domingo, setembro 25, 2011

Do antigamente

JMF Garrafeira RA (t) 1985


Quando saiu para o mercado vinha com pergaminhos e estatuto de topo de gama. Afirmava-se caro, e feito para durar muitos anos em garrafa. Procurava reconhecimento numa altura em que os vinhos que evoluíam em garrafa vinham de outras paragens, quase sempre mais a norte.


E a verdade é que, passados uns incríveis 26 anos, uma coisa é certa: o vinho está num óptimo momento de forma. No copo, a cor denota ligeira concentração, encarnado claro, longe de tons tijolados. Nariz muito complexo, com muita fruta ainda (framboesas, ameixa pouco madura), e muitas notas de especiaria e de bazar marroquino. Algum toque de lavanda a tornar o conjunto verdadeiramente apaixonante. Na boca está fresco, com acidez majestosa, e muito saboroso. O final segue em boa forma mas podia ser mais longo. Mais fantástico só carácter aveludado do vinho, redondo e pouco seco.


Mais uma prova que alguns tintos de Setúbal também podem durar décadas (lembro-me de, no ano passado, o João Afonso e o Arlindo Santos terem apresentado a colheita RA de 1992 em prova especial no EVS). Este RA, com mais de duas décadas e meia, consegue combina muito bem um estilo generoso na fruta com uma evolução perfeita a nível dos aromas terciários. Lembra alguns dos melhores tintos Australianos build to last.
Belíssimo!

3 comentários:

Valter Costa disse...

Mas esses vinhos eram feitos de vinhas velhas e eram feitos para durar. Não eram vinhos faceis quando eram novos. Só tenho pena que acabaram com isso!

NOG disse...

Concordo Valter, era feitos para durar, sem dúvida.

Ab.

NOG

João Barbosa disse...

apoiado!