quinta-feira, setembro 25, 2008

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Sugestões: 1 branco e 1 tinto

Não são propriamente novidades, nem sequer "vinhos de combate" (i.e., abaixo dos €3), mas sabem bem e têm preço justo. Mais coisas em comum? São durienses de gema, e ambos são apelidados por "Encosta(s)". O branco é jovem, vibrante e de firme frescura (é apenas ligeiramente curto para o nosso palato). Uma nota? 15 valores. O tinto é todo ele fruta preta, sensual, corpo redondo e taninos macios; em suma, bom vinho pronto a beber e não para guarda, a valer 15,5 de pontuação.

O branco, é o Encostas de Provezende (B) 2007. O tinto, o Encosta Longa Reserva (T) 2004. O branco, custará menos de €5. O tinto menos de €12. Pode ser que apareçam pelas feiras de vinhos que estão quase a começar...
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segunda-feira, setembro 22, 2008


Cabriz Encruzado (B) 2007

Seremos, uma vez mais, redundantes, nem que seja por coerência ou sanidade de espírito: enfim, mais um óptimo branco da colheita de 2007, ainda por cima a um bom preço! Mas desta feita seremos breves...

Neste vinho, o pior parece ser encontrá-lo. De resto, e em (curta) síntese, é todo ele mineral. Nervoso, quase crocante, frutos secos, só peca pelo registo algo monótono que a casta neste exemplar parece impor (mas só se nota ao terceiro copo...). Boca ampla, refrescante, acidez em alta mas domada com sabedoria. Intenso, inclusivamente no final de boca. Não há muito a dizer aqui: bom vinho, bom preço, boa compra (e isso reflete-se na pontuação). A menos de € 7.

16,5 - 17

Próximos vinhos: Quinta do Crasto Old Vines Reserva (T) 2006; Crasto (T) 2007; Altas Quintas (T) 2005; Rocim (T) 2005; Olho de Mocho (R) 2007

quinta-feira, setembro 18, 2008

Provas


Valle Pradinhos (B) 2007


Já muito se escreveu sobre o tema. Nós próprios andamos a repetir-nos, mas aqui vai novamente: os brancos da colheita de 2007 têm-se revelado com uma acidez e elegância pouco vista em anos anteriores. Verão fresco e cada vez mais know-how, é que dá! Ora, acidez e elegância é coisa que nunca faltou ao Valle Pradinhos branco, até pela localização das vinhas que o compõe bem lá no alto de uma colina a breves quilómetros de Macedos de Cavaleiros (Trás-os-Montes). E isso explica a nossa tese de que na colheita de 2007 este blend das castas alsacianas Riesling e Gewürztraminer e a portuguesa Malvasia Fina não está tão distante das anteriores colheitas como outros vinhos brancos. Mas isso não o impede de estar, mesmo assim, um furo acima dos anos anteriores, o que, a nosso ver, não era nada fácil sendo, por isso, um feito com muitos méritos.

Muito brilhante na cor, irradia tonalidades citrinas e reflexos palha. O nariz mantém a imagem de marca com muitas sugestões florais (rosas), a lichias, mas também a fruta madura (melão, manga) numa calda simultaneamente exótica e sedutora. Face a anos anteriores, parece manifestar um fundo mais fresco, mais mineral, mas é na boca que a diferença da colheita mais se revela, numa frescura que percorre todo o palato, frescura essa que não o impede de ser corpulento, de se revelar encorpado e sedutor. Ao invés, é o equilíbrio que mais nos agarra e sobretudo o carácter límpido, uma vez mais próximo do mineral, que convive na boca. Novamente fruta madura (pêra), retronasal com ligeiro caroço de fruto, e final de boca saboroso em alta.

É difícil – muito difícil – não gostar deste branco e, assim, não espanta o sucesso no mercado. Tem tudo para muita e boa gente gostar… começa por ser bom (e isso é meio caminho), por ser "descomplicado" e mostrar graduação alcoólica de acordo com alguns gostos modernos (14% vol). Depois, não é caro e (dizem) evolui bem na garrafa. Nem sempre por estas razões, mas sobretudo pela frescura no nariz e limpidez na boca, nós também gostamos deste Valle Pradinhos (B) 2007 e, a título de sugestão, propomos que acompanhe um caril ligeiro e "garlic naan" caseiro.

