quinta-feira, maio 28, 2009


Vinha Othon Reserva (T) 2006


Sendo discreto, o produtor "Vinha Paz" é conhecido pela excelente relação preço-qualidade da maioria dos seus vinhos, e os seus vinhos são conhecidos pela fruta franca, taninos elegantes, complexidade profunda (será dupla adjectivação?) e longevidade garantida. Neste Vinha Othon 2006, o produtor tem, e as palavras não são nossas, a sua "nova estrela maior". E uma nota prévia se impõe de imediato: um topo de gama (ou algo equiparado) a menos de 20€, mesmo a menos de 16€ em algumas garrafeiras? É algo inesperado e é, a nosso ver, um estouro de alegria!

De resto, o vinho é mesmo bom. Cor rubi intensa, começa no nariz um pouco fechado, pelo que se impõe decantação. Com arejamento, surge a fruta: framboesa, cereja e groselhas e um ligeiro toque químico. A boca confirma o equilíbrio do nariz e revela fruta e acidez num ponto óptimo, ou seja sem que uma componente se sobreponha à outra. Pode aparentar ser delgado de corpo mas a concentração é enorme. Os taninos são firmes, secos, mas não agressivos, longe disso até, são saborosos e harmoniosos. Em suma, um vinho de elegância à semelhança de outros do mesmo produtor, mas neste caso de uma elegância suprema, acetinada e aparentemente (só de aparência) delicada.

É um tinto que vem confirmar (como poucos o conseguem fazer) a tese de que as vinhas velhas do Dão, sobretudo das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen (que aqui estagiaram 14 meses em barricas de carvalho francês e americano), dão origem a vinhos magníficos, discretos no primeiro contacto, absolutamente sedutores como companhia permanente à mesa. Recomenda-se em absoluto, pelo menos uma caixa tendo em consideração o preço.

17,5


Próximos vinhos: Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2005; Vinha da Defesa (B) 2008; Esporão Reserva (B) 2008; Alain Graillot Crozes Hermitage (T) 2006; Cabriz Encruzado (B) 2007; Quinta do Boição Escolha (T) 2006

segunda-feira, maio 25, 2009


Quinta de Porrais (B) 2007

Durante alguns anos foi tido com uma curiosidade, dado que não era comercializado e apenas aparecia em provas levadas a cabo pela família Olazabal (Vale Meão). Depois, "democratizou-se" e hoje encontram-se à venda duas versões deste branco duriense cujas uvas de vinhas velhas são colhidas a cerca de 600 metros. Vamos então para o colheita, deixando o reserva para outra ocasião...

Muitas sensações de frescura, ligeiro "pico" (no limite, podia passar por um verde). Nariz tímido, componente mineral que poderia estar mais em evidência (para isso, tem de se escolher o reserva). De resto, maça ácida, algum fruto tropical, boca esguia mas competente, a dar boa prova, quase vibrante. Simples, singelo e agradável. Para quem julgue encontrar aqui um branco de topo o melhor é esquecer. Para quem quiser um branco fresco, descomplicado, muito agradável a acompanhar umas lapas grelhadas ou uma salada "capri" (ver foto)... então acertou em cheio!


15

Próximos vinhos: Vinha Othon Reserva (T) 2006; Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2005; Vinha da Defesa (B) 2008; Esporão Reserva (B) 2008; Alain Graillot Crozes Hermitage (T) 2006

quinta-feira, maio 14, 2009


Coisas lá de fora…

Two Hands Lily's Garden (T) 2005


Uma pequena interrupção nos vinhos nacionais para dar conta de mais um shiraz australiano (McLaren Vale), daqueles com turbo, jantes especiais, "suspensão qualquer coisa" e muitos pontos (94) na Wine Spectator. Ou seja, um vinho todo ele musculado! No nariz, esmagador na fruta madura e na dimensão das especiarias (pimenta preta, sobretudo). Na boca, é pastoso, com grande sabor a fruta preta, chocolate amargo (pois claro) e um final longo, mas sem surpresa nem taninos sérios.
+
Não que não seja bom – que o é! Não que não seja cativante e generoso na fruta – que o é, e muito! Todavia, é um vinho que se bebe com prazer ao mesmo tempo que se esquece o que se está a comer, e nesse aspecto é a antítese de um vinho gastronómico. Neste campeonato de "supercharges", preferimos este de longe. Carote - entre €50 a €70 - em qualquer parte do mundo.

17

segunda-feira, maio 11, 2009


Vértice Rosé (Esp.) 2007

Um vinho espumante simpático, este Vértice Rosé, e uma alegre surpresa do enólogo Celso Pereira! Rosa, muito rosa no copo, com bolha
grossa e evidente, tem aroma rústico a fruta vermelha no nariz. A boca é cheia, ampla, tudo exuberante e pouco subtil, mas revela uma espuma cremosa agradável. Naturalmente, está nas antípodas da delicadeza dos champanhes rosés (nem podia ser de outro modo, dado o reduzido estágio, o seu baixo preço, e a limitada experiência na produção deste tipo de vinho em terras lusas), mas é o acompanhamento perfeito e descontraído para um caril de caranguejo e outros práticos exóticos e picantes.

Teremos, em Portugal, apenas dois ou três espumantes rosés mais bem conseguidos, mas esses todos a um preço bem superior. Ora qual o preço deste Vértice? Uma absoluta tentação, dizemos nós: a menos de €9 nas Coisas do Arco do Vinho (Lisboa).

15

Próximos vinhos: Quinta de Porrais (B) 2007; Vinha Othon Reserva (T) 2006; Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2005; Vinha da Defesa (B) 2008

quinta-feira, maio 07, 2009

+
VT’05

Regressado do estrangeiro (o que explica a ausência de posts), ficam algumas palavras sobre um belo tinto do Douro. Provado por duas vezes. Trata-se de um lote de vinhas velhas com algum predomínio de Touriga Nacional. O nome parece ser uma referência ao modo como se distingue, pintando a face das pipas, aquelas com vinho tinto (vt) das com vinho branco (vb).

Nariz com juventude e percepção de etanol. À semelhança da colheita de '04, revela muita força, é um puro-sangue com fruta e madeira a caminho da integração. A fruta é de qualidade e harmoniosa, genuína em matizes vermelhas e, por vezes, pretas, não sendo evidentes as características florais da Touriga Nacional. Ligeiro apontamento a baunilha doce que não chega a incomodar. Na boca continua a prova do nariz, sempre com vigor e garra, carnudo e vibrante (quase tenso), taninos vincados a revelar secura de boca e um final em crescendo.
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Muito gastronómico este tinto, e com "futuro radioso" em garrafa (pesadíssima, por sinal) nos próximos 10 anos. É um vinho vinho, sem concessões! Entre €25 e €30.

17-17,5


Próximos vinhos: Vértice rosé (Esp) 2007; Quinta de Porrais (B) 2007; Vinha Othon Reserva (T) 2006.