sexta-feira, julho 24, 2009


Quinta do Boição Escolha (T) 2006

Escuro no copo, mas não opaco. Nariz aguerrido, com notas de acidez e juventude à mistura, e um ataque a madeira a procurar amparar o conjunto. Boca com categoria, saborosa (mas não sedutora) nos frutos encarnados e pouco maduros, acidez franca e um final de boca honesto. Bem feito este tinto da Estremadura (agora, região de Lisboa), faltando um pouco mais de complexidade e fruta mais profunda e gulosa na boca. Em todo o caso, a €12 é uma boa escolha.

16

Próximos vinhos: Vale d' Alagares (vários); Conventual Reserva (B) 2007; Valle Pradinhos (B) 2008; Athayde Grande Escolha (T) 2007; Vallado Moscatel Galego (B) 2008; Quinta do Tedo vintage (P) 2007; Quinta das Marias TN (T) 2006

domingo, julho 19, 2009

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"Douro report": parte 2

É a segunda parte de pequenos apontamentos de provas recentes de algumas das últimas produções do Douro, em especial das colheitas de 2007 e 2008. São (mais algumas) curtas notas, pois se fossem extensas não caberiam num formato que procura ser simpático e inteligível. Vejamos:

Vértice Gouveio (Esp) 2004: Muito bem no estilo - seco e bruto - em crescendo até um final de boca absolutamente "champanhês"; complexidade (nariz), textura (boca) e graciosidade (final de boca), tudo numa flûte à sua espera; não o perca de vista. 17-17,5
Passadouro (B) 2008: Muita exuberância olfáctica, com um ataque inicial a fruto tropical, mais pêssegos e ligeiro ananás; tudo muito bem casado no nariz; boca com menos presença, algo "leve" mas com muito sabor; melhora com ligeira oxidação. 16
Olho no Pé Grande Reserva (B) 2008: Muito fresco e persistente no estilo; fruta em evidência mas alguma complexidade à mistura; na senda da boa colheita de 2007 mas talvez com mais fruta na boca; bom preço. 16,5
Aneto (B) 2008: Mais fruta, em parte tropical, do que na colheita anterior, e menos madeira nova também; perfil elegante; boca crocante e bom final; está agora mais um branco de Verão, enquanto a versão de 2007 estava mais um branco de Inverno.17
Lupucinus (T) 2007: Bela surpresa da Quinta do Lubazim; nariz a mostra os atributos do Douro Superior, quente, com fruta muito madura e vegetal seco, notas licoradas; a boca está um pouco mais fresca do que o nariz indicava e acaba muito bem, sedutor e seguro de si; grande preço a menos de €8. 16
Olho no Pé Grande Reserva Pinot Noir (T) 2007: Muito curioso este Pinot duriense, boa frescura no nariz e alguma complexidade; na boca cai um pouco com ligeira doçura, mas termina bem com um final elegante. 16 - 16,5
Miura (T) 2006: Produzido na Quinta de Tourais (Régua), tem um perfil moderno e internacional; madeira a tapar parcialmente a fruta; boca agarrida, secura da madeira e final sedoso; será de agrado generalizado. 16,5
Quinta de Tourais (T) 2006: Nariz com perfil duriense, fruto e ligeiro floral; na boca é alegre, mostra vivacidade e taninos definidos; irá evoluir bem em garrafa por mais 3 a 5 anos. 16,5+
Quinta do Tedo Fine Tawny (P) s/d: Bastante doce; complexidade q.b.; final saboroso; um tawny novo sem defeitos, mas também sem brilho; servir ligeiramente refrescado; bom preço abaixo dos €7. 15,5
Quinta do Tedo Finest Reserve Ruby (P) s/d: Muito bem este ruby, cheio de força e bem definido no que respeita à fruta; nariz muito maduro; aguerrido na boca mas com final relativamente sedoso; qualidade a um preço justo. 16,5
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo Reserve Ruby (P) s/d: Mais um belo ruby, fruta preta no nariz, macio e redondo na boca, mas com potência de sobra para que passasse por um LBV. 16,5
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo LBV (P) 2005: Ainda não está no mercado, mas esperávamos um pouco mais depois da grande prova do ruby; muito fechado; estilo meio-seco; falta pujança sobretudo no final de boca. 16,5
Quinta do Tedo LBV (P) 2003: Perfil clássico de LBV com muita fruta, mas sem excessos; nariz maduro com referências a mato rasteiro e vegetal seco; destaque positivo para o final de boca; poderá melhorar ligeiramente na garrafa. 16,5+
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo Vintage (P) 2007: Melhor que o 2005; curiosamente mostra mais força, mais garra, mais químico; na boca apresenta alguma contenção; o melhor vintage da Quinta Nova na era "ex-Burmester". 17