Disponível nas melhores garrafeiras desde Junho (mas dizem que, por vezes, não é fácil de o encontrar dado o sucesso comercial), a um preço entre € 10 e €12.

16,5 - 17

Próximos vinhos: Quinta de Cabriz Encruzado (B) 2007; Quinta do Crasto Old Vines Reserva (T) 2006; Crasto (T) 2007; Altas Quintas (T) 2005; Rocim (T) 2005; Olho de Mocho (R) 2007




segunda-feira, setembro 15, 2008


Crasto (B) 2007

Vem – e provém – de uma casa afamada. De uma casa – quinta, claro seja – que produz um dos ícones do país vinícola, nada menos que um tinto profundo e aveludado resultado do sacrifício da vinha denominada Maria Teresa. Sucede que essa mesma quinta não é apenas a boutique por detrás de grandes vinhos, daqueles vinhos dispendiosos e que nos fazem sonhar. Simultaneamente, ao invés, produz quantidade (em qualidade) e tem na marca Crasto um valor muito seguro... E agora, na colheita de 2007, em versão vinho branco, talvez melhor até do que o tinto, se fosse justo a comparação, coisa que não o é…

O Crasto (B) 2007 vive de uma estrutura forte, é um vinho que não cai em "facilitismo" mas que, ao mesmo tempo (coisa nem sempre fácil de encontrar), é capaz de agradar a qualquer nariz ou palato. Muito bem na prova de nariz, sereno e pouco exuberante de início, boca com fruta saborosa bem citrina e laivos de vegetal (particularmente evidente na sugestão de espargos) e de mineral.

Produzido a partir das castas Gouveio, Roupeiro, Cercial e Rabigato, é um equilíbrio muito consensual entre frescura e estrutura. Sem ser gordo é sério. Sem ser fácil é fresco.

Cuidado com o preço que não sendo caro, anda especulativo em algumas garrafeiras espalhadas pelo país. Recomenda-se muito a sua compra a menos de € 12.

16,5


Próximos vinhos: Valle Pradinhos (B) 2007; Quinta de Cabriz Encruzado (B) 2007; Quinta do Crasto Old Vines Reserva (T) 2006; Crasto (T) 2007; Altas Quintas (T) 2005

quinta-feira, setembro 11, 2008


Feira do Vinho do Dão '08
(e breve reflexão sobre o presente da região)

Foi na passada semana que ocorreu mais um evento vínico, desta feita em Nelas a propósito de mais uma edição - e já é a 17ª - da Feira do Vinho do Dão. Dizem-nos que a feira conta cada vez com mais produtores (e com mais vinhos). Se assim for, o futuro deste evento está assegurado, tanto mais que a organização mostrou-se muito competente.

Os produtores "suspeitos" com bons vinhos são os do costume, mas diga-se, em abono da verdade, que também são cada vez mais os vinhos do Dão com muito valor. Para isso tem contribuído boas colheitas sucessivas - 2003 e 2005 muito boas, 2004 boa -, melhoria nos métodos de produção, e o efeito sempre positivo da concorrência de novos e dinâmicos produtores.

Acresce que, a par dos excelentes lotes tintos (a tradição da região, como aliás da generalidade do país, é de vinhos tintos loteados de várias castas), cada vez melhores monocastas são lançadas no mercado: é ver os encruzados, as tourigas e os alfrocheiros a pulularem nas estantes das garrafeiras e dos hipermercados.

Depois, a região já conta com a presença de casas com prestígio e alguma tradição, daquelas que produzem, por regra, bons vinhos independentemente da colheita. Sucede, ainda, que algumas dessas casas (eg., Global Wines e Sogrape) são autênticos gigantes o que também fortalece a região, nomeadamente a nível de dimensão. Por fim, surge o turismo que pretende emergir na região à semelhança do que hoje já vem acontecendo sobretudo no Douro, mas também no Ribatejo e no Alentejo, tendo sido apresentado o projecto do Museu do Vinho do Dão que ficará sito na bonita vila de Santar. Tudo boas notícias!

