quarta-feira, setembro 29, 2010

Provas

Altas Quintas Crescendo (B) 2009

Branco de vinhas plantadas na Serra de S. Mamede. Sente-se levemente a fruta citrina, cheio de frescura e até um fundo mineral. Está muito bem, surpreendentemente melhor que o 2008 (quando as características do ano poderiam supor o inverso), o que se deve explicar pelo maior conhecimento do terroir e pelo crescimento das vinhas. Gastronómico, seco, sem excessos frutados ou florais.

Está ainda algo directo de mais, necessita de estrutura (mas não de peso!) e de mais complexidade, mas para isso teremos que esperar que as vinhas envelheçam um pouco mais. Este 2009 pode ainda evoluir em garrafa nos próximos 2 a 3 anos.

Em suma, mais um bom branco, com a vantagem de ser bem distribuído e poder ser encontrado em muitas superfícies comerciais.

16+

Próximas provas: Conventual Reserva (B) 2008; Guarda Rios (R) 2009; Vale Pradinhos (R) 2009; Alento (B) 2009; 4 Castas (T) 2008, Quinta dos Poços Reserva (T) 2005

domingo, setembro 26, 2010

Provas

Alain Grillot La Guiraude (T) 2005

No nariz, fruta negra porém fresca com alguns tiques florais curiosos a lembrar violetas. Na boca, está seco, ligeiramente terroso, imponente na frescura e no carácter gastronómico, final competente. Tal como nos vem habituando Alain Grillot, temos aqui um tinto de Cotes du Rhône onde a madeira pouco se sente, um vinho muito puro, minimalista e espartano no uso de mão humana.

"La Guiraude" é o resultado da selecção das melhores barricas de cada ano, daquelas que apresentam maior potencial de evolução e não aquelas que necessariamente se revelam mais aromáticas e/ou sedutoras. Por isso, não espere o leitor encontrar um vinho muito diferente do Syrah base deste produtor de Crozes-Hermitage, nem necessariamente muito melhor, apenas (e já é tanto) com mais longevidade. Mas mais do que tudo, é um vinho quase perfeito na altura da refeição, um par ideal para qualquer prato de carne.

Importado pelos Projectos Niepoort, cada garrafa a cerca de €30.

17++


Próximas provas: Altas Quintas Crescendo (B) 2009; Conventual Reserva (B) 2008; Guarda Rios (R) 2009; Vale Pradinhos (R) 2009; Alento (B) 2009

segunda-feira, setembro 20, 2010

de Espanha

Victorino (T) 2007

Tinto de gama alta do novo projecto em Toro das "Bodegas Eguren" (Sierra Cantábrica). É quase impossível não comparar este néctar com os títulos Numanthia e Termanthia, vinhos do anterior projecto, vendido recentemente pelos irmãos Eguren ao colosso francês "Moet Hennessy SNC". Na verdade, este tinto prossegue o estilo centrado num fruto negro muito intenso e profundo, e mantém uma aposta segura no compromisso entre raça e potência da casta Tinta del Toro como poucos o conseguem fazer. Aliás, a qualidade das massas vínicas - provenientes de vinhas com mais de 45 anos com rendimento de cerca de 15hl/ha - deve ser incrível, pois o vinho reflecte um carácter perfeitamente maduro, de grande qualidade.

A diferença para os anteriores vinhos, contudo, não é para melhor, pois este Victorino revela demasiada baunilha denunciando de forma muito evidente os mais de 15 meses em madeira nova; está mais sexy admitimos, mas também algo mais domesticado. De fora, parece ter ficado o carácter rude do Numanthia, um estilo que era quase agressivo mas que garantia autenticidade e uma boa evolução. Ao invés, este novo tinto - apesar da imagem forte do seu rótulo e das dimensões excessivas da garrafa - está, infelizmente, mais redondo e demasiado pronto a beber (apesar de entendermos que irá beneficiar com o estágio em garrafa) se comparado com os vinhos do anterior projecto Eguren em Toro.

A qualidade mantém-se, e o preço alto também (entre €35 a €40 a garrafa). O estilo está algo diferente.   

17++

quinta-feira, setembro 16, 2010

Provas especiais - Douro Boys - parte II

O jantar depois da Masterclass

Depois da prova masterclass a que nos referimos no texto abaixo, houve jantar na bela Quinta de Nápoles da Niepoort (ver foto ao lado). Para além de confirmar a mestria da equipa do Chef Luís Paula (DOC e DOP) para este tipo de eventos (sobretudo nas entradas - divinais), foi uma oportunidade de ficarmos a par da evolução de alguns dos melhores vinhos criados por este conjunto notável de produtores durienses. Assim, foi com muito apreço que regressámos à prova do Quinta do Crasto Touriga Nacional (T) 2005 que, servido no formato magnum (1,5l.), comprovou tratar-se de um dos melhores exemplos estremes da casta raínha, generoso no perfil violáceo mas também com a seriedade típica dos grandes vinhos (17-17,5). Igualmente em alta esteve o Quinta do Vale Meão (T) 2004, um dos mais secos néctares produzidos neste terroir do Douro Superior, farto na fruta mas bem compensado por taninos rijos (17-17,5). Também provado – e aprovadíssimo, diga-se – foi o Batuta (T) 2005 em magnum, apresentando-se muito complexo na fruta negra integrada com a barrica, ainda com bons anos pela frente e que recompensará certamente aqueles com paciência e que o souberem guardar em boas condições (17,5-18). Os maiores elogios, contudo, estavam guardados para um branco e para um Vinho do Porto, ou seja para o Redoma Reserva (B) 2005 em magnum, perfeito exemplar do que melhor o Douro pode dar no que respeita a vinhos brancos, complexo e fresco (17,5), e para  o Niepoort Garrafeira (P) 1952, um clássico produto da Niepoort, engarrafado em formato demijon (garrafões de vidro) de 5l., onde os cambiantes dos aromas a Vinho do Porto se misturam entre frutos secos, fruta encarnada e enebriantes sensações vidradas (17,5); melhor só o de 1931...

