terça-feira, dezembro 25, 2007

Feliz Natal e uma sugestão
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Temos para nós que o Natal não é festa para vinho novo. Aliás, para provar o vinho do ano, ou mesmo de um ou dois anos anteriores, já existem outras festas. Bom, se não existem, a verdade é que deviam existir...

Já no Natal, só nos apetece vinhos com a marca inconfundível do tempo e da evolução em garrafa. Por alguma razão, existe o conceito de "vinhos de calendário": vinhos de luxo, caros – e já com alguma evolução em garrafa, acrescentamos nós – enfim, a antítese do consumo diário.

Efectivamente, se durante um ano inteiro damos connosco a pensar que determinados vinhos "não estão no seu ponto óptimo", que são "demasiado raros para uma determinada ocasião", ou mesmo que "merecem ser bebidos com familiares e/ou certos amigos"... chega o Natal e devemos abrir essas mesmas garrafas. Sem excepção. É este o momento! É quase caso para gritar, como o Obélix perante uma legião de romanos, "Ao ataaaque!!!".

A título de nota pessoal, o nosso Natal sempre foi muito "Ferreirinha", o que se percebe tendo em consideração os (poucos) topos de gama que existiam há 10 e mais anos. Os Barca Velhas, os Reservas Especiais, os Reservas e, fora do universo Sogrape, algumas garrafeiras particulares - recordo-me de uma de Rio Maior da década de 60 absolutamente maravilhosa, bem como algumas do Dão que pareciam melhorar a cada ano que passava.
Ora, este ano vai voltar a ser assim. Mas fica sempre a dúvida: e o que beber antes do Reserva Especial e do Barca Velha? Sim, nós entendemos que não devemos começar a refeição a beber logo esses ícones do Douro... então o que beber antes, no início da longa refeição? Um vinho novo, com um ou dois anos em cave? Nunca!

Por isso, este ano (ou melhor, este Natal) deixamos uma sugestão pessoal de um tinto em óptimo estado de consumo – i.é, naquele momento perfeito (que durará ainda 2 ou mais anos) em que tudo já está equilibrado. Entrada de boca suave, bouquet perfeito com madeira sedutora, fruta fina e complexa, final composto. E claro, algum e saudável depósito. Sugerimos, assim, um Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001, talvez o vinho que mais nos surpreendeu ao longo do ano, dada a sua enorme qualidade e perfeito estado de evolução. Depois sim, provamos e bebemos os Ferreirinhas que, por isso, é que eles existem. E ainda bem.

Feliz Natal, festas felizes e votos de óptimos vinhos.
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Nuno O. Garcia

quinta-feira, dezembro 20, 2007



La Rosa Reserve (T) 2004

São várias as casas do Douro que apresentam sistematicamente vinhos tintos com qualidade. A par de alguns fenómenos mais mediáticos, são já mais de uma "mão cheia" (i.é, entre a meia dúzia e a dúzia...), os produtores que têm apresentado, com alguma regularidade, vinhos muito interessantes. Obviamente, referimo-nos ao panorama português, o que significa que quase uma década de bons vinhos é já, por incrível que pareça, "tempo relevante".

Um desses produtores tem sido a Quinta de La Rosa. Com uma gama interessante e relativamente abrangente (na colheita de 2005 foram mesmo engarrafados dois tintos de duas vinhas específicas), os vinhos desta quinta têm vindo a presentear-nos sempre com qualidade. A actual chefia de enologia de Jorge Moreira ("Poeira", "J", "Sirga") garante, certamente, futuro e sucesso assegurados.

Contudo, apesar desta regularidade, a verdade é que nunca antes deste 2004 tínhamos gostado tanto de um reserva da Quinta de La Rosa (adorámos o estreme tinto cão, mas esse não conta…). Nem mesmo o da recente colheita de 2005, o qual poderá, todavia, vir a melhorar em garrafa (parece-nos bastante mais "duro", a necessitar de polimento).

Este tinto de 2004 está pleno de elegância. Arriscando em tom de comparação – por vezes, já se sabe, infelizes e injustas –, diríamos que, no estilo e na concepção, está mais próximo deste do que daquele, mesmo tendo em consideração a diferença do ano. O nariz está complexo, de carácter não imediatista, com fruta madura e ligeiro floral. A madeira não está, felizmente, muito evidente (o que até se poderá estranhar para um vinho de 2004 com tanto tempo de estágio em carvalho...). Alguns dirão mesmo que lhe faltará a panóplia balsâmica que outros vinhos apresentam, mas isso não parece, a nosso ver, ser um defeito, antes um feitio.

Tem uma entrada de boca suave e muito acetinada, com fruta bem conseguida – delicada e doce q.b. – e taninos finos e saborosos. Final conseguido, trabalhado, de cariz aprimorado mas ainda longe de ser persistente (a melhorar, muito provavelmente, com algum tempo em cave).

A menos de € 27, como se vê pela nossa descrição, é um vinho difícil de resistir.

