domingo, julho 17, 2005

Quinta da Pacheca 2003 (B)

A cidade de Sesimbra já não é o que era. Os meus 28 anos são suficientes para me lembrar com clareza como as casas pequenas e brancas rodeavam as duas baías, com a fortaleza bem no centro. Nessa altura, os meus pais comiam numa tasca fabulosa onde um pescador e a mulher (mais um pastor alemão que teimava em não acordar) serviam as melhores santolas de que me consigo lembrar.
Hoje, Sesimbra é uma outra Sesimbra; é uma barafunda completa com automóveis por tudo o que é lado, e é sobretudo um dos piores exemplos do (falta de) urbanismo em Portugal. Mais a cima, Santana, é outra pequena localidade que segue o mesmo caminho do cimento. É pena e é irreversível.
A tasca onde ia com os meus pais já não existe, mas restaurantes onde o marisco e peixe são reis, esses – por força do comércio turista – ainda existem... o "Farol" no centro histórico, o "Ribamar" na primeira linha da Praia do Ouro, a tasca do "Formiga" lá no alto, e o "Tony-bar"...
Regressámosa este último com a promessa de lapas frescas... e lapas frescas encontrámos... mas primeiro uns camarões de Sesimbra (pequenos e bravios) e depois uma santola... a acompanhar escolhemos o “Quinta da Pacheca” 2003 Branco...
Que grande branco! – uns dos melhores que provei este ano – complexo logo no nariz, cor quase amarela-ambar, e na boca um agregado de sabores citrinos e florais... era um pouco de ananás... depois muita uva madura... depois fruta verde...
Feito de Cerceal, Malvasia Fina e Gouveio, é um douriense de gema, um daqueles branco do Douro que nos lembra a frescura de um verde e a uva bem presente de um branco maduro... muito bom.
Custou-me € 12 e valeu cada chapa gasta.

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