sexta-feira, agosto 17, 2007


Prova: Quinta do Perdigão (primeira ronda)

Não é a mais antiga quinta do Dão mas afirma-se como a mais premiada desde 1999. José Perdigão, arquitecto de formação, é o proprietário desta quinta que leva o seu nome aos 7 ha. de vinha todos plantados a uma altitude superior a 360 metros. A enologia está a cargo de Helena la Pastina que tem vindo a transmitir, a par da tipicidade da região, um carácter mais moderno e frutado aos tintos produzidos nos solos graníticos e argilosos de Silgueiro, localidade onde se encontra a Quinta do Perdigão.

Com as castas que tradicionalmente são trabalhadas no Dão – touriga nacional, jaen, alfrocheiro e tinta roriz – a Quinta do Perdigão tem vindo a acumular prémios e boas referências na imprensa especializada. Recentemente, nós próprios ficámos surpreendidos quando, em prova cega e perante 6 grandes tintos do Dão, elegemos o Quinta do Perdigão Reserva (T) 2004 como um dos nossos favoritos.

As mais recentes produções no mercado são todas de 2004, à excepção de um alfrocheiro de 2005 e do rosé de 2006. A prova da gama disponível foi divida em dois momentos: numa primeira ronda, provaram-se os Quinta do Perdigão Rosé (R) 2006, Quinta do Perdigão Alfrocheiro (T) 2005 e Quinta do Perdigão Colheita (T) 2004; numa segunda ronda, foi a vez dos afamados Quinta do Perdigão Touriga Nacional (T) 2004 e Quinta do Perdigão Reserva (T) 2004.

Para já, vejamos a primeira ronda dos vinhos provados:

Quinta do Perdigão Rosé (R) 2006: Para quem está convencido que a cor dos rosés é toda igual este vinho será um curioso desafio tal é o seu tom groselha repleto de laivos violeta e roxos (flor de pessegueiro japonês, diz-nos o rótulo). Depois surge-nos no nariz e na boca um rosé seco e sério; tão sério que admito ser o menos exuberante que já provei da colheita de 2006. Corpo, estrutura e álcool (13% vol.), este é um rosé gastronómico que poderá, contudo, ser servido de aperitivo dado a sua forte secura. Nariz fechado e fresco de pequena/média intensidade. Com ligeiro aquecimento e forte arejamento no copo surgem as notas aromáticas a fruta madura (papaia, damasco) e um ligeiro funcho (do tipo rebuçado madeirense). A boca é gorda, untuosa mesmo, e não existem por aqui referências soltas a fruta vermelha. Final picante e persistente. Um belo rosé que não tem qualquer razão para ser tão tímido. 15,5

Quinta do Perdigão Alfrocheiro (T) 2005: Cor cereja não muito escura. Como é habitual na casta, começa com muita fruta doce no nariz. A boca está mais fresca e com ligeiro toque floral interessante. Pouco depois, surge um nariz a baunilha e caramelo (do tipo refrigerante cola) guloso que não chega, todavia, a incomodar. Cerca de ½ hora depois encontram-se referências minerais e a "coisa fica mais séria" - nós agradecemos! Final médio com persistência mineral. Se servido bem fresco (perto dos 15º), trata-se de um dos mais complexos e interessantes varietais de alfrocheiro que provámos este ano. 15,5

Quinta do Perdigão Colheita (T) 2004: Cor cereja escura com auréola ligeiramente grená. Nariz de intensidade média marcado pelo cariz floral. Sente-se a touriga e pressente-se a jaen e o alfrocheiro. Corpo cheio, redondo e de interessante complexidade. Boca larga, fruta vermelha (do tipo não doce), final longo picante envolto em especiarias. No final da prova o nariz está mais doce e menos floral - é a vez de amoras e cassis dominarem o aroma. Bom trabalho na madeira a qual já está perfeitamente integrada. Em suma, é um tinto equilibrado, fresco, de forte pendor gastronómico, mas que não deixa de revelar um lado sedutor, infelizmente pouco comum nos pares da região.
16,5


Próximos textos: Quinta do Alqueve 2 Words (T) 2004, Casa de Vila Verde (B) 2005; Espumante Vértice Grande Reserva 1992; Duas Quintas celebração (T) s/ ano

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