17,5

Próximos vinhos: Quinta do Perú (T) 2004, Vale do Ancho Reserva (T) 2004; Herdade das Servas TN (T) 2004; Quinta da Fata (vários); Encosta do Sobral (vários).

domingo, dezembro 16, 2007


Novidade do Douro

Mais um Douro de garagem (são apenas 3600 garrafas) e com muita ambição. Desta feita da responsabilidade da sociedade de enologia "Duplo PR", propriedade dos sócios Pedro Sequeira e António Rosas. O vinho é o 2PR Grande Reserva (T) 2005.

De cor rubi muito carregada no copo, com traço violáceo, apresenta um aroma super concentrado e marcado por uma geleia fresca de frutos vermelhos e notas secas a chá preto e alguma torrefacção. Acetinado na entrada de boca, fruta de qualidade "para dar e vender", muito gulosa, mas sem perder complexidade. É enfim, um daquelas vinhos onde a touriga marca pela fruta e não tanto pelo floral. Acrescem taninos suaves e um final longo e sedutor.

Na sua origem estão 3 vinhas diferentes e 3 castas (podia, por isso, bem ser "3PR" e não "2PR"), com cerca de 75 % de touriga e o restante rufete e tinto cão (este em pequena percentagem). Para nós, que o adorámos, a única dúvida será a sua evolução, pois está tudo óptimo para consumo imediato. Um dos vinhos mais voluptuosos do momento, sem dúvida. A não perder… por nada (a não ser pelo preço, ainda não conhecido, mas certamente superior a € 30.).

17,5 - 18

segunda-feira, dezembro 10, 2007


Novidade do Alentejo


Faz já algum tempo comentámos um "Comenda Grande (T) 2004" a propósito do restaurante Café 3 (foi aqui). Na altura pareceu-nos muito bem… mais um tinto alentejano a óptimo preço (abaixo dos 5 €) a permitir um consumo quotidiano e, preferencialmente, enquanto jovem.

Agora, apresentam-nos o irmão Comenda Grande Reserva (T) 2004 com um perfil diferente. A partir de alicante bouschet (60%) e trincadeira, é muito mais (como o nome indica...) "reservado" e discreto que o irmão colheita. No aroma – sério e complexo - sobressaem a fruta madura com notas de compota e uma ligeira baunilha e especiarias das madeiras de estágio. Já na boca está jovem, fresco, precisa de tempo. Nota-se imediatamente que não é um tinto alentejano "fácil" e de estrutura mediana. Ao invés, pela frente temos um corpo grande, austero até, onde a fruta não está ainda em primeiro plano mostrando-se algo agreste, mas de final de boca mais fino e persistente.

Vindo de quem vem – do Prof. Francisco Colaço do Rosário – não se esperava outra coisa. Um reserva muito bom e muito sério para guardar em garrafa.

17

PS: é curioso que olhando para o rótulo parece tratar-se, à primeira vista, de um "grande reserva" e não de um "comenda grande".

quinta-feira, dezembro 06, 2007


Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005

Todos nós certamente temos vindo a deparamo-nos com vinhos com taninos vincados, notas químicas e a chá preto, sabor amargo (eg., chocolate negro) e final intenso que deixa secura integral na boca. Recentemente, no Alentejo são vários assim, no Douro também (embora os topos de gama demonstrem geralmente elegância) e no Dão "idem aspas" (estou a pensar sobretudo naquelas bombas de tourigas pretíssimas que por aí andam…).

Este é mais um desses vinhos. Todo ele está "bruto", quase agressivo até, salvo o nariz que debita toneladas de fruto maduro muito apelativo. Na boca, desde a entrada ao final, é um verdadeiro portento de força. Tal não significa que não esteja bem definido e que não dê prazer – julgamos mesmo que irá ao encontro de muitos consumidores (sobretudo os mais jovens). Ficamos, todavia, com a dúvida sobre a sua evolução. É que apesar de ter tudo para que não se beba já (segundo o nosso paladar...), a marca é recente e, por isso, é preciso esperar com expectativa para ver o que temos na garrafa daqui a uns anos. Se evoluir bem, e estiver mais elegante e fino, teremos, então, um belíssimo alentejano. Até lá, é uma boa escolha para quem pretende medir forças com um tinto "supercharge" a menos de 15€ (embora já o tenhamos visto muito mais caro).

16,5


Próximos vinhos: La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004, Vale do Ancho Reserva (T) 2004; Herdade das Servas TN (T) 2004.

terça-feira, dezembro 04, 2007


Monte da Ravasqueira (B) 2006

Para bem do consumidor, e a bem da divulgação da marca Portugal no exterior, não devemos produzir apenas bons brancos com preços entre os 20 € e 30 €. Estes topos da pirâmide de qualidade e raridade poderão – e deverão! – sempre existir, mas suportados por outros também interessantes e muito mais baratos. A Nova Zelândia e a Argentina têm mostrado como se faz: alguns topos de gama, muitos baixa gama - todos com qualidade. Nós podemos fazer melhor, se quisermos.