quarta-feira, julho 15, 2009


"Douro report": parte 1

São pequenos apontamentos de provas recentes de algumas das últimas produções do Douro (e uma de Trás-os-Montes), em especial das colheitas de 2007 e 2008. São curtas
notas, pois se fossem extensas não caberiam num formato que procura ser simpático e inteligível. Vejamos:

3 Pomares (R) 2008: Apreciamos o estilo - mais seco que doce - mas falta-lhe expressão aromática; muito bem na boca, focada na fruta vermelha fresca com framboesas em destaque; bom preço. 15
Vallado (R) 2008: Muito bem no estilo - seco - mas muito expressivo. Boca cativante com fruta em evidência mas sem qualquer excesso; uma bela surpresa a conhecer. 15,5
Valle Pradinhos (R) 2008: Um dos nossos rosés favoritos; nariz contido com floral da Touriga Nacional; absolutamente seco na boca (quase palha), simplesmente imperdível. 16,5
Vallado (B) 2008: Muito fresco e acessível no estilo; nariz com fruta em evidência; descomplicado; boca prazenteira; ligeiro "pico" nesta fase (sulforoso?); bom preço. 16
Conceito (B) 2008: Algum peso excessivo prejudica o primeiro impacto; belíssima fruta branca madura, e final em evolução; poderá melhorar muito em garrafa. 16,5 +
Grainha (B) 2008: Muito fresco (apenas 50% de madeira nova), brilhante acidez, subtil, ligeiras notas a café; acaba tenso e vibrante; muito acima da versão tinta. 17
Quinta do Tedo (T) 2007: Bela surpresa; nariz duriense com fruta de bosque e flores; sedutor mas linear na boca; taninos já macios; bom tinto a preço de saldo. 16
Quinta do Tedo Grande Reserva Savedra (T) 2007: Mais uma grande surpresa da Quinta do Tedo (sita entre o Tedo e o Douro); fruta madura no nariz; boca elegante e saborosa; alguma madeira ainda tapa um pouco o conjunto; final médio/longo; preço muito competitivo. 17
Soares Duarte TTT (T) 2006: Perfil rústico e quente; nariz muito curioso, sedutor pela marca da complexidade e dos aromas difíceis de descrever; boca potente; um tinto interessantíssimo. 17
Conceito (T) 2007: Sisudo, impõe-se, no início, pelo carácter algo rude; fruta fresca escondida mas muito bem desenhada; profundamente gastronómico e com anos pela frente. 17+
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo Touriga Nacional (T) 2007: Opaco no copo, perfil aromático intenso mas não aborrecido; boca fantástica, complexa e de grande final; belo monocasta; irá melhorar em garrafa nos próximos 2 anos. 17+
Quinta Nova N.ª Sr.ª Carmo Grande Reserva (T) 2007:
Fechado, procura compatibilizar o perfil duriense da marca com uma matriz mais internacional, e sobe um patamar na qualidade face ao resto da gama; fruta muito madura; madeira nova a integrar; grande entrada de boca e uma textura acetinada fora do vulgar; vai melhorar; muita qualidade mas um pouco caro. 17,5+
Quinta do Infantado Reserva (T) 2007: Perfil clássico com nariz de fruta madura (mas sem excessos), mato rasteiro e ligeiro floral; boca de entrada elegante; complexo e sedutor ao mesmo tempo e tudo sem exageros; madeira já a caminho da integração; vai melhorar nos próximos anos; preço alto mas justo. 17,5+
Quinta do Vallado Reserva (T) 2007: O lote poderá não ser o definitivo, daí o intervalo na classificação; sente-se muito a Touriga Nacional no nariz (maior percentagem?) e o vinho está muito acessível, encantador na relação fruta- flores-especiarias; boca quase pastosa e taninos disfarçados; um dos melhores e mais consensuais Vallado Reserva de sempre. 17 - 17,5

