segunda-feira, junho 27, 2005

Bastardinho de Azeitão JMF 1984


Vinho licoroso de muita qualidade e raridade. Canela, mel e uva passa. Um toque floral termina em beleza este néctar em garrafa de 0,5l.
Um belo final de jantar, uma cor de ouro, um sabor intenso.
Uma preciosidade a um preço à medida (acima dos € 25).

sexta-feira, junho 24, 2005

Herdade Grande Colheita Selecionada 2003 (B)


Este “Herdade Grande” começou por desapontar na cor deslavada, ainda que no nariz estivesse bem (notas minerais, sobretudo). Na boca iniciou-se pobre e confuso, não sobressaindo fruta e contrariando assim o contra-rótulo.
No entanto, após alguns instantes, alguns sabores citrinos despontam e uma complexidade refrescante manifesta-se em todo o vinho. Muita harmonia.
Um bom vinho branco abaixo dos € 10, eleito como o “melhor branco do Alentejo” pelos enófilos da região.

Touquinheiras 2002 Verde (B)


Cor ainda amarela, mas com menos “agulha” (efervescência) comparado com a garrafa que abrimos ano passado.
Citrino na boca, algum ananás e maracujá, este sobretudo no nariz. Frescura evidente.
Uma vez mais, ficámos com a mesma impressão de sempre: que um Alvarinho não deve ser guardado por muito tempo, ainda que o vinho se mantenha com alguma qualidade por certo período de tempo (neste caso, 3 anos volvidos e o vinho ainda mantinha alguns aromas interessantes).
A menos de € 10, um bom Alvarinho, contudo melhores – e de melhores colheitas – abundam no mercado.

terça-feira, junho 21, 2005

Encostas de Estremoz Touriga Nacional 2003 (T)

O rótulo apresenta-se estreito, vermelho, e partilha a imagem com todos os vinhos “D. Joana”, sendo por isso preciso (bem) procurar a referência escondida à “Touriga Nacional” utilizada em exclusivo. Mas vale a pena! Vale bem descobrir este touriga alentejano, como outros que hoje pululam nas estantes das garrafeiras, bem diferentes dos tourigas do Douro ou do Dão que outrora dominavam a nossa atenção.
Mas não foi só pela curiosidade da touriga plantada no Alentejo que se bebeu este tinto; o seu preço (abaixo dos € 5) também foi um chamariz (para nós que continuamos a procurar a qualidade a um preço justo).
Vinho quente, taninos a sobressair, alguma madeira e muita acidez (neste aspecto bem diferente do que já provámos por outros lados de Estremoz) que disfarçou o álcool (14%) e o estágio de 7 meses. Em conclusão: um belo vinho, a um preço fantástico, que se bebe muito bem por não pecar desse vício de se insistir na produção de vinhos alentejanos de corpo excessivo. E no nariz... tudo era touriga...
O calor que se sente aconselha o uso de uma cinta térmica para refrigerar o vinho.
No Pingo Doce por 4,75€.

sábado, junho 18, 2005

Quinta do Cabriz Reserva 2001 (T)


Finalmente, uma proposta do Dão.
A sociedade Dão Sul, e sobretudo através da Quinta do Cabriz, é hoje um dos mais bem sucedidos projectos nacionais. Gente jovem e dinâmica com amor aos vinhos e com óptimo apoio enológico (prof. Virgílio Loureiro).
A prova desse sucesso são vinhos como o "QC Colheita Selecionada 2000" - ainda uma referência nacional na relação preço/qualidade (atenção aos de 2001 e 2002, bastante menos interessantes).
Mas vamos ao interessa, neste caso o "QC Reserva 2001": bebeu-se este vinho por duas vezes, sempre bem acompanhado, a última das quais em dia de muita festa e alegria, defronte de um prato de javali com castanhas, seguido de rosbife no churrasco.
A um óptimo preço, tratou-se de um vinho cheio, com muita acidez, no qual predominou a Touriga Nacional. Alguma caruma e madeira, a primeira no nariz, a segunda mais na boca.
Não sendo felizmente um reserva do Dão à moda antiga (daqueles que deu má fama aos vinhos do Dão em terras de Inglaterra), trata-se um vinho sedutor e moderno, muito bem afinado e onde o álcool (13.6%) quase não se nota. Tudo aponta para mais um sucesso - merecido - de vendas.
A menos de 10 € nas garrafeiras, um pouco (ou muito) mais nos restaurantes.

quinta-feira, junho 16, 2005

Damasceno 2003 (T)