Neste registo de brancos abaixo de 10 €, o Alentejo revela-se um forte player, e tem aproveitado ao máximo a sua capacidade de produzir bons vinhos a preços moderados. Acresce que a par da dupla antão vaz e arinto, os novos brancos do Alentejo têm incorporado outras castas, desde as internacionais mais conhecidas (eg., chardonnay e semillon) às nacionais (eg. verdelho e mesmo outras castas nobres de zonas nortenhas do nosso território).

É isto que sucede com este Monte da Ravasqueira (B) 2006. Provámo-lo, uma primeira vez, na sua apresentação em Lisboa e logo nos apercebemos da sua forte componente aromática, que nos remete para outras paisagens mais a norte e para outras castas… Depois, no retiro calmo do lar, voltámos a ele, uma e mais vezes. Sempre belo na sua cor pouco carregada, mostra já um bouquet marcado pela fruta e pela ausência de "peso". Tem, para nós, uma característica identificável: acidez sem vegetal. Na verdade, o vinho é fresco, com fruta complexa – são seis castas em jogo: três nacionais e três estrangeiras – pouco madura e referências tropicais (ananás, maracujá) e um ligeiro citrino. Na boca cativa e é bem saboroso; novamente a sensação a frescura que vem da própria fruta e não de elementos vegetais. Muito curioso e bem interessante, portanto.

Com o passar do tempo tem vindo a diminuir o seu frutado encanto, sofrendo alguma redução (o tal bouquet), mas o corpo está agora mais untuoso o que também é reconfortante. Pelo preço dele, inferior a 7,5 €, julgamos ser um "achado". É caso para comprar uma caixa! Foi o que fizémos.

PS: Para o tinto "vinha das romãs" (também interessante) ver aqui.

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Próximos vinhos: Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004, Vale do Ancho Reserva (T) 2004; Herdade das Servas TN (T) 2004.

domingo, dezembro 02, 2007


Verdes ou rosés ?

Nem sequer o facto de estarmos em época natalícia pode explicar a confusão que vai em algumas superfícies comerciais. Somos pouco habitueés de hipermercados, mas sempre que entramos num desses espaços damos de caras com coisas como esta. "Verdes" dizem eles no expositor comercial (escrito com fundo rosa), mas apenas lá encontramos rosés, apesar de alguns provirem da região dos vinhos verdes. Já se sabe que a distinção entre verdes e maduros anda pela hora da morte (e nós subscrevemos), mas agora esta é demais.

PS: Até lá está um "Quinta da Alorna" (bem no cento da fotografia). Quem não sabe, poderá ficar a pensar que, afinal, é verde e não ribatejano.

segunda-feira, novembro 26, 2007


Calços do Tanha Reserva (T) 2003

Não é de agora que afirmamos que o "Calços do Tanha" é um vinho com uma boa relação preço-qualidade. De facto, já escrevemos sobre este vinho mais do que uma vez (ver aqui, ali, mais acolá e ainda aqui) e sempre "detectámos" a exuberância do fruto vermelho. Este Reserva 2003 ora provado mantém essa "marca", talvez até com mais vigor, começando por dar nas vistas com uma cor vermelha escura e ligeira evolução no bordo do copo.

O estilo é (aí está...) de fruta muito gulosa, de carácter moderno, com Rui Cunha até há pouco tempo a chefiar o trabalho de enologia (este foi um dos seus últimos trabalhos para a casa). Na boca, mantém-se actual, redondo (por vezes "plano"), de taninos suaves e final prolongado onde algum nervo se nota com ligeira frescura.

O estilo marcadamente frutado e quente – e não nos esqueçamos que a colheita é de 2003 – poderia não ganhar nada de bom com a passagem do tempo. Podia até ter perdido a fruta tornando-se pouco interessante, podia ter-se transformado num bloco agreste e fechado, podia até ter criado uma acidez desmesurada com a oxidação, como tantas vezes sucede com tintos desta índole.

Mas não foi o caso, bebeu-se muito bem, mais um bom tinto de Manuel Pinto Hespanhol a menos de 15€ um pouco por toda a parte.

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Próximos vinhos: Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004, Vale do Ancho Reserva (T) 2004; Herdade das Servas TN (T) 2004.

terça-feira, novembro 20, 2007


Bem perto do céu...

"Colheita 1991": belíssimo e interminável no final; e "Vintage 2005": um vintage novo quase perfeito. Ambos Niepoort.

domingo, novembro 18, 2007


Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002

Já aqui escrevemos sobre os vinhos da Quinta da Sequeira. Após diversas provas a praticamente toda a gama, podemos atestar a qualidade e longevidade dos diversos néctares, do "porta-estandarte" rosé até ao recente topo de gama (que comentaremos em breve), passando pelo nosso predilecto o branco vinhas velhas. Podemos atestar também as qualidades humanas do casal Mário Jorge e Graça, cuja dedicação e simpatia constitui certamente um exemplo no sector e suplanta os poucos anos que levam de actividade.

