domingo, julho 31, 2005

Quinta Fonte do Ouro 2003 Touriga Nacional (T)


Os ares frescos de Penacova não podiam inspirar a escolha de um vinho que não de uma região como o Dão. Perante esta evidência - quase imposição! - provou-se um "Quinta da Fonte d’Ouro 2003 Touriga Nacional".
A garrafa tinha-nos sido gentilmente oferecida (com sorte pelo meio...) durante a sua primeira apresentação pelo enólogo Nuno Cancela de Abreu responsável pelo vinho , e o rótulo provisório (com a indicação do ano marcada à mão) atestava isso mesmo. Segundo a lição do mister responsável pelo vinho, cabia a este ainda uma “afinação” final antes de sair para o mercado, mas - como a garrafa dada não se olha o dente - abri a minha de imediato. É, portanto, possível que as minhas próximas palavras não estejam totalmente em conformidade com o vinho versão final que saiu agora para as estantes das casas comerciais.
Temos então: um Dão intenso, com a presença forte da Touriga; mas foi a sua acidez cuja recordação durou a tarde inteira (tendo mesmo resistido com bravura à sesta que gozei). No nariz muita fruta vermelha e alguma caruma (mas o nariz andou confuso quando procurámos outros aromas, talvez por se tratar de um vinho jovem). A cor - vermelha intensa muito bonita!
Deu-nos a clara ideia tratar-se de um vinho que vai ganhar com o descanso condigno nas nossas garrafeiras, mas não tem estrutura para durar muito tempo. A beber já trata-se de um touriga honesto e bem construído, contudo sem dimensão para combates com os seus rivais dourienses, e falta-lhe aquele sabor a terra e o caracter quente que ansiamos nos actuais tourigas alentejanos. Mas atenção!, a acidez que demostrou - agora demasiado intensa, daquia 2 anos talvez perfeita - será certamente um trunfo deste estilo do Dão.
A menos de € 10, e salvo melhor opinião, é um vinho para guardar 2 ou 3 anos e merecer depois uma cuidada selecção na escolha da comida que vai a acompanhar.

sábado, julho 30, 2005

Novidades para a garrafeira: Julho 2005

  • Quinta dos Seis Reis Syrah (T) 2003 – até € 15
  • Quinta AlemTanha (T) 2001 – até € 15
  • Três Bagos Reserva (B) 2004 – até € 10
  • Quinta de Vallado (B) 2004 – até € 10
  • Quinta da Alorna Reserva Chardonnay (B) 2004 – até € 5
  • Muros Antigos Verde (B) 2004 – até € 10

segunda-feira, julho 18, 2005

Tinto Pesquera 1998 Crianza (T)


Para acompanhar rosbife não pensei duas vezes. Lembrei-me de um "Tinto Pesquera" de 98 que tinha guardado em casa, e lá está: uma combinação simples e perfeita.
Este meu “Pesquera” era apenas um “crianza” (a lei espanhola caracteriza como “crianza” o vinho que estagia menos de 1 ano em garrafa) mas foi o meu primeiro Pesquera e desafio qualquer mortal a conseguir por bom preço um Pesquera de 1998, mesmo que seja apenas “crianza”.
De facto, na Primavera que passou fui pessoalmente visitar a “bodega” de Alejandro Fernándes e constatei que os anos de 98-2003 estavam todos esgotados. A procura desta marca é incrível e a exportação leva-os a sítios distantes como o Japão (mas não imagino Tinto Pesquera com sushi!).
A minha sorte é que anos antes comprara na simpática cidade de Lugo uma garrafinha de néctar... ora foi essa garrafa que abri faz dias para o tal rosbife.
E que belo tinto este espanhol da Ribeira del Duero! Com cor vermelha-cereja e alguma lágrima persistente... No nariz, muita fruta, mas também madeira, muita madeira... É um tempranillo espanhol, nota-se de imediato, o primeiro cheiro lembrou-me as adegas que visitei faz meses.
Na boca muito suave (os usuais 18 meses de barrica e 6 em garrafa) e harmonioso, belas notas a carvalho americano e um final longo. Muito vivo este crianza, porventura mais vivo do que alguns reservas.
O preço deste 98 é uma incógnita, mas não ficará abaixo de € 25 em qualquer garrafeira especializada.

domingo, julho 17, 2005

Quinta da Pacheca 2003 (B)

