domingo, novembro 29, 2009

Provas comparadas

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Espanholices:


Três tintos espanhóis, todos com galardões mas de preços e colheitas diferentes, todos "ao molho" numa prova só. Ou seja, prova livre e de livre espírito crítico, como tudo devia ser...

Psi (T) 2007: Mais fresco do que as restantes criações de Peter Sisseck, fruto muito puro, bonita prova nariz, mas na boca pretende-se mais do que um tinto fresco e gastronómico (que o é), era preciso mais garra e profundidade, mas tem taninos e acidez que o permitirão evoluir (entre €25 a €30). 16,5+

El Puntido (T) 2005: Já o tínhamos provado outras vezes antes desta, é um tinto moderno, internacional no estilo, com fruta e madeira em doses certeiras e uma doçura que não chega a incomodar. Bom trabalho na madeira, que na boca se sente oferecendo alguma garra que os taninos do vinho não têm. É bom - teve 93 pontos "Guía Peñin" - mas não faz sonhar (a cerca de €30). 16,5-17

La Nieta (T) 2004: Este sim, este DOC Rioja (das "Bodegas Viñedos de Páganos") convence-nos... abre com nariz sisudo, pouco expressivo de início mas muito profundo. Boca na mesma linha, de início fechada mas opulenta de seguida, com fruta saborosíssima. A madeira ainda está evidente e os taninos são brutais, mas o que é mesmo evidente é estarmos na presença de um grande vinho com um grande futuro (entre €60 a €80). 17,5++



quarta-feira, novembro 25, 2009

Provas


Altas Quintas Reserva (T) 2005

Muito escuro no copo, púrpura e violeta praticamente opaco. Nariz muto intenso com notas imediatas a etanol e ligeira madeira (a lembrar mobiliário antigo). Neste início, a fruta aparece sem pressas, e como que disfarçada em matizes de amoras e mirtilhos. Com uma hora no decante, maior expressão toma a fruta, agora acompanhada de um toque fresco a menta – de resto, não evolui muito (o que aparenta garantir-lhe longevidade).

Boca fresca, ampla com taninos muito presentes, saborosos mas ligeiramente ásperos. A melhorar os taninos, e também o final de boca que deverá crescer em comprimento.

Um belo tinto, fresco e profundo (ao qual falta apenas, no nariz, melhor definição da fruta), que respeita o terroir de origem - Alto Alentejo - e que merece descansar mais um pouco na garrafeira. Neste momento, do mesmo produtor e colheita, dá mais prazer o "Mensagem Aragonês (T) 2005" (ver aqui).

17++


Próximos vinhos: Altas Quintas Obsessão (T) 2004; Rol de Coisas Antigas (T) 2007; Quinta de Lubazim Reserva (T) 2005; Arundel (T) 2007; Quinta do Francês (T) 2007

quarta-feira, novembro 18, 2009

Provas


Quinta das Maria Touriga Nacional (T) 2006

Voltando às provas e deixando de lado, por breves textos, as novidades, avançamos para este cada vez mais conhecido tinto do Dão. O estilo é marcante, com muita potência na prova de nariz e boca, um vinho que pretende ser uma simbiose entre o que o Dão melhor pode proporcionar, mas nem sempre consegue: força e elegância.

No nariz, contudo, é a força que se impõe, infelizmente com a madeira ainda por integrar, num registo de muita fruta a par das típicas notas violetas da casta. Apelativo, mas algo "morno", com alguma compota e notas soltas a chocolate. Na boca melhora pois a madeira não está tão evidente e a fruta é mesmo saborosa, com ligeira (mas essencial) frescura. Final agressivo, "largo" e expressivo, mas ainda longe da elegância revelada por outros vinhos da casa.

Neste momento, está para os fãs da marca (que, merecidamente, já são muitos), mas, a nosso ver, o melhor é por ora beber, da mesma casa, o tinto Garrafeira e/ou o Touriga Nacional, ambos da magnífica colheita de 2005.

16,5+


Próximos vinhos: Altas Quintas Reserva (T) 2005; Altas Quintas Obsessão (T) 2004; Rol de Coisas Antigas (T) 2007; Quinta de Lubazim (T) 2005; Arundel (T) 2007

terça-feira, novembro 10, 2009

NOVIDADES DO DOURO



São duas novidades do Douro, de colheitas e produtores diferentes. O tinto de 2006 da Quinta da Foz, uma das poucas quintas da família Cálem que não foi alienada a terceiros, já está no mercado faz cerca de 2 meses, mas não deixa por isso de ser uma novidade a nosso ver. Depois de uma enorme reconversão das vinhas (à excepção da vinha velha que ficou inalterada) e de uma nova adega é bom ver renascer esta quinta!
O (também) tinto da Tapadinha é de 2007 e é mais recente no mercado, mas o produtor há muito que faz (bom) vinho, basta dizer que e é o primeiro resultado a sair da quinta recentemente adquirida por Domingos Alves de Sousa na região do Cima Corgo.