Imagine por isso o leitor a nossa satisfação ao ler a recente reportagem que a Revista dos Vinhos fez sobre a Quinta da Sequeira e confirmar que a opinião que sempre divulgámos sobre os seus vinhos não é, afinal, apenas a nossa.

Pois bem, foi num começo de noite sem muita história em Sintra que resolvemos voltar à Quinta da Sequeira. Tínhamos um amigo para jantar, que entretanto se atrasou, e preparámos um arroz selvagem de cogumelos (portobello e paris) salteado em finos rojões de porco preto com pesto. O regresso àquela quinta do Douro Superior fez-se então com o "Grande Escolha (T) 2002", e com a prova (mais do que provada…) que tal colheita foi capaz de proporcionar tintos bem interessantes na região.

A cor mostra vivacidade, ainda escura e impenetrante, apenas com uma pequena marca de evolução no rebordo do copo. O nariz é intenso, com fruta sobremadura e um pouco de anis no ataque inicial. Depois surgem notas a amêndoa, chegando mesmo a lembrar licor de amêndoa amarga (mas sem desequilibrar), e alguns tostados da madeira não totalmente integrada, num conjunto de complexidade média-alta. Enfim, tudo como que a dizer que ainda tem anos pela frente. A boca confirma o veredicto de propensão para a longevidade com fruta vermelha em grande quantidade e acidez franca. Final persistente com moderada elegância e que poderá ainda melhorar com o estágio em garrafa. O meu amigo Tiago Panão gostou tanto que jurou não mais se atrasar...

Em suma, um tinto de alta patente num ano difícil. A menos de € 20 e para beber nos próximos 5 anos.

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Próximos vinhos: Calços do Tanha Reserva (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004.

domingo, novembro 11, 2007


Quinta do Cerrado (T) Reserva 2003


A União Comercial da Beira, com sede em Carregal do Sal, tem vindo a obter bons resultados com a recente dinamização dos vinhos da região do Dão, tanto tintos como brancos (ou melhor e brincando um pouco, tanto tourigas como encruzados, as castas mais "dinâmicas" no momento). Por isso não surpreende a existência de vários produtos da empresa para além do tinto ora provado; entre eles, destaca-se o topo de gama "Lagares do Cerrado" e as monocastas brancas encruzado (a nossa predilecta) e malvasia e as tintas roriz e touriga.

De toda a gama Quinta do Cerrado, este tinto reserva em prova será porventura o vinho mais conhecido do consumidor, posto que não há feira de vinhos em hipermercado na qual não marque presença. Pelos vistos - i.é, pelo que provámos - ainda bem...
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É que se no copo tem cor vermelha escura perto de se tornar granadil, com bastante transparência e auréola diluída, já no nariz está muito curioso, não parecendo abrir (mesmo com tempo e decantado) e sentindo-se ainda um pouco a madeira (com notas tostadas) a tapar o fruto vermelho. Um pouco de casca de amêndoa, referências a caruma e outras mais torradas, final com um carácter levemente floral a dar um "ar da sua graça". Na boca é fugaz, ainda que mostre ter bom ataque inicial. Está levezinho, de corpo esguio, com acidez acentuada que aconselha a forte gastronomia da região. Não nos resultaram evidentes as castas que compõe este lote (são a touriga, a roriz e a jean diz-nos o produtor), mas o perfil é claramente Dão!

Se está a pensar comer um cozido sem couve (apesar deste tempo quente não ajudar), e apenas pretende ou pode gastar € 5,50, este tinto será uma boa opção. Acresce que está à venda na maioria das grandes superfícies. Muito acessível portanto.

15,5

Próximos vinhos: Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Reserva (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004.

quarta-feira, novembro 07, 2007


Quinta do Infantado Reserva (T) 2003

Era a primeira vez que o amigo Honorato ia lá casa e, também por isso, brindámos a sua entrada com um espumante. Esse espumante ajudou, pouco depois, a confecção de um risoto de espargos e cogumelos o qual, por sua vez, mereceu um acompanhamento à altura (do amigo e do risoto, dizemos com pouca modéstia). Qual então o acompanhamento? O Quinta do Infantado Reserva 2003, o primeiro reserva desta quinta da família Roseira, bem perto do Pinhão, que faz muito que produz Porto.

No nariz está, simplesmente, com um bouquet que se coloca entre os melhores do Douro! Claramente a apostar na elegância, tem fruto de qualidade sedutor e muita barrica afinada e, desde já, integrada. Tem ligeiras referências a LBV (que o calor do ano pode explicar), todavia estas não estão impositivas, pois a elegância apresentada evita qualquer laivo mais abrutalhado.

Na boca entra macio, com ligeira concentração, tem um certo carácter lácteo que o torna encorpado mas sem quaisquer exageros (nada químico). Com poucas arestas e sem "pontas soltas", é um tinto de matriz duriense que já dá grande prazer. É, aliás, um verdadeiro "vinho de prazer", e exibe, com orgulho, um daqueles finais longos e acetinados de fazer chorar por mais.