quarta-feira, julho 08, 2009


NOVIDADE

Charme (T) 2007

Aquando da última "Masterclass" dos Douro Boys (ver aqui), ficámos com a ideia que o Charme 2006 mantinha a finesse que lhe é reconhecida mas não tinha, nem de perto, o porte aristocrático de edições anteriores. Se lhe tivéssemos então atribuído uma nota, certamente que até nós ficaríamos surpreendidos com mediania da mesma. Aliás, esta é a primeira vez que pontuamos um Charme. Este intróito serve, pois, de demonstração da ausência de interesses e parcialidades a declarar e é, a nosso ver, indispensável dado o que iremos, de seguida e de forma sintética, passar a descrever.

No nariz abre sisudo, com notas iniciais a madeira - decantou-se então. Passada meia hora, brotam extensas notas minerais, pele de cão molhada, um ligeiro bret. e terra húmida com odor a cogumelos. Depois, sobressaem, com delicadeza e refreamento, framboesas, ligeiro citrino e respectiva casca (toranja), medronhos, e um pouco de creme de leite a acrescentar alguma gulodice. Uma hora depois, é tempo das notas fumadas taparem a fruta vermelha e o conjunto fica mais misterioso.
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Boca excelsa, acetinada e positivamente delgada, com pendor para os frutos vermelhos. "Sente-se quase sem o sentir", apetece-nos desabafar. Potente dada a sua juventude, procura um equilíbrio que só o tempo em garrafa lhe dará. Grande final (para já), mas também ele em construção.

Um tinto absolutamente recomendável pela qualidade e pela diferenciação e destaque no panorama nacional. Absolutamente a não perder, apesar do preço elevado (nunca abaixo dos €70). Um grandíssimo vinho, e uma das notas mais elevadas que já atribuímos a vinhos não-generosos.

18
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segunda-feira, julho 06, 2009


Cabriz Encruzado (B) 2007

Chegaram-nos algumas dúvidas a propósito da evolução deste Encruzado da Quinta do Cabriz (do universo Dão Sul) pelo que se impunha uma nova prova para tirar as teimas (para a prova anterior, datada de Setembro de 2008, ver aqui). O ano ajudou com boas condições climatéricas e, por isso, não foi difícil manter a qualidade que lhe vem sendo reconhecida, com notas minerais típicas da casta e nuances da madeira na qual estagiou. Na boca, é menos fino e subtil que outros da mesma região e casta mas apresenta uma consistência crocante interessante e apelativa, que se prolonga pelo final. Tudo muito próximo da prova anterior.

Em suma, um estilo próprio, e um estilo de sucesso a um bom preço. Poderá melhorar em garrafa, mas se há dúvidas, aconselha-se a beber umas e a guardar outras. Mantemos a nossa opinião.

16,5 - 17

Próximos vinhos: Quinta do Boição Escolha (T) 2006; Vale d' Alagares (vários); Conventual Reserva (B) 2007; Valle Pradinhos (B) 2008

quinta-feira, julho 02, 2009


Alain Graillot Crozes Hermitage (T) 2006

Vinho "trazido" para Portugal pela mão de Dirk Niepoort no seu canal "Projectos". Cor muito púrpura no copo, fechado mas não opaco. Não sendo um Hermitage (é difícil não começar por aqui, mas Crozes Hermitage, além de menos prestigiada do que Hermitage, é mais dispersa e com maior dimensão) está um tinto belíssimo a dar já uma prova com muito prazer. No nariz, de boa intensidade, está super floral - certamente a syrah mais floral que temos provado nos últimos tempos - conjugado com doces frutos negros numa compota muito atractiva e não pesada, antes delicada. Boca fresca, com complexidade, realce para a fruta menos madura do que o nariz faria prever, madeira imperceptível numa abordagem pura (e purista).
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Em suma, um vinho bem desenhado, elegante e gastronómico, mas também prazenteiro sem ser demolidor na fruta e nos taninos (podendo-se beber desde já). Enfim, a antítese de um vinho chato, e tudo isto mais um bom preço, por volta dos €16 no site Projectos ou na Garrafeira Nacional!

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Próximos vinhos: Cabriz Encruzado (B) 2007; Quinta do Boição Special Selection Old Vineyards (T) 2006; Vale d' Alagares (vários); Conventual Reserva (B) 2007; Valle Pradinhos (B) 2008