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"Douro report": parte 2
É a segunda parte de pequenos apontamentos de provas recentes de algumas das últimas produções do Douro, em especial das colheitas de 2007 e 2008. São (mais algumas) curtas notas, pois se fossem extensas não caberiam num formato que procura ser simpático e inteligível. Vejamos:
Vértice Gouveio (Esp) 2004: Muito bem no estilo - seco e bruto - em crescendo até um final de boca absolutamente "champanhês"; complexidade (nariz), textura (boca) e graciosidade (final de boca), tudo numa flûte à sua espera; não o perca de vista. 17-17,5
Passadouro (B) 2008: Muita exuberância olfáctica, com um ataque inicial a fruto tropical, mais pêssegos e ligeiro ananás; tudo muito bem casado no nariz; boca com menos presença, algo "leve" mas com muito sabor; melhora com ligeira oxidação. 16
Olho no Pé Grande Reserva (B) 2008: Muito fresco e persistente no estilo; fruta em evidência mas alguma complexidade à mistura; na senda da boa colheita de 2007 mas talvez com mais fruta na boca; bom preço. 16,5
Aneto (B) 2008: Mais fruta, em parte tropical, do que na colheita anterior, e menos madeira nova também; perfil elegante; boca crocante e bom final; está agora mais um branco de Verão, enquanto a versão de 2007 estava mais um branco de Inverno.17
Lupucinus (T) 2007: Bela surpresa da Quinta do Lubazim; nariz a mostra os atributos do Douro Superior, quente, com fruta muito madura e vegetal seco, notas licoradas; a boca está um pouco mais fresca do que o nariz indicava e acaba muito bem, sedutor e seguro de si; grande preço a menos de €8. 16
Olho no Pé Grande Reserva Pinot Noir (T) 2007: Muito curioso este Pinot duriense, boa frescura no nariz e alguma complexidade; na boca cai um pouco com ligeira doçura, mas termina bem com um final elegante. 16 - 16,5 Miura (T) 2006: Produzido na Quinta de Tourais (Régua), tem um perfil moderno e internacional; madeira a tapar parcialmente a fruta; boca agarrida, secura da madeira e final sedoso; será de agrado generalizado. 16,5
Quinta de Tourais (T) 2006: Nariz com perfil duriense, fruto e ligeiro floral; na boca é alegre, mostra vivacidade e taninos definidos; irá evoluir bem em garrafa por mais 3 a 5 anos. 16,5+
Quinta do Tedo Fine Tawny (P) s/d: Bastante doce; complexidade q.b.; final saboroso; um tawny novo sem defeitos, mas também sem brilho; servir ligeiramente refrescado; bom preço abaixo dos €7. 15,5
Quinta do Tedo Finest Reserve Ruby (P) s/d: Muito bem este ruby, cheio de força e bem definido no que respeita à fruta; nariz muito maduro; aguerrido na boca mas com final relativamente sedoso; qualidade a um preço justo. 16,5
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo Reserve Ruby (P) s/d: Mais um belo ruby, fruta preta no nariz, macio e redondo na boca, mas com potência de sobra para que passasse por um LBV. 16,5
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo LBV (P) 2005: Ainda não está no mercado, mas esperávamos um pouco mais depois da grande prova do ruby; muito fechado; estilo meio-seco; falta pujança sobretudo no final de boca. 16,5
Quinta do Tedo LBV (P) 2003: Perfil clássico de LBV com muita fruta, mas sem excessos; nariz maduro com referências a mato rasteiro e vegetal seco; destaque positivo para o final de boca; poderá melhorar ligeiramente na garrafa. 16,5+
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo Vintage (P) 2007: Melhor que o 2005; curiosamente mostra mais força, mais garra, mais químico; na boca apresenta alguma contenção; o melhor vintage da Quinta Nova na era "ex-Burmester". 17