Uns dias depois, o amigo Honorato confessou-nos que gostou muito (do vinho, pois claro) e que tinha ficado com vontade de mais. Também nós... também nós. E o preço ajuda: a menos de € 25 é uma grande compra.

17,5


Próximos vinhos: Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Res. (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Res. (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004

segunda-feira, novembro 05, 2007



Encontro com o Vinho e Sabores

Mais um "Encontro com o Vinho e Sabores" que passou pela ex-Fil neste fim-de-semana. No Domingo (Sábado é sempre uma confusão...) esteve muita gente, mas menos gente do que no último ano, pelas nossas contas absolutamente não rigorosas. Por outro lado, pareceu-nos ver mais gente nova e mais público feminino, o que é sempre um excelente sinal. A organização esteve ao melhor nível e, tirando uma ou duas excepções, a grande parte dos produtores nacionais marcou presença, em muitos casos, apresentando mesmo os melhores vinhos (o que nem sempre acontece).

Nestes eventos, já se sabe, não se pode provar muito, pois corre-se o risto de gostar e começar a beber (em vez de só provar). Em todo o caso, sempre ficam algumas saudades de um ou outro vinho degustado. No nosso caso, saudades do magnífico Garrafeira do Comendador (T) 2003 da Adega Mayor, do energético Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2004, do polido e delicioso Gouvyas Vinhas Velhas (T) 2005, do enigmático Vallado Adelaide (T) 2005, e do potente Júlio B. Bastos (T) 2005. Tudo tintos.

Foi assim…

terça-feira, outubro 30, 2007


Novidades e mais novidades

» Doudão (T) 2005: É o novo "Dado" e talvez esteja melhor do que nunca: muita cor, fruta e acidez no ponto. Para beber já é preciso estômago forte e comida a preceito, mas não temos dúvidas que irá melhorar em garrafa. (16,5-17)

» O Mouro (T) 2005: É um regresso de um vinho com uma história muito curiosa. Resumindo em pouquíssimas palavras: Viegas Louro não gostou de um determinado lote da colheita de 2000 - achou-o "verde e ácido" - e Dirk Niepoort, depois de o provar, comprou-o todo e comercializou-o com a chancela O Mouro. Desta feita, em 2005, Dirk teve intervenção directa na produção do vinho e o resultado está bem à vista: um dos vinhos do Alentejo com menos perfil alentejano… seco, directo, menos guloso que o habitual mas muito gastronómico e já a demonstrar complexidade. Um vinho que prima pela curiosidade e pela mais que certa adaptabilidade à mesa. Muito interessante, a conhecer sem falta! (16,5-17)

» Esporão Private Selection (T) 2004: É o regresso ao mais alto nível do estilo presente na colheita de 2001 (e que 2003 interrompeu com um estilo demasiado frutado). Um vinho muito sério onde a fruta e as notas da barrica se fundem na perfeição. É um vinho que impressiona e é incontornável para qualquer enófilo. (17,5-18)

segunda-feira, outubro 29, 2007

Novidades e novidades

» Giro Sol loureiro (B) 2006: Finalmente Dirk Niepoort faz um vinho verde. À imagem do que pensa ser um estilo a desenvolver, temos aqui um branco algo seco, com pouco álcool (menos de 10º). Menos frutado do que a maioria dos 100% loureiro será certamente uma boa aposta para apertitivo. (15-15,5)


» Soalheiro Primeiras Vinhas (B) 2006: Cor carregada, nariz exuberante. Boca cheia, é um alvarinho do estilo maduro mas sem ser "madurão". Referências puras à casta e um final inesquecível. Um alvarinho a um nível muito alto. (17-17,5)

sexta-feira, outubro 26, 2007


Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001

Chegou-nos aos ouvidos uns zuns zuns no sentido deste tinto estar a "dar as últimas". As vozes eram muito avisadas, pelo que não hesitámos em abrir uma garrafa para perceber se, além de avisadas, tais vozes eram, in casu, acertadas.

Sucede, que de acordo com o exemplar que abrimos, nenhuma razão de alarme existe. "Que se deixem de ouvir tais as vozes!" O vinho está, a nosso ver e numa única palavra, óptimo.

É evidente que a fruta que habitava na botelha está já de malas aviadas mas, também é verdade, que aquele travo a azeitona verde que tanto gostámos no passado persiste… talvez agora até esteja mais marcado, como que a recordar-nos que o alicante bouschet anda por estas bandas. É evidente também que o nariz não está tão sensual nem bruto como no seu início de vida, mas mantém uma óptima prova, muitíssimo mais complexa do que no passado, a fazer mesmo esquecer a tenra idade das vinhas que estão na sua base. Aqui e ali um pouco de fruta em passa (mas não muito doce), aqui e ali notas fantásticas da integração da barrica com o vinho… como seja café, algum fumo… enfim tudo muito bom.

