segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Reportagem

Bairrada com Mário Sérgio

É sabido que a Bairrada produz grandes vinhos. E é sabido que a Bairrada produz grandes homens do vinho, querendo com isto dizer-se grandes produtores. Na linha mais tradicional, as duas premissas são verdade e encaixam na perfeição na pessoa do produtor Mário Sérgio, à frente dos destinos da Quinta das Bágeiras. Faz pouco tempo que almoçámos e jantámos com ele e tivemos a oportunidade de provar (e em alguns casos de voltar a provar) não só Bageiras mas outros vinhos da região. É que Mário Sérgio tem também essa qualidade tantas vezes rara... de gostar de provar e de divulgar outros vinhos que não apenas os seus.

Grupo dos 8 (T) 1985: Saído do famoso "Grupo dos 8" e produzido por Sidónio Sousa, está num fantástico momento de forma. Carácter marítimo evidente, notas a iodo, referência a molho de ostras, algum manjericão e fruta ainda negra. Grande prova de boca, e final acetinado. Um vinho memorável! 18
Gonçalves Faria Tonel 5 Gar. Especial (T) 1990: Mais reservado e menos evoluído do que as últimas garrafas provadas, mantém-se a um nível altíssimo. Seco, de perfil salgado, mas muito complexo e tremendamente elegante. Grande final de boca. Uma prova ligeiramente diferente de um vinho sempre fantástico. 17,5
Sidónio Sousa Reserva (T) 1997: Ainda não está no pico da sua forma, mas já se apresenta delicioso. Muita fruta, framboesas típicas da Baga, tem um perfil clássico acentuado. Está em crescendo, vai melhorar. Voltar a provar daqui a 5 anos. 17++
Quinta das Bágeiras Garrafeira 1.º Prémio (T) 1995: Outro vinho pelo qual temos que esperar. Muito jovem, muito seco, taninos duros. Mas tudo a revelar grande potencialidade: boa definição no fruto, grande acidez, e prova de boca já complexa. 17++
Quinta das Bágeiras Velha Reserva Bruto Natural (Esp.) 1989: Cor dourada, todo o vinho revela muita complexidade. Bouquet ligeiramente reduzido, carácter vinioso, quase sem tosta. Enorme a acidez, muito saboroso na boca, e grande capacidade para acompanhar todo o tipo de gastronomia. 17
Quinta das Bágeiras Garrafeira (T) 2004: Perfil clássico, identifica-se facilmente como um Bairrada. Muito bem no nariz, elegante e ligeiramente apimentado. Boca em crescendo, mais em elegância do que em força. Mais um óptimo Garrafeira das Bágeiras. Boa (mas talvez não enorme) perspectiva de evolução em garrafa. 17  
Quinta das Bágeiras Garrafeira (B) 2002: Ligeiramente mais oxidado do que é habitual, revela muitas notas a verniz na prova do nariz. Na boca, revela-se saboroso mas, novamente, mais curto do que é habitual. Admitimos que temos que esperar mais uns anos, mas não é certa a sua evolução. 16

3 comentários:

Pedro Sousa P.T. disse...

Anda no mercado o Sidónio Sousa Garrafeira 2005. Há por aí alguma informação deste Vinho? É que já ouvi aí pelas "esquinas" alguns zun zun`s contraditorios. No Cabaz Tinto em Cascais arranja-se por 19,30€ um preço, direi até simpático, em relação ao mercado.


Abraço

NOG disse...

Caro Pedro,

Provei-o já por várias vezes e gosto dele. Admito que a JR se tenha entusiasmado quando atribui 18 pontos ao vinho, mas não deixa de ser bom vinho e, mais a mais, de uma vinha entretanto arrancada.

É certo que tenho vindo a preferir os antigos SS (mas isso acontece também com tantos outros Bairrada). Por isso, se gosta do estilo clássico da Bairrada não deve perder a oportunidade, digo eu.

O preço que indica é ligeiramente acima ao geralmente praticado, mas não é razão para se preocupar.

Ab.

NOG

Pedro Sousa P.T. disse...

Obrigado pela dica.

Abraço