Uma das regiões que cedo arrancou com projectos com "pés e cabeça" foi o Ribatejo. É difícil saber o futuro da região, mas, em rigor, é difícil saber qual o futuro de várias regiões portuguesas - o que fazer com tanta vinha e com tanto vinho?. Às portas de Lisboa, o Ribatejo tem vindo a aproveitar a grande quantidade de vinha que dispõe para elaborar vinhos com preços comedidos e qualidade certeira. Acresce que a aposta de muitos produtores em tintos de carácter moderno e internacional deu um empurrão adicional para colocar a região no mapa. E bem o merece!
Ora, situada neste mesmo Ribatejo, mais concretamente no Concelho de Alpiarça, ficam os 600 hectares da Quinta da Atela, com regadio, montado e vinha. Pertencente à mesma família há várias gerações, foi contudo nos anos noventa que teve lugar uma importante reestruturação da vinha, e, já em 2003, uma profunda reestruturação na adega.
A gama dos vinhos é variada, mas os mais interessantes carregam o nome da casa. Destes provámos 3, um surpreendente sauvignon e dois tintos.
- Quinta da Atela Sauvignon (B) 2005: Que surpresa! Um nariz fantástico, mineral e muito herbáceo. Na boca é suave, notas a toranja que transmitem uma sensação amarga típica da casta. Bom corpo mas nada pesado ou chato. Elegante e muito afinado é um dos melhores brancos das terras ribatejanas que já provei. A menos de 5 € é um excelente preço. 16
- Quinta da Atela Merlot (T) 2004: No copo mostra-se com ligeira concentração, cor cereja suave. O nariz está noviço e com força, transborda framboesa, compota de morangos e álcool no "retronassal". Linear na boca, ataque dócil, mantém-se a percepção da casta francesa com frutos vermelhos exuberantes e... novamente o álcool. Final de média intensidade, taninos no sítio, mas a dar boa prova para já. O carácter didáctico (merlot bem marcado), e facto de estar pronto a beber (álcool à parte) são o melhor a retirar deste vinho. A menos de 7 €. 15
- Quinta da Atela (T) 2004: Por ser de um lote no qual entra um bom punhado de castas está bem melhor e menos linear que o extreme merlot. Aroma franco, acidez elegante, fresco e frutado. Sentem-se o syrah e o merlot na boca com muita fruta, enquanto o nariz mantém-se apimentado pelo cabernet. Suave, redondo, bom final (médio/longo), poderá beneficiar com mais 1 ano de garrafa. Um tinto muito interessante e mais complexo do que é costume no Ribatejo. A menos de 12 € não é propriamente caro.16