Na boca está mais fresco em relação a provas anteriores, mas também mais complexo, taninos domados mas não "desaparecidos em combate". Está, neste momento da sua vida, elegante ainda que com uma marca vegetal e rústica. É certo: está longe de ser uma "bomba de fruta". Tem isso algum mal? Não… muito pelo contrário, dizemos nós.

17,5


Próximos vinhos: Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Res. (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Res. (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Res. (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004

segunda-feira, outubro 22, 2007


Churchill's LBV (P) 2000

De volta às provas individuais, quedámo-nos por um Churchill's LBV (P) 2000, um LBV que não aparenta os anos que já leva de tal modo é forte o seu impacto inicial.

Como vem regra na casa, apresenta muita fruta no nariz - nada aqui é seco ou fechado - a mostrar que se pode, e recomenda, beber já. Muito guloso na boca, cheio, intenso e vibrante, está aqui um belo LBV para quem gosta de vintages novos (se é que isto faz algum sentido).

Com algum arejamento vem a complexidade esperada de um Porto que já leva alguns anos em garrafa, mas a tónica é sempre um fruto muito maduro a "puxar" ao estilo vintage. Ainda terá uns anos pela frente mas dada a sua natureza de LBV não vemos vantagens na guarda.

16,5


Próximos vinhos: Francisco Nunes Garcia Res. (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Res. (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Res. (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Res. (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004

segunda-feira, outubro 15, 2007

Vinhos com (e de) Rui Cunha

Conhecer as quintas e os produtores aos quais Rui Cunha presta assessoria é um prazer. Conhecer essas quintas, e os seus proprietários, na companhia do próprio Rui Cunha não é apenas um prazer – é uma autêntica regalia! E conhecer com o próprio os seus projectos pessoais é um privilégio ainda mais especial. Pronto... está tudo dito! E qualquer objectividade, imparcialidade ou rigor no relato que se segue das provas está "contaminada", dirá o leitor. Tentaremos que assim não seja...
Dos vários vinhos provados ao longo de dois dias e meio – para uma descrição das visitas ver o texto dos amigos vinho a copo -, aqui fica o conjunto dos nossos destaques. A saber:

OS NOSSOS PREDILECTOS:
» Valle Pradinhos (T) 1992: Legado do tempo em que Nicolau de Almeida era o enólogo da casa. Um corpo estruturado e uma vibrante acidez "carregam ao colo" um fruto vermelho macio e redondo. Ainda com vida pela frente, é um vinho elegante e com uma pattine inesquecível. Foram provadas 3 garrafas – e todas elas em condições! (17,5-18)
» Campo Ardosa RRR (T) 2000: Provado defronte dos próprios vinhedos numa manhã fria de vindima. Numa mini-vertical, este RRR 2000 foi o que mais nos "agarrou" com o seu nariz frutado e uma boca cheia de garra. Final de boca inesquecível, está aqui um vinho potente mas (já) equilibradíssimo e pode ser guardado. Grande tinto! (17,5-18)
» Covela Colheita Seleccionada (B) 2004: Da região "entre Douro e Minho" está um branco fascinante e de corpo cheio. Complexo, muito mineral, é um branco deveras sério que não vira a cara à luta em qualquer combinação gastronómica por mais exigente que seja. (16-16,5)

AS SURPRESAS:
» Crooked Vines (T) 2005: Provado em magnum, é um tinto moderno (tal como o rótulo), sedutor e de perfil internacional. Bom trabalho com a madeira que se sente mas não se impõe. Fruta sobremadura e um final quente e picante que aponta mais para o consumo do que para a guarda. Um tinto de puro deleite que fará a alegria de muitos consumidores. (16,5-17)
» CM Romeu (PB) 1974: Belíssimo Porto branco da Soc. Agrícola Menéres a fazer-nos lembrar alguns madeiras (de bual). Untuosidade máxima, doçura cativante e boca de veludo. Final impressionante. Grande Porto branco. (17-17,5)
» Vista Alegre Old White (PB) s/idade: Outro Porto branco, este com cerca de 20 anos. Temos aqui um blend potentíssimo e um conjunto de aromas que remetem para flor de laranjeiro, casca de limão confitada e notas meladas - tudo num estilo curiosamente próximo de um tawny. (16,5-17)
» Quinta dos Avidagos Reserva (T) 2005: Por menos de €8 temos aqui um tinto muito gastronómico com fruta e força suficientes para acompanhar qualquer prato de carne. Num perfil muito duriense será uma excelente compra e está disponível em grandes superfícies (no "Continente"). (15,5-16)
» Sousa Lopes (B) 2006: Surpreendente branco de uvas plantadas próximo de Famalicão. Feito a partir das castas loureiro e chardonnay, está muito citrino, de perfil fácil e directo, mas brinda-nos com um tique de originalidade (talvez da pouco usual combinação das castas) muito feliz. Também por isso, parabéns ao enólogo Gonçalo Lopes. (15-15,5)

