quinta-feira, setembro 27, 2012

De Itália

Ansonica Bucce (b) 2007


Por norma, os brancos italianos não são especialmente bons, e os brancos da Toscana (os melhores quase sempre de Chardonnay) não são excepção. Este de que ora falamos, todavia, merece uma atenção especial. Provém do sul da Toscana, mais propriamente da denominação de Meremma (a mesma deste de que falámos aquinuma encosta a 400 metros vinificada pelo produtor Poggio Angentiera , e é produzido a partir de uma das muitas castas brancas italianas quase desconhecidas do grande público, neste caso a Ansonica (também denominada de Inzolia).

No copo revela-se de cor amarela carregada, com um nariz muito rico e complexo com notas de frutos secos, fruto de caroço, licor de mel, e algum verniz (lembra um Bairrada, mas com menos acidez). Poder-se-á pensar que está pesado, mas não é o caso. Na boca é saboroso, profundo e novamente rico, tudo com muito equilibro. Alguma evolução e ligeiríssima oxidação não lhe fazem qualquer mossa e, ao invés, acentuam o prolongamento no final de boca.

Falta-lhe apenas algum nervo e acidez (também é verdade que, em Portugal, estamos mal habituados no que respeita a nervo...), sendo, todavia, um vinho muito interessante, com identidade própria e que proporciona belas ligações gastronómicas.

17

quinta-feira, setembro 13, 2012

Novidade

Marquês dos Vales 'selecta' (r) 2011

Mais um rosé de 2011, desta feita do Algarve. Já escrevemos noutro lugar que andamos muito bem surpreendido com os rosés algarvios. Generosos na fruta mas secos! Este mantém exactamente esse perfil. Muito bom nariz, elegante, com fruta muito bonita, e uma boca de espanto: fresca, vibrante e incrivelmente saborosa. «Sim senhor», que belo rosé, equilibrado e que dá muito prazer!

Do mesmo produtor (Quinta dos Vales, DOC de Lagoa) existe um outro rosé - 'Primeira Selecção' - de menor tiragem e igualmente bom, talvez até melhor (mas este 'selecta' é imbatível na relação preço-qualidade). Qualquer um dos dois - 'selecta' ou 'primeira selecção' - é de «comprar às caixas».

16,5

segunda-feira, setembro 10, 2012

Novidade

Olho de Mocho (r) 2011

Já escrevemos que a Herdade do Rocim se afirma como um dos projectos recentes mais cativantes do Alentejo. Os vinhos são certeiros, enologicamente muito bem feitos, com equilíbrio, mas sem renegar às caracterísiticas mais típicas dos terroirs de Cuba e Vidigueira. O Branco Reserva, por exemplo, é hoje um vinho muito sério, assim como o tinto, e o Herdade do Rocim (provado aqui na versão de 2009) é uma grande relação preço-qualidade.

Este rosé, como seria de esperar, não desiludiu, mas também é verdade que não surpreendeu, pelo menos na prova de nariz. Nesse departamente, começa hesitante, intenso sim mas com a fruta pouco nítida, o que não se espera de um rosé. Esperava-se mais... Ao invés, a prova da boca é cativante e lança-nos um gancho de fruta encarnada e um corpo cheio (o que compensa, largamente, o nariz algo titubeante), tão cheio que temos de olhar melhor para o copo para termos a certeza que é um rosé e não um tinto.

A força da prova de boca é tal que, depois da prova, não resistimos em colocá-lo na mesa para fazer par a um bacalhau à Brás acabado de sair do lume... e não é que resultou bem!

15,5

terça-feira, setembro 04, 2012

Prova

Munda 2006

Provou-se, recentemente, as duas versões deste projecto do Dão da colheita de 2006. Surpreendentemente, ou não, o branco revelou-se bastante melhor que o tinto. Este, demasiado maduro, pouca acidez e muito cansaço, não logrou deixar saudades (15,5).

O branco, bem pelo contrário! Nem a cor (brilante e clara) denunciava os 6 anos que já leva de vida. Complexo (no nariz) e potente (na boca) sim, mas com frescura e ainda com um belo final de boca. Muito bem (17)!