segunda-feira, setembro 13, 2010

Provas especiais - Douro Boys - parte I

Douro Boys Masterclass

Mais uma edição da masterclass dos Douro Boys, desta feita com as novidades deste grupo duriense relativas aos tintos e Vinhos do Porto da colheita de 2008, e aos brancos da colheita 2009. Se na edição do ano anterior brilharam, a nosso ver, os tintos da Quinta do Vallado e da Quinta de Vale Dona Maria, bem como os dois topos de gama da Quinta do Crasto - as cuvées "Vinha da Ponte" e "Vinha Maria Teresa" -, este ano foi vez dos vinhos tintos da Niepoort e do Vale Meão levarem a melhor num dos eventos mais bem organizados e charmosos da agenda vinícola nacional.

Se é certo que todos os vinhos da prova tinham bastante valor - trata-se, como é sabido, de um conjunto com alguns dos melhores produtores nacionais -, mais certo é que, como sempre acontece, alguns vinhos se destacaram dos restantes. Assim, e começando pelo topo, o Charme (T) 2008 da Niepoort bateu um novo recorde na nossa apreciação, impondo-se com o mais terroso e borgonhês de sempre na prova de nariz, e com uma prova de boca deliciosa marcada por subtis e elegantes variações de morango silvestre (18-18,5). Da mesma forma, o Quinta do Vale Meão (T) 2008 mostrou-se a um nível muito alto, perfumadíssimo, uma bomba de complexidade e fruta, cereja negra e violeta (o lote tem, desta feita, mais Touriga Nacional do que Touriga Franca) apresentando-se como um dos melhores tintos que esta quinta produziu até hoje (17,5), isto apesar de, em rigor, a colheita de 2007 também ter andado lá perto...

Ainda nos tintos, destaque também para dois Crasto: o primeiro, um Quinta do Crasto Reserva vinhas velhas (T) 2008 a prometer ficar perto da maravilhosa colheita de 2005 sempre no seu estilo generoso e sexy (17-17,5), tendo beneficiado da inclusão no lote das uvas das vinhas Maria Teresa e Ponte  que, por isso, nesta colheita não foram vinificadas à parte; o segundo, um novo produto, um tinto de uma vinha plantada no Douro Superior, denominado Crasto Superior (T) 2007, muito bem executado, profundo e sem ponta de sobre-maturação (16,5), um tinto que custará cerca de €15, ou seja, ficará a ocupar o espaço entre as marcas "Crasto" e "Crasto Reserva vinhas velhas".

Quanto aos brancos, e apesar do ano quente como foi o de 2009, mantém-se tudo muito consistente, com os vários produtores a apresentaren vinhos de qualidade. Bons, estiveram o Vallado Reserva (B) 2009 (16) e o VZ (B) 2009 (16,5), dois brancos de estirpe e pedigree, sendo que o segundo está um pouco melhor que o primeiro (que, por ora, nos pareceu excessivamente frutado) mas ainda ligeiramente prejudicado pela barrica (de óptima qualidade, como é costume nos vinhos de Cristiano van Zeller); bastante bom, como é habitual, o Redoma Reserva (B) 2009 (17), a revelar já uma interessante convivência entre fruta e barrica; mais simples, mas bastante aprazível, esteve o Crasto (B) 2009, um vinho de perfil mais frutado do que os restantes, mas com um toque de vegetal seco que o enobrece (15,5).

Nos Vinhos do Porto, destaque para duas surpresas de duas quintas geralmente mais conotadas com vinho de mesa: a primeira, um Quinta do Crasto vintage (P) 2008 de bom nível, um dos melhores vintage que provámos desta quinta (16,5); e um Quinta do Vale Meão vintage (P) 2008 ainda melhor que o anterior, também numa das suas melhores edições de sempre (17).

terça-feira, setembro 07, 2010

Provas

Avidagos (B) 2009

Vinho duriense, da Quinta dos Avidagos, propriedade da família Nunes de Matos sita na fronteira entre Baixo e Cima Corgo.

Branco competente, com boa acidez e que proporciona prova agradável na boca pois tem um perfil seco interessante. A prova de nariz revela um vinho que encontra-se mais virado para um certo carácter frutado (tropical, mas também pera cozida) que não nos convence tanto, mas essa parece ser uma preferência actual dos consumidores. Final de boca limpo, quase mineral, fresco e elegante.

Um vinho de Verão, sem dúvida, a um preço convidativo, ou seja a menos de €4 no Continente.

15

Próximas provas: Alain Grillot La Guiraude (T) 2005; Altas Quintas Crescendo (B) 2009; Conventual Reserva (B) 2008; Guarda Rios (R) 2009; Vale Pradinhos (R) 2009