AS CONFIRMAÇÕES:
» Secret Spot (T) 2004: No seu lançamento, faz cerca de um ano atrás, estava já interessante a mostrar fruta vermelha e madeira presente, mas não se distinguia de outros bons tintos da região. Agora, um ano depois, está muito mais elegante, fino na entrada de boca e final mais prolongado. Reúne, em suma, um conjunto muito significativo de atributos: fruta de qualidade, elegância e complexidade. É um vinho muito sério que merece copos a preceito. (17-17,5)
» Valle Pradinhos Reserva (T) 2004: Já está com menos "pêlo na venta" do que na nossa primeira prova (ver aqui). Mantém uma fruta vermelha fabulosa e uma acidez cativante. Talvez o melhor cabernet português (mas tem ainda tinta amarela) que conhecemos. Não é arriscado vaticinarmos muitos anos de vida a este belíssimo tinto. (17-17,5)
» Quinta do Além-Tanha V.V. (T) 2004: Confirmação de um tinto que melhora a cada colheita que passa (para o 2001 ver aqui, para o 2003 aqui). O estilo sobremaduro está agora menos evidente mas a fruta preta de qualidade mantém-se. É um vinho difícil de não gostar e tem um final macio e encantador. (16,5-17)
» Apegadas Qta Velha (T) 2005: Nariz fechado, tudo muito longe... mas vai-se adivinhando o estilo, pois rusticidade e alguma dureza parece ser a marca da casa. Melhora na boca, fruta saborosa, acidez franca. Irá, em princípio, evoluir muito bem e tem um perfil gastronómico que combinará muito bem com pratos fortes. (16-16,5)

Foi assim...

sexta-feira, outubro 12, 2007


Mais vale tarde do que nunca

Apercebo-me que já devia ter colocado os links de dois recentes blogs sobre vinhos que muito merecem uma visita atenta. Ao Pumadas e ao Pinga Amor o desejo de venturas e de óptimos posts.

domingo, outubro 07, 2007


Prova: 6 tintos do Dão

Tratava-se de mais uma prova cega de seis vinhos levada a cabo por seis amigos (ver provas anteriores aqui e ali). Desta feita, o lema era "Tintos recentes do Dão". Como é política destas coisas, decantou-se cada vinho cerca de 40m antes da prova e atribuiu-se a cada decanter um número de 1 a 6. A prova foi constituída por uma fase sem qualquer comida e outra na qual foi acompanhada de uma refeição leve. Ao longo da prova verificou-se que "em jogo" estavam diferentes estilos de Dão o que, desde logo, revela que a região não anda parada, e que o consumidor tem por onde escolher... vejamos melhor:

O vinho que se revelou como o mais duro da mesa (apesar de para alguns isso ser "autenticidade") foi, curiosamente, o único produzido por uma senhora: foi o Lokal Sílex (T) 2004 da produtora e enóloga Filipa Pato. De facto, não esteve nada bem no nariz (começou reduzido, depois passou por uma fase de mofo, enfim…) mas melhorou significativamente na boca onde, já redondo e afinado, terminou com referências a fruta amarga e, outras mais curiosas, a carne.
Empatados em quarto lugar ficaram dois vinhos. O primeiro deles foi o Barão de Nelas Reserva (T) 2003, um tinto com notas de chá doce no nariz, boca fina e elegante mas com ligeiro travo a água-pé; o outro foi o Vinha de Reis (T) 2004 que, apesar de também ter começado por despontar no nariz (inclusive um ligeiro mas muito desagradável odor a pano molhado), esteve muito bem na boca onde revelou um estilo mais quente e internacional do que os vinhos referidos anteriormente.
Depois, no último lugar do pódio surgiu o Munda (T) 2004, num perfil todo ele muito intenso: nariz fortemente frutado (eg., líchias) e floral por vezes mesmo alicorado, boca potente e larga - uma pequena "bomba". Já um degrau acima ficou o Quinta da Garrida Touriga Nacional (T) 2003, muito torrado no nariz (seria da madeira?) combinou um precoce bouquet a frutas secas com uma boca equilibradíssima, elegante e final prolongado – claramente a melhor relação preço-qualidade dentro do grupo.

O primeiro prémio absoluto foi para o vinho com o perfil mais moderno e sedutor… nariz vinioso, notas soltas a tinta-da-china, muito corpo na boca, pesado mas sem perder qualquer laivo de graciosidade – é um grande vinho este Quinta do Perdigão Touriga Nacional (T) 2004 (já o provámos com mais detalhe aqui) !

Foi assim…

terça-feira, outubro 02, 2007

Feiras de vinhos: Destaques

"ECI" com uma boa selecção e a bons preços, mais caro que o habitual temos o "Continente", e em grande forma (como nos habituou) a feira no Jumbo. Faltam nesta lista o "Carrefour" e o "Feira Nova". O "Pingo Doce" nem se fala… Assim vão as feiras de vinhos nesta versão 2007.