O interesse numa Feira do Vinho do Dão é, portanto, muito e multifacetado: se, por um lado, temos interesse em provar os novos vinhos das "casas clássicas", por outro lado é impossível resistir a degustar as novidades provenientes de projectos mais recentes. Quantos aos referidos suspeitos do costume, destaque nosso para os tintos da Quinta do Perdigão, todos eles equilibrados como é apanágio da casa (realce para o rosé '07 e o apelativo touriga nacional '05). Depois, não podíamos evitar em referir a Quinta dos Roques que mais uma vez produziu um excepcional encruzado na colheita de 2007 (talvez o melhor de sempre da casa) e tem no Garrafeira '03 um tinto em óptima fase de evolução (quando ao afamado Flor das Maias, gostámos dele mas pensamos que é preciso esperar para ter uma melhor ideia do seu potencial). Também muito bons os vinhos dos produtores Casa do Cello/Quinta da Vegia (mantém-se em forma os reservas '03 e '05), Quinta das Marias, este com um touriga '06 já em boa forma mas a pedir estágio em garrafa, e Vinha Paz com um excelente reserva '03 (aliás, os grandes tintos de 2003 do Dão parecem estar todos já em óptima fase para consumo, mas podem evoluir).

Nas "revelações", ainda que não sejam produtores propriamente novatos, destaque para Quinta do Margarido com mais um belo encruzados '06 (aguarda-se com expectativa o '07) e um curioso espumante 100% touriga, e para a Quinta da Fata com um touriga nacional '06 mais "sobremaduro" que o '05, mas também mais apelativo. Também interessante a Quinta Mendes Pereira que apresenta já uma gama interessante e vasta de vinhos tintos e brancos.

Para o ano, nova edição...
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domingo, setembro 07, 2008


Douro Boys Masterclass '08


Numa combinação feliz de requinte e boa disposição decorreu, no passado dia 3 de Setembro, a prova Masterclass dos Douro Boys nesta edição de 2008. A par da inauguração oficial da Quinta de Nápoles (Niepoort), estava em causa provar as novidades/lançamentos dos mais recentes vinhos dos "cinco fabulosos do Douro", o mesmo é dizer os tintos da colheita de 2006 e os brancos de 2007 dos produtores Quinta do Vallado, Niepoort, Quinta Vale D. Maria, Quinta do Crasto, e Quinta do Vale Meão. Mais do que um relato "vinho-a-vinho", importa a apreciação geral, e esta foi a de que os tintos portaram-se melhor do que se vulgarmente se diz da colheita de 2006 (o que não é de espantar dada a reconhecida qualidade dos produtores), mostrando, no geral, fruta madura, taninos robustos e um ligeiro perfil rústico. Já os brancos de 2007, esses estão como se vai divulgando, ou seja, estão muito bons, com enorme frecura e acidez, alguns deles mesmo sublimes!

Em todo caso, existe sempre lugar para alguns destaques e, nos tintos, brilharam os taninos duros mas saborosos do Quinta do Vallado Reserva, a finesse de mais uma colheita do Charme (apesar do Redoma e do Vertente não chegarem, a nosso ver, ao brilho de colheitas anteriores), mas também a sedução dos Quinta do Crasto Touriga Nacional e sobretudo do Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa (este, sem dúvida, um dos melhores de toda a prova) bem como o cosmopolitismo do CV (bem mais fresco e complexo que o Quinta Vale D. Maria e longe de uma estranha acidez revelada pelo VZ). Quanto ao Meandro, mostrou garra, fruto saboroso; já o irmão mais velho, o Quinta do Vale Meão, apesar de ainda circunspecto, vai-se mostrando potente, com um final luxuoso, e tudo indica que será (uma vez mais) um grande vinho.

Destaque, nos brancos, para a evolução muito positiva dos Quinta do Vallado (o ano ajudou é verdade, mas parecem-nos mais bem feitos, com uma frescura irrepreensível e boa relação preço-qualidade). Muito bem também a estreia da Quinta do Castro (mas guardamos uma apreciação mais completa do Castro branco para um post a ele dedicado), um pouco mais complicado o VZ da Quinta Vale. D. Maria que nos parece, à semelhança do tinto, com um perfil demasiado ácido e nervoso (mas pode ser do engarrafamento precoce). Finalmente, os brancos da Niepoort são um caso à parte: o melhor Tiara de sempre e o melhor Redoma Reserva de sempre... este está mesmo um vinho verdadeiramente enorme!

Em suma, uma eficiente organização, uma bonita adega, belíssimos vinhos, e uma festa inesquecível que terminou pela noite dentro apesar da chuva teimosa.
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