Tivemos a sorte de experimentar este vinho por duas vezes. A primeira vez foi na loja gourmet do Corte Inglês numa das suas primeiras apresentações; a segunda foi na garrafeira “Coisas do Arco do Vinho” num ambiente (sempre) descontraído. Em ambas as ocasiões ficámos com a mesma impressão: néctar rubi muito forte e fruta vermelha intensa na boca (quase que picava), ora morango ora framboesa, pouco mais.
De facto, a escassez das palavras que utilizamos para descrever o vinho deve-se à pouca complexidade do mesmo. Mas cuidado, na verdade, esta falta de complexidade não retira atributos ao vinho (que se bebe muito bem!), muito embora não consiga esconder o facto de este resultar de vinhas novas e de um estágio inferior a 6 meses. Será uma questão de estilo?
Por outro lado, a fruta doce e a elevada presença de álcool (14.5%) tornam este vinho ideal para sobremesas (mas sem se tratar de um “vinho de sobremesa”) ou para uma conversa que se prolongue após jantar (mesmo sem comida). Outra sugestão é a conjugação de sabores opostos, escolhendo uma salada verde avinagrada.
Em qualquer caso é um óptimo vinho das “Terras do Sado”, bem diferente – como destacou o mestre Zé Quitério numa das últimas edições do Expresso – do que é costume fazer-se por tais bandas.
A menos de € 10 (numa garrafeira) é um vinho a ter em conta.

quarta-feira, junho 01, 2005

Quinta dos Quatro Ventos 2001 (T)

Foi no Chafariz do Vinho, à Praça da Alegria, que encontrámos o Quinta dos Quatro Ventos 2001. Não provámos o Reserva pois os prémios e o dedo de Michael Rolland elevaram o preço do néctar. O vinho foi servido a uma óptima temperatura e os copos – apesar de não serem de cristal – tinham as dimensões adequadas. É sempre bom saber que existem casas que continuam a servir bem, ainda que não sirvam como nos primeiros anos de vida.
Mas vamos ao vinho: coloração fantástica, escura mas não impenetrável e um nariz simplesmente fantástico apenas ofuscado, aqui e ali, por um excesso de aroma a baunilha. Já na boca muita especiaria, alguns frutos maduros descobrindo-se (mas a custo) a Tinta Roriz. Contudo, tudo isto apenas num primeiro momento. Depois, o vinho tende a desaparecer. É como se Michael Rolland e as Caves Aliança apenas se tivessem preocupado com a prova. Falta um final adequado a tanto nariz e à qualidade da uva. Superficial, embora sedutor, é a melhor maneira de transmitir a sensação geral. Preço a rondar os € 25 (em estabelecimento comercial).

Vinha da Nora Reserva 1998 (T)

Lembro-me bem de como a garrafa me chegou às mãos faz já alguns anos. Nessa altura o VdN era uma novidade tanto de José Bento como da Estremadura; aliás um varietal de Syrah também não era coisa que se visse muito nessa altura.
A garrafa, guardada com lembrança, abriu-se ontem por ocasião feliz. Bebeu-se assim um vinho que não escondeu a passagem do tempo tanto para o bom (redondo e repleto de sabores curiosos graças à evolução em garrafa) como para o menos bom (na cor e volume). Mas não se pense que este 1998 (o primeiro VdN se bem em lembro) não é um belo vinho, muito pelo contrário: framboesa madura, bastante tabaco e alguma azeitona e chocolate no fim, tudo em harmonia... até a madeira de carvalho francês onde dormiu 15 meses. Muito elegante em suma. Grande final.
Segundo me dizem os VdN que se seguiram a este de 1998 têm um estilo um pouco diferente (certamente ofuscados pelos "Quinta do Monte d'Oiro") o que, a julgar pelo que ontem se bebeu, é pena. Que eu saiba em 1998 do "Monte d'Oiro" só saiu este VdN o que diz bem da qualidade da uva nele utilizada. O preço ronda os 12€ para o 2001; para o 1998 é bem superior se tiver sorte em o encontrar.

Vila Santa 2003 (T)

Trata-se talvez do melhor "Vila Santa" que provei. Quente, muito complexo, com o Alicante Bouschet estranhamente a sobresair. Estávamos perante um vinho mais interessante - mas também menos sofisticado - do que o Aragonês do mesmo Autor (ver infra) provado há uma semana. Alguma rusticidade e taninhos evidentes. Fruta muito madura (talvez demais), e alguma madeira no final. Um óptimo vinho com as melhores qualidades do nosso Alentejo...
Preço agradável se abaixo dos 15€.