quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Provas



Negreiros (T) 2007

Regressados da região de Mendoza (Argentina), e dos vales semi-desérticos que a compõem, plantados massivamente de Malbec, é tempo para tentar voltar a colocar em ordem as provas periódicas de novos lançamentos.

Com este Negreiros da safra de 2007, temos mais um tinto moderno de terras nortenhas. Intenso, ainda que algo linear, na prova de nariz, revela fruta negra - como é típico do Douro Superior de onde provém - mas latente, como que pronta a explodir assim a tosta da madeira o permita com o estágio em garrafa.

A prova de boca, por seu turno, está redonda, centrada com eficácia essencialmente no binómio fruta e cacau, com mediana acidez e taninos domados e saborosos. "Madeira à vista" (quase apostamos em carvalho francês), falta, todavia, maior complexidade na boca e um final de prova mais prolongado e vincado.

Está tudo a dizer-nos que temos aqui um bom tinto para consumo generalizado, um vinho prazenteiro para várias ocasiões, mas também com algum comportamento sério que lhe confere versatilidade à mesa. Com enologia de João Brito e Cunha, à venda por menos de €10, o que, não sendo barato, não escandalizará ninguém face à qualidade apresentada.

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Próximas provas: Quinta da Sequeira Reserva (B) 2008; Quinta dos Avidagos Grande Reserva (T) 2007; Apegadas Qta Velha (T) 2007; Apegadas Qta Velha Grande Reserva (T) 2007; Altas Quintas (B) 2008; Esporão (Esp.) 2007; Viseu de Carvalho Grande Escolha (T) 2006; Bétula (B) 2008

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Próximos dias

Caros,
Nos próximos dias, é muito provável que não surjam novos textos. É que estamos de malas para a Argentina, onde provaremos vinhos e visitaremos produtores para depois relatarmos aqui.
Cump.
NOG

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Dois anos e meio depois...


Quinta das Marias Garrafeira (T) 2005

É inestimável o valor da evolução positiva em garrafa para alguns vinhos. Na verdade, nem sempre assim acontece e, por isso, muitas vezes já ficámos com a sensação que provámos e bebemos determinados vinhos tarde de mais. Mas outras vezes existem que, ao voltar a provar um vinho dois ou três anos depois do seu lançamento no mercado, nos deparamos com um "ser diferente" do que conhecíamos, quase sempre mais "maduro", mais seguro de si, com as debilidades iniciais corrigidas e as feridas juvenis praticamente saradas (assunto a que já nos referimos, mais timidamente, aqui). Foi isso que aconteceu com uma prova recente do Quinta da Marias Garrafeira (T) 2005.

É certo que este tinto da Quinta das Marias, como aliás a maioria dos vinhos deste produtor do Dão, sempre teve atributos notórios logo à nascença; é certo que este Garrafeira, ao invés agora dos seus irmãos de gama, sempre privilegiou a complexidade (sobretudo na prova de nariz) em teor da exuberância... isso tudo é certo, mas nem mesmo essas evidentes qualidades iniciais foram suficientes para nos preparar para o deleite desta última prova!

Grande intensidade aromática mas não de forma abrupta e exuberante, antes discreta e profunda. Notas florais a comandar as hostes muito bem secundadas por fruta abundante, fresca e misteriosa. Prova de boca equilibradíssima, larga na complexidade e ao mesmo tempo fina na subtileza, fruta encarnada madura e ligeira doçura baunilhada exactamente no ponto certo, tal como a acidez também muito afinada. Final excelso no sabor.

A garrafa esteve sempre sujeita a temperatura e humidade ideais para uma adequada evolução, e a conclusão é uma só: muito bom! A prova que vale bem não beber alguns vinhos logo aquando do seu lançamento, devendo-se antes esperar dois ou três anos para melhor integração do conjunto. Acreditamos que este Garrafeira da Quinta das Marias irá manter-se neste nível por mais um par de anos, e gostaríamos de acreditar que daqui a cinco anos vai estar ainda melhor. Será?

17,5+