  • Quinta da Foz (T) 2006
Novo projecto de uma quinta emblemática do Douro situada na foz do rio Pinhão. Depois da boa receptividade do tinto VT (colheitas '04, '05 e '06), José Maria Cálem volta à carga, desta feita agora com um tinto menos rústico, mais sofisticado e prazenteiro na fruta, enfim bastante mais no "estilo Pintas". Aroma quente, notas licoradas e frutos negros e encarnados. Boca já sedosa, saborosa e com taninos certeiros na proporção macieza/envergadura. Belo final a prometer evolução (irá, naturalmente, melhorar em garrafa nos próximos 5 anos). A cerca de € 35 nas melhores garrafeiras e também no clube WinePT. 17-17,5+


  • Tapadinha Grande Reserva (T) 2007
Novo projecto de Domingos e Tiago Alves de Sousa, desta feita numa investida no Cima Corgo. Absolutamente negro no copo, muito químico no nariz, tinta-da-china, frescura química que esconde o álcool elevado (15.º). Na boca melhora, mostra a meio do palato força e juventude com muita fruta negra, sem revelar contudo arestas vincadas. Por ora, falta final de boca mas está interessante, no perfil concentrado. Entre € 20 a € 25 nas melhores garrafeiras. 17
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domingo, novembro 08, 2009

NOVIDADE


Esporão 1.º Prémio Confraria dos Enófilos do Alentejo (T) 2007


As recentes colheitas de 2007 e 2008, com temperaturas moderadas um pouco por todo o país, os avanços tecnológicos no trabalho na adega, e a introdução de castas com perfil floral (eg., Touriga Nacional e Franca), fizeram com que a planície alentejana começasse a produzir vinhos onde o calor da fruta não é o aspecto mais evidente. O gosto de alguns consumidores – que, alegadamente, terá cambiado no sentido de preferir vinhos menos madurões – também marcou a suposta reviravolta.

Um dos melhores exemplos da planície chega-nos ao copo com este Esporão 1.º Prémio Confraria dos Enófilos do Alentejo (T) 2007. Sim, porque se no primeiro ataque no nariz nos faz questão de lembrar que tem Syrah e Touriga Nacional, numa vertente próxima do rebuçado e da compota, já com alguma oxidação forçada com o mover do copo são outros os aromas exalados, mas próximos da urze e de algum vegetal mesmo, talvez fruto da Touriga Franca e do Alicante Bouchet que também contém. Na boca mostrou-se muito bom, com taninos suaves mas não redondos, antes saborosos, algum chocolate no fim da fruta encarnada madura, e madeira a aparar o lote. Nada de excessos, nada de concentrações majoradas, e até alguma frescura e largura no fim de boca. Poderá – e deverá – melhorar com mais 2 a 3 anos em garrafa.

Um bom exemplar do que melhor se faz no Alentejo com recurso a castas que, à excepção do Alicante, não são propriamente típicas da região (o Alicante não sendo indígena tem vindo a ser utilizada faz vários anos). Não por isso (ou talvez?), ressente-se apenas uma certa falta de complexidade e até, opinião pessoalíssima, a falta de um ligeiro lado rústico que não dispensamos quando provamos alentejanos.

A cerca de € 35 nas melhores garrafeiras, temos aqui um vinho de muito prazer.

17+
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domingo, novembro 01, 2009

NOVIDADE

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Quinta do Vallado Reserva 2007

Se, por um lado, os Vallado Reserva (T) das colheitas de 2000 e de 2003 espantaram(-nos) pela maturação não excessiva da fruta, ao contrário de parte dos seus pares durienses, e se, por outro lado, os Vallado Reserva (T) de 2004 e 2005 encantaram(-nos) pelos taninos valentes, secos e gastronómicos, em especial o '04, é então licito concluirmos que este Reserva (T) de 2007 marcou(-nos) pelo carácter perfumado e pela elegância das suas "formas".

Com uma maior percentagem no lote de Touriga Nacional ("o melhor talhão de Touriga disponível na quinta", segundo os responsáveis) em relação a anos anteriores, o nariz deste Vallado Reserva encontra-se, naturalmente, marcado por um timbre floral, mas sem excessos antes em plena conjugação com fruta encarnada de qualidade e madeira nova, num blend muito cativante e nada maçador. No copo, pronto a levar à boca, apresenta-se de cor ruby, não opaca portanto, e de corpo aparentemente esguio que não deverá, todavia, afastar os consumidores.

Muito saboroso logo na ataque de boca, com fruta fresca no meio do palato marcado pela fruta encarnada e ligeira madeira, é contudo o seu final de boca, com acidez, elegância e profundidade, que nos leva a concluir que temos vinho, e que teremos vinho para os próximos anos. É preciso é saber esperar...

Esta edição de '07 estará, sem muitas dúvidas, o Vallado Reserva (T) mais apelativo e perfumado no nariz de todos os que conhecemos (e conhecemos todos...), ao que acresce a boca equilibrada apanágio da marca, plena de sabor como nunca antes, e sem esmagamentos ou potências desmedidas. Uma das melhores edições deste tinto a um preço não exagerado entre € 28 a € 32.


17,5
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