sexta-feira, abril 29, 2011

Provas

Pedro & Inês (T) 2004

Um vinho diferente no portefólio do grupo Global Wines/Dão Sul que agrega marcas e quintas como Cabriz, Quinta das Tecedeiras, Quinta do Encontro, entre outras, inclusivamente fora de Portugal. Um vinho do Dão produzido a partir das castas Baga e Alfrocheiro, ou seja um quase abraço do Dão à Bairrada. Um vinho que gostámos por ser fresco e ligeiramente taninoso com a casta Baga a mostrar "os dentes".

Em prova, revelou um bouquet elegante, a mostrar evolução, numa (an)dança floral com notas de framboesas, morangos pouco maduros e especiarias. Boca de perfil fino - tipicamente da região -, não opolento, mas com  uma acidez muito vincada - tipicamente da Baga - e taninos rijos. Pode ser mantido na garrafeira pelo menos por mais 4 anos.

Não sendo um clássico, é um produto muito interessante, até pelo carácter gastronómico (não por acaso foi feito a pensar na carta de vinhos do restaurante da Quinta das Lágrimas em Coimbra). A nosso ver, é um dos vinhos com mais alma de todo o extenso portefólio do grupo Global Wines/Dão Sul.

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domingo, abril 17, 2011

Provas

Bétula  (B) 2009

A versão inaugural deste branco duriense não foi bem recebida pela crítica, o que acabou por ser natural, pois, apesar de enologicamente impecável, não conseguia justificar a escolha das castas Sauvignon Blanc e Viognier (em detrimento de boas castas brancas nacionais), nem se apresentar fresco, sobretudo para um ano temperado como foi o 2008. Tinha, é verdade, aspectos curiosos - a "tensão dialéctica" das castas francesas, conforme referimos na altura aqui - mas, à parte desse carácter didáctico, era um branco ao qual faltava leveza e frescura.

O produtor não desistiu todavia, e ainda bem, pois a versão de 2009 está alguns pontos acima. O que não nos deixa de surpreender, uma vez que o ano de 2008 foi, em regra, bom para brancos, em muitos casos melhor mesmo que o 2009. Assim sendo, qual a razão para esta segunda edição se apresentar tão mais fresca que a anterior? Que motivo pode explicar que, com as mesmas castas, se apresente tão menos marcada pelo peso da casta Viognier? A verdade é que não temos respostas para estas questões, mas isso não nos impede de chegarmos a uma conclusão: o Bétula, na versão de 2009, está bom e merece prova - é fresco, não é excessivo na componente frutada, e tem alguma profundidade. Mostrou-se, inclusivamente, apto a acompanhar com classe um prato de peixe grelhado.

É caso para dizer que, sabendo o produtor e o enólogo (este em especial que não é novato nestes andanças...) que a versão de 2009 estava assim tão acima da anterior, a de 2008 deveria ter ficado na adega, ou vendida a granel se a questão era financeira, nem que fosse para não (nos) confundir.

16,5

quarta-feira, abril 06, 2011

Porto

Quinta da Costa das Aguaneiras vintage (P) 2005

O mercado de vinho do Porto de qualidade tem sido dominado, sobretudo quando falamos em vintages, pelas ditas "casas inglesas" como seja os importantes grupos Symington Family Estates  (Dow's, Graham's, Warre's, Qta do Vesúvio) e Taylor Fladgate (Taylor's, Fonseca, Qta da Roêda). Em casos mais residuais, algumas quintas têm conseguido algum sucesso com os seus vintages, mas muito devido à fama dos seus vinhos de mesa - Vale Meão e Pintas são disso bom exemplo, como o era também o vintage da Quinta de Roriz, entre outros.

Todavia, existe um universo extenso de produtores por descobrir, muitos deles tradicionais e com preços competitivos. Um desse casos é este Quinta da Costa das Aguaneiras que devemos a um produtor ligado ao projecto Lavradores da Feitoria com o vinho DOC Quinta da Costa. Pois bem, este vintage portou-se de forma muito positiva em prova.

Macio e quente, revelou-se mais apto a um consumo imediato do que a uma guarda prolongada, lembrando por isso um LBV, mas isso não o prejudicou. Muito saboroso, imponente na estrutura e no equilíbrio, foi uma confirmação que somos um país de vinhos fortificados e que não temos que comprar sempre as mesmas marcas. Dos vários vintages lançados pelo produtor nos últimos anos (e provámos os últimos 4), o que mais nos marcou foi este de 2005, pela maior complexidade e garra na prova de boca. Em suma, um óptimo Porto vintage com capacidade para melhorar em garrafa nos próximos 5 anos.

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