terça-feira, outubro 25, 2005

Prova cega: Chryseia, Incógnito 3-4, Mouchão, Tecedeiras Reserva, Dolium Reserva, Aurius, etc


Um grande amigo meu, que foi viver para Macau, tem andado muito ocupado em provas e jantares vinícolas. Que má vida a dele! Eu, que o "iniciei" nestas andanças tenho saudades dele, mais do que inveja dos grandes vinhos que anda a provar.
Fica aqui um breve resumo do pletórico jantar/prova organizado pela "Wine Society de Macau" e que se realizou no passado Sábado no Clube Militar de Macau:

"Chegados à prova, às 18.30, tínhamos 10 copos "artilhados" com 10 tintos, apenas assinalados com uma letra. Entre os vinhos tínhamos uma folha que continha espaços para colocarmos os nossos comentários aos vinhos ("colour", "nose", "taste", "my points" e "my rankings").
Fomos provando um a um, dando notas e, no final, lá organizamos o respectivo ranking. De seguida, o painel de especialistas ia comentando vinho a vinho. Algo surpreendente foi ver que os dois enólogos presentes (um deles reconhecido mundialmente), não gostaram de vinhos "afamados" como o Chryseia ("pouco complexo"), o Incógnito ("pouco distinto, muito fácil") ou o Mouchão 3-4 ("má interacção entre fruta e madeira e, igualmente, pouco complexo"). Ao invés, adoraram 3 vinhos bem distintos: Quinta das Tecedeiras, Aurius e Dolium (Reserva). Os dois primeiros, para mim, muito abaixo dos vinhos que afirmaram não gostar. Julgo que é a tendência inevitável daqueles que passam a vida a beber vinho: vão à procura da singularidade, da complexidade e de vinhos que fujam ao facilitismo. Não é o meu caso: gosto de vinhos potentes, ricos no nariz, com a madeira presente mas com finais longos e frutados. Chamem-me fácil!
O jantar foi divino: o chef Joaquim Figueiredo dispensa apresentações. Trabalhou no Tavares, no Café da Lapa, na Bica do Sapato e trabalhou, em França, com "estrelas michelin". Preparou então um creme de grão com foie gras e lascas de presunto caramelizado, uns camarões deliciosos numa cama de puré de batata e espargos e umas costeletas de borrego cozinhadas divinalmente. Serviu-se ao jantar um Pêra Manca (B) (que os enólogos elogiaram efusivamente), um Quinta do Portal Rosé (igualmente elogiado), um Sogrape Reserva Alentejo (T) (apenas bom) e um Quinta do Côtto Grande Escolha (T)... "um vinhão"! E tudo sem restrições de quantidade!"

domingo, outubro 23, 2005

Jantar entre amigos: JPR / Aliança / Roques


Um jantar na Costa do Castelo entre amigos e vinhos só podia ser um convite celestial. Não hesitámos portanto em ajudar a preparar as entradas – dos pimentos aos queijos, não esquecendo o salmão escocês.
Para estas gulodices, abriu-se um Antão Vaz (alentejano, claro) de João Portugal Ramos. Vinho branco encorpado de grande densidade e categoria, fruta de boa qualidade mas não exuberante. Um conjunto que se saiu muito bem perante difícil tarefa de combinar com entradas diversas.
Depois, já com a promessa de dois tipos de picanha na pedra – uruguaia e argentina – sacou-se a rolha a um Quinta das Baganhas (T) 2001 que as Caves Aliança produz na Região das Beiras. Vinho notável, muito elegante com muita fruta madura, preciso e directo nas sugestões a madeira, muito bem "construído".
Já com a carne suculenta no prato foi tempo de abrir uma garrafa de Quinta dos Roques Touriga Nacional (T) 2000. Cor fantástica - preta -, muita austeridade no nariz, muito directo à casta com sugestões frescas a frutos vermelhos e uma acidez estonteante. Na boca, os taninos bem marcados foram uma evidência e um final forte marcou o estilo. Melhores anos virão do Dão, bem sabemos, mas este tinto de 2000 esteve muito bem, com uma presença intensa e inesquecível. Como o jantar, que terminou no Bairro Alto.

