quarta-feira, outubro 01, 2008


Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas (T) 2006


Existem poucos vinhos portugueses de topo com estatuto de "neo-clássicos". Falando de tintos, temos, no Alentejo, o Marquês de Borba Reserva e o Mouchão (este mais velhinho), e alguns mais (ver comentários a este texto). Em Alenquer, temos os Quinta de Pancas mas esses, ao que parece, já eram (e não sabemos se voltam...), e o mesmo sucedeu com os reservas da Sogrape um pouco pelo país. No Dão, temos os vinhos da Quinta dos Roques, Carvalhais, e alguns tintos de Álvaro de Castro. No Douro, temos os reservas (especiais) da Ferreirinha (o Barca Velha não conta pois é clássico), o Redoma, talvez o Evel Grande Escolha mais uns e outros, e claro... o Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas (Old Vines).

Este último, na versão de 2006, e mesmo sem as uvas da vinha Maria Teresa, está curiosamente mais de acordo com o seu perfil inicial (pelo menos de acordo com a nossa ideia do seu perfil inicial) do que noutros anos. Ou seja, a fruta é ainda mais madura, com madeira vincada e sedutora na versão aparas de lápis, algum queimado, e já um muito ligeiro aroma a caixa de charutos. De corpo cheio, na boca, é quase pastoso, necessariamente jovem mas já bem equilibrado, sempre na vertente sensual. Há ainda um ligeiro travo rústico (que se repete noutros tintos durienses de 2006), e taninos "espigadotes", que evita um perfil demasiado internacional, e que nós gostamos muito.

O seu preço vai-se mantendo longe da especulação, mas o entusiasmo à volta de cada edição deste tinto faz com que por menos de € 26 seja difícil de o encontrar. Difícil de encontrar talvez, mas nada difícil de gostar. Ainda bem! Muito bem!


17 - 17,5

*

Próximos vinhos: Crasto (T) 2007; Olho de Mocho (R) 2007; Altas Quintas (T) 2005; Altas Quintas Mensagem Aragonês (T) 2005; Frei Estevão Reserva (T) 2005; Rocim (T) 2005; Olho de Mocho Reserva (B) 2007

4 comentários:

JSP disse...

tão novinho e já está tão bom? tenho de ver isso...

por acaso está p'rali deitada algures uma de 2004... talvez até comece por esse.

bela sugestão :)

João de Carvalho disse...

Essa dos ''neo-clássicos'' serem pouco mais do que aqueles que referes no Alentejo é algo que me deixa preocupado, pois não deixo de notar que te esqueces de nomes fundamentais no plano de vinhos do Alentejo como:
Tapada Coelheiros Garrafeira, desde 1996
Cortes de Cima Reserva, desde 1996
Quinta do Mouro,desde 1994
Zambujeiro, desde 1999
ou até mesmo o
Pêra Manca, desde 1990
José Sousa Mayor, desde 1994
...

E como é que consegues enquadrar o Mouchão como neo-clássico se já anda no mercado faz mais de 40 anos ?

NOG disse...

João,

Já sabia que a introdução ia dar que falar...

Os vinhos que referes (com excepção talvez do Zambujeiro) são, de facto, bons exemplos de neo-clássicos. Admito até que o Alentejo seja das regiões com mais neo-clássicos.

Quanto ao Mouchão já é, efectivamente, mais um clássico do que um neo-clássico, mas a meu ver merecia um destaque pois dele gosto muito.

Ab.

N.

NOG disse...

Caro J.,

Os vinhos de 2006 não me parecem de guarda, apesar de revelarem taninos muito rústicos. Este Crasto deverá ficar na garrafeira mais 2 anos e dpois beber. Esse de 2004 é que está mesmo pronto a abater.

N.