A cidade de Sesimbra já não é o que era. Os meus 28 anos são suficientes para me lembrar com clareza como as casas pequenas e brancas rodeavam as duas baías, com a fortaleza bem no centro. Nessa altura, os meus pais comiam numa tasca fabulosa onde um pescador e a mulher (mais um pastor alemão que teimava em não acordar) serviam as melhores santolas de que me consigo lembrar.
Hoje, Sesimbra é uma outra Sesimbra; é uma barafunda completa com automóveis por tudo o que é lado, e é sobretudo um dos piores exemplos do (falta de) urbanismo em Portugal. Mais a cima, Santana, é outra pequena localidade que segue o mesmo caminho do cimento. É pena e é irreversível.
A tasca onde ia com os meus pais já não existe, mas restaurantes onde o marisco e peixe são reis, esses – por força do comércio turista – ainda existem... o "Farol" no centro histórico, o "Ribamar" na primeira linha da Praia do Ouro, a tasca do "Formiga" lá no alto, e o "Tony-bar"...
Regressámosa este último com a promessa de lapas frescas... e lapas frescas encontrámos... mas primeiro uns camarões de Sesimbra (pequenos e bravios) e depois uma santola... a acompanhar escolhemos o “Quinta da Pacheca” 2003 Branco...
Que grande branco! – uns dos melhores que provei este ano – complexo logo no nariz, cor quase amarela-ambar, e na boca um agregado de sabores citrinos e florais... era um pouco de ananás... depois muita uva madura... depois fruta verde...
Feito de Cerceal, Malvasia Fina e Gouveio, é um douriense de gema, um daqueles branco do Douro que nos lembra a frescura de um verde e a uva bem presente de um branco maduro... muito bom.
Custou-me € 12 e valeu cada chapa gasta.

sexta-feira, julho 15, 2005

Quinta da Murta 2004 (B)

A noite ventosa, como só Lisboa no Verão teima em acontecer, estava contudo quente, apetecendo um branco fresco. Lembrámo-nos das personagens de Shakespeare e das tropas de Napoleão, todos amantes de um dos príncipes do vinho branco português. Adivinharam, bebemos um arinto de Bucelas. A escolha recaiu no Quinta da Murta 2004.
Tratou-se de um branco muito seco, citrino e harmonioso mas com pouco a oferecer no nariz. Também na cor faltou limpidez e altivez. Na boca mostrou-se redutor, fresco é certo, mas menos floral do que esperávamos.
A janta, simples e picante – esmagámos três malaguetas –, também não ajudou a prova e os 12% de álcool quase não se notaram.
A menos de € 4 é um vinho de Verão para se beber ainda este ano, mas outros sim - que não este Quinta da Murta - reinam em Bucelas!

sexta-feira, julho 08, 2005

Planalto Reserva 2003 (B)


Sentei-me nas novas “docas” de Portimão. Um complexo recente mesmo junto das antigas, essas sim verdadeiras docas onde a sardinha era descarregada e, depois, colocada no assador antes da barriga. A nova versão das docas - inaugurada em 2004 - assemelha-se à doca de Sto. Amaro em Lisboa com o acrescento de um paredão enorme. Ganhou-se luminosidade e espaço, perdeu-se na autenticidade.
Vamos ao almoço que faz tarde: amêijoas (óptimas, doces...), sardinha (claro! pequenas e saborosas à excepção de uma que estava esfarolada) e bica escalada (peixe familiar próximo do pargo). Várias versões de saladas de tomate e outras de pimentos a acompanhar temperadas pela mão (sábia) de um algarvio, como manda a regra.
Mas siga-se já para o beber que estamos em época de sol e no Algarve o calor aperta: um branco douriense de marca consagrada, fruto de constantes colheitas bem conseguidas e a um preço que se manteve longe da especulação. Escolheu-se a Colheita de 2003 e exigiu-se um balde coberto de gelo. Bela cor, boas notas no nariz, tratava-se evidentemente de um vinho refrescante e que viria a mostrar uma surpreendente boa adaptação tanto à amêijoa como ao peixe.
Demasiado macio na boca - faltava-lhe já alguma vivacidade! -, apresentou-se porém complexo e vegetal (como nós gostamos dele!), com suaves notas citrinas num final curto mas honesto. Nunca se mostrou enjoativo nem doce - como outras modas por aí ditam -, esteve muito bem na boca. Em conclusão, acompanhou com segurança a realeza da refeição.
A um pouco menos de € 5 nas garrafeiras e nos hipermercados, é sempre agradável beber um Planalto, cabendo agora provar a colheita de 2004!

segunda-feira, julho 04, 2005

Quinta do Carmo 2004 (B)

Mais um grande branco de Verão que fugiu à moda da monocasta. A cor indiciava que este alentejano não era um puro sangue, antes um vinho internacional (o que não se estranha vindo de uma Sociedade Agrícola com capitais em parte estrangeiros). Mas seria o aroma - complexo e penetrante - a confirmar as previsões e finalmente a boca onde o vinho revelou-se cheio e muito refrescante.
Um daqueles brancos do Alentejo verdadeiramente fresco que cada vez mais rareia nas garrafeiras. Final elegante e leve.
Um belo branco a cerca de € 10.
A foto respeita ao rótulo de 1999, em tudo semelhante ao actual.

sexta-feira, julho 01, 2005

Quinta de Cidrô "Sauvignon Blanc" 2003 (B)

Um belo branco do Douro como só esta região consegue produzir, fresco, maracujá e alguma agulha por estranho que pareça. Uma acidez quase perfeita... é um belo sauvignon blanc (mas fica a saudade de outros que já bebemos).
Desta vez, provávamos um só copo, e foi pena. Mas já se encontra na minha lista de futuras aquisições. É a prova que a Real Companhia Velha continua a lançar belos vinhos (quem esquece o Evel GrandeEscolha 1999..?).