sexta-feira, outubro 21, 2005

Couteiro-Mor Colheita Selecionada (T)


Um dos vinhos alentejanos por que tenho predilecção é o “Couteiro-Mor Colheita Seleccionada”. Feito pelo Eng. João Melícias – conheci-o recentemente numa prova de outro vinho alentejano que elabora igualmente com mestria –, é um vinho resultado de um projecto que começou no início dos anos 90. Desses tempos até hoje, temos muitos Couteiro-Mor, brancos e tintos, mas é o Colheita Selecionada (em especial os de 1999 e 2001) que se têm destacado mais.
As últimas duas garrafas que bebi foram, respectivamente, em Sines (no majestoso restaurante "O Migas") e em casa da minha mãe acompanhado de um prato de cozinha italiana. Como noutras ocasiões, também nestas o tinto “Couteiro-Mor Colheita Selecionada” foi valente.
De cor escura muito bonita, alguns aromas vegetais escondidos e uma complexidade espantosa para este alentejano cheio de notas de fruta madura. Um final de boca muito bom também.
Um espanto este vinho alentejano. A menos de € 11.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Callabriga (T) 1999

Sentámo-nos numa mesa da “Isaura”, à Avenida de Paris. Tratava-se de um regresso a um local muitas vezes revisitado e onde a lista, com algumas excepções, continua a assentar em três pilares: cozinha lisboeta (sobretudo bifes em molho), especialidades, e caça. Fomos, uma vez mais, para este último pilar ao escolhermos a perdiz estufada e o feijão branco com lebre.
Para beber, elegemos um Callabriga 1999 da Casa Ferreirinha, propriedade da Sogrape. O néctar, mereceu, soubemos mais tarde, 92 pontos da Wine Spect. Em óptimo estado de evolução, foi um vinho perfeito. Cor escura jovial, no nariz alguma fruta, algum aneto, e muita vida e álcool. Belo corpo, quase viscoso, e um final longo e preciso. Muito bom.
O preço rondou os €25- €30, só do vinho, claro.

terça-feira, outubro 11, 2005

Quinta do Monte d'Oiro Clarete 2004


Era um almoço em casa da minha mãe. Era o combinado. Cheguei mais cedo e aprendi alguns truques (que um dia escreverei aqui) para uma fantástica cataplana de tamboril. O peixe, fresco, o bacon e o fiambre em pequenas e exactas porções, os pimentos, enfim todo um manancial de coisas boas.
Como fazia tempo que queria provar a nova vaga de rosés – e comprovar a sua mais recente fama – escolhi o da Quinta do Monte d’ Oiro. Da comida da minha mãe escuso-me comentar – opinião de filho comilão não é para aqui chamada – mas vamos ao vinho: cor lindíssima, mas ligeiramente mais escura do que um típico rosé, na boca um ataque instantâneo de aromas florais. Curiosamente, esta primeira impressão modificou-se ligeiramente com o vinho na boca, tornando-se cada vez mais austero e menos doce, ganhando mesmo uma estrutura muito interessante para um rosé. Terminou num inevitável final curto.
Depois do sucesso do clarete de 1999, elaborado a partir de Syrah, surgiu o de 2003 e este de 2004 elaborados à base da casta Cinsaut – mais uma experiência saída do chapéu do José Bento dos Santos.
Um rosé menos fácil do que seria de esperar, e a pedir Verão (sardinhas com pimentos, saladas, escabeches, pizzas) ou comidas exóticas (sobretudo chinesa), a menos de € 7.

