinta da Fonte d’Ouro 2003 Touriga Nacional".
A garrafa tinha-nos sido gentilmente oferecida (com sorte pelo meio...) durante a sua primeira apresentação pelo enólogo Nuno Cancela de Abreu responsável pelo vinho , e o rótulo provisório (com a indicação do ano marcada à mão) atestava isso mesmo. Segundo a lição do mister responsável pelo vinho, cabia a este ainda uma “afinação” final antes de sair para o mercado, mas - como a garrafa dada não se olha o dente - abri a minha de imediato. É, portanto, possível que as minhas próximas palavras não estejam totalmente em conformidade com o vinho versão final que saiu agora para as estantes das casas comerciais.
Temos então: um Dão intenso, com a presença forte da Touriga; mas foi a sua acidez cuja recordação durou a tarde inteira (tendo mesmo resistido com bravura à sesta que gozei). No nariz muita fruta vermelha e alguma caruma (mas o nariz andou confuso quando procurámos outros aromas, talvez por se tratar de um vinho jovem). A cor - vermelha intensa muito bonita!
Deu-nos a clara ideia tratar-se de um vinho que vai ganhar com o descanso condigno nas nossas garrafeiras, mas não tem estrutura para durar muito tempo. A beber já trata-se de um touriga honesto e bem construído, contudo sem dimensão para combates com os seus rivais dourienses, e falta-lhe aquele sabor a terra e o caracter quente que ansiamos nos actuais tourigas alentejanos. Mas atenção!, a acidez que demostrou - agora demasiado intensa, daquia 2 anos talvez perfeita - será certamente um trunfo deste estilo do Dão.
A menos de € 10, e salvo melhor opinião, é um vinho para guardar 2 ou 3 anos e merecer depois uma cuidada selecção na escolha da comida que vai a acompanhar.