segunda-feira, abril 13, 2009

Saca a Rolha na Madeira


Mal tínhamos saído do Aeroporto da Madeira e já nos dirigíamos para a "Paixão do Vinho" (Via Rápida, cota 200, Posto Repsol), garrafeira pertencente aos sócios Filipe Santos e a Francisco Albuquerque. Tudo combinado, pormenores ajustados, foi com o segundo dos consócios, enólogo da "Madeira Wine Company", que planeámos, para o dia seguinte, uma visita ao Wine Lodge da "Blandy's", outrora Convento de São Francisco, mesmo no epicentro do Funchal.


Francisco Albuquerque tem no curriculum três prémios mundiais de melhor enólogo de vinhos fortificados, mas poderia ter também vários outros prémios tanto pela gestão de um imenso stock de vinhos (milhões de litros), como pela supervisão de cerca de quatrocentos produtores (onde a parcela de maior dimensão não chega a um ¼ de hectare), ou ainda pela homérica catalogação dos aromas dos vinhos da ilha. E claro, um prémio também pela fantástica capacidade de comunicação, através da qual consegue trocar "por miúdos" qualquer matéria tecnicamente mais complexa.


Aliciante, no mínimo, foi a visita guiada ao Wine Lodge da "Blandy's" pelo próprio Francisco Albuquerque, que incluiu a entrada no cofre onde estão guardadas as últimas reservas (e no qual brilham, entre outras, as famosas garrafas 1792 Napoleão) e não dispensou a visita às várias salas onde repousam em canteiro (chama-se "canteiro" pois as pipas encontram-se fixas sobre pedras trabalhadas pela técnica de cantaria) os vinhos que irão constituir novos lançamentos e/ou enchimentos. De seguida, na Sala Frasqueira, provaram-se, da "Blandy’s", os Colheitas Malmsey de 1990 e de 1993 (ambos bons, mas mais complexo e amplo o primeiro), os Colheita Bual de 1990 e de 1992 (com este último a revelar-se vibrante e fresco) e o elegantíssimo Frasqueira Bual s/d com, pelo menos, mais de 50 anos (fino de perfil e de recorte gracioso, a notar-se o tempo de garrafa). Provaram-se ainda dois vinhos por nós já conhecidos, o Bual 1968 e o Bual 1977, ambos muito bons. Da Cossart Gordon, provou-se um explosivo Sercial 1963, um vinho de concentração máxima, absolutamente seco na boca e de final de acidez elevada e prolongadíssimo (a demonstração do que melhor a casta consegue fazer, mas poucas vezes o faz).


Tempo ainda para provas na "Barbeito", proporcionadas pelo afável staff da "Garrafeira Diogos" (Av. Arriaga, 48, Funchal), com destaque para o altivo Malvasia Lote 20 anos (doses maciças de avelãs e noz, e ainda bolo inglês como referências) e para o muito acessível Single Harvest 1997, um 100% Negra Mole que não pretende ficar na sombra das castas brancas e mostra-se em muito bom plano. Provaram-se ainda os Reserve 10 anos, quer de Bual quer de Malvasia, dois clássicos e best-sellers da marca, sempre com um óptima relação preço-qualidade.



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