domingo, outubro 09, 2005

Bolonhês - Monte dos Seis Reis (T) 2003

A garrafa fora comprada pouco dias antes do coelho. Este mereceu cuidada atenção (ai! como gostamos dele casado com um arroz solto), enquanto o vinho bastou decantar.
Após elogios rasgados ao projecto do “Monte dos Seis Reis” - na inevitável zona da moda do Alentejo (Estremoz, adivinhou!) - também nós compramos umas tantas garrafas. Algumas de syrah monocasta (eleito o melhor syrah de 2003 pela Revista de Vinhos), outras de “Bolonhês”, ambos tintos. Vamos então à prova deste último que, convém que se escreva desde já, acompanhou muito bem o magnífico coelho (obrigado D. Lurdes).
Tempo ainda para escrever que se tratava de vinho feito a partir das castas que melhor “servem” a região – aragonês, trincadeira, alicante bouschet e tinta caiada – com fermentação em cubas de inox e a maloláctica, e um estágio de 8 meses em barricas de carvalho francês e do caucaso, seguindo-se finalmente o estágio em garrafa.
Na cor – grenada e luminosa – e no nariz muita fruta madura (mas não doce, longe da compota) e madeira evidente. Corpo interessante (mas não se pode exigir longevidade, vejamos os próximos 5 anos) e taninos macios, algo escondidos. É pena as poucas referências a terra e a trufas (que tanto gostamos!), e a pouca evidência ao calor da planície (será a tentação do novo mundo?). Ainda assim um vinho muito bom, guloso, com um belo final e que deve ser bebido novo. A menos de € 8 numa Garrafeira.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Feiras de vinhos nos hipermercados - destaques

  • El Corte Inglês:

Dehesa Gago (T) 2002, Toro, Espanha - a menos de € 8

Quinta de São Francisco (T) 2001, Óbidos - a menos de € 7

Terras do Pó Reserva (T) 2003, Palmela - a menos de € 7

Quinta do Sanguinhal monocastas (T) 2001, Óbidos - a menos de € 5

  • Continente:

Quinta dos Carvalhais Encruzado (B) 2003, Dão - a menos de € 15

Quinta de Cabriz Encruzado (B) 2003, Dão - a menos de € 8

H. do Esporão Verdelho (B) 2004, Alentejo - a menos 6 €

  • Jumbo:

Evel Grande Escolha (T) 2001, Douro - a menos de € 12

João Portugal Ramos Syrah (T) 2003, Alentejo - a menos de € 9

Morgado Sta Catarina (B) 2003, Bucelas - a menos de € 8

segunda-feira, outubro 03, 2005

Qta do Sanguinhal Syrah / Touriga (T) 2001

Foi um convite simpático e a horas certeiras pois passava já da uma da tarde e eu não tinha almoçado. Estávamos a meio caminho de Lisboa-Leiria em plenas terras de Bombarral, com Óbidos mesmo ao lado. Pouco depois - isto na província é sempre tudo "pouco depois" - chegámos ao restaurante “O Lagar” no lugar do Carvalhal.
Abriu-nos a porta o proprietário e fomos servidos pelo filho. Reinava o ambiente familiar (e sportinguista, o que me agradou) e as entradas começaram a rolar pela mesa. Primeiro os ovos com cogumelos bravos, depois o paio do lombo, para o fim morcela de arroz da região. Nas refeições propriamente ditas, iniciámos com uns jaquinzinhos em arroz de tomate (uma delícia) para depois terminar com uns lombos de porco preto (prato sempre vulgar, mas muito bem preparado).
Para os deleites da bebida, escolhemos um vinho da terra – Região de Óbidos – um interessante “Quinta do Sanguinhal Syrah e Touriga Nacional” de 2001.
Forte e jovem, com grande acidez, muita Touriga e alguma Syrah. Sente-se a madeira francesa com baunilha escondida. O final é curto, mas não impede de ser uma óptima companhia para comidas fartas.
Um vinho que mostra o potencial desta zona que parece ter tudo para renascer... as vinhas e as castas são novas, a Syrah parece dar-se tão bem em Óbidos quanto em Alenquer, e não falta “terroir”...
A menos de € 6 (na recente feira do Corte Inglês)... no restaurante não faço ideia... não fui eu quem pagou a conta.