Jumbo:
Prova Régia (B) 2006 - € 2,97
Catarina (B) 2006 – € 3,48
Deu la Deu (B) 2006 – € 5,29
Valle Pradinhos (T) 2003 - € 7,28
Quinta da Mimosa (T) 2004 – € 7,98
Quinta do Gradil (T) 2003 - € 9,95
Evel Grande Escolha (T) 2004 - € 13,85

ECI:
Vila dos Gamas Antão Vaz (B) 2006 – € 1,49
Prova Régia (B) 2006 – € 3,25
Quinta do Penedo (T) 2006 – € 4,35
Bajancas (B) 2006 – € 4,95
Casa da Atela TN (T) 2005 - € 4,95
Quinta do Infantado (T) 2004 – € 6,45
Casa Burmester Reserva (T) 2005 – € 10,95

Continente:
Catarina (B) 2006 – € 3,99
Quinta do Cerrado Encruzado (B) 2006 – € 4,98
Deu la Deu (B) 2006 – € 5,49
Burmester white porto (P) – € 6,99
Couteiro-Mor Reserva (T) 2004 – € 7,99
Meandro (T) 2004 – € 8,39

segunda-feira, outubro 01, 2007


Geol (T) 2003

Tomàs Cusiné já era um valor seguro da enologia em Costers del Segre quando, tinha mais de 20 anos de experiência, decidiu iniciar um novo e pessoal projecto vinícola. Conhecedor da região, instalou a adega no pueblo de El Vilosell, no município de Les Garrigues (Lleida), não muito longe da afamada região de Priorat.

O seu vinho de entrada carrega o nome de Vilosell e é feito a partir um lote curioso de 50% de tempranillo, 25% de cabernet sauvignon, e o resto de garnacha, syrah e merlot. Já o actual topo de gama - denominado Geol - é um lote maioritariamente composto por merlot e cabernet sauvignon. Vejamos:

São pouco mais de 20 mil as garrafas produzidas deste lote muito "afrancesado", sujeito a fermentação a 24-26ºc de temperatura, maceração durante 10 dias, e madeira nova de carvalho francês durante 10 meses. Apesar de todos estes (e outros) mimos, a garrafa que nos coube não agradou de sobremaneira.

Cor cereja escura com auréola clara. Nariz intenso é certo… mas intenso a anis (o que não apreciamos), acrescido de uma sensação de excesso de grau (mas 14.5º não explica tudo)! Em rigor, temos aqui um bouquet algo enjoativo dadas as referências impositivas a canela, bolo de mel, licor de ervas e amêndoa amarga. Está bem melhor na boca (pudera…) com fruta vermelha fresca, boa acidez e final médio com impacto proveniente da madeira nova.

Um vinho que vai agraciando alguma fama por Espanha (e um pouco pela Europa), mas que a nós não nos agradou "por aí além". Fica, em todo o caso, o registo de um vinho curioso, com fruta viva e fresca na boca, mas com um nariz excessivamente enjoativo que prejudica a prova e que retira qualquer hipótese de uma aptidão gastronómica.

15



Próximos vinhos: Churchill LBV (P) 2000; Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Reserva (T) 2003.

quinta-feira, setembro 27, 2007


Apontamentos...

3 vinhos tintos muito interessantes com os quais nos cruzámos recentemente em prova cega.
A saber:
Conceito (T) 2005 (s/ rótulo): intenso, ainda jovem, muita força bruta, vamos ver como evolui;
Quinta da Levandeira do Roncão Grande Escolha (T) 2003 – perfil clássico do Douro, perfumado e gastronómico (boa aposta se o preço for honesto);
Quinta do Lubazim (T) 2005 - curioso, interessante, um pouco fechado ainda, se melhorar em garrafa será um caso sério.

quarta-feira, setembro 26, 2007



Mirto (T) 2002

Ramón Bilbao foi um dos vários produtores de La Rioja a compreender a necessidade de modernizar o perfil dos seus tintos. Este Mirto surge como o seu topo de gama. Pois bem, 5 anos após a colheita, e mais de 3 anos em garrafa, continuamos a ter aqui um projecto (magnífico) de vinho. Dizemos "projecto" pois ainda é preciso esperar por ele, tanta é a força que demonstra ter, bem patente, aliás, na opacidade da sua cor violeta.

No nariz cativa apesar de se mostrar fechado (ou por isso mesmo...). Mas "tem lá tudo"; ou seja: camadas de fruta preta viciosa e madeira sedutora. Na boca mostra enorme estrutura, é fresco, de acidez fantástica e taninos monstruosos. Referências a petróleo, alcatrão, torrados, e tinta-da-china, tudo isto e mais um final elegante e frutado. É possível? É pois!

Um vinho quase perfeito com muitos anos pela frente.
18

Próximos vinhos: Geol (T) 2003; Churchill LBV (P) 2000; Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Reserva (T) 2003.

terça-feira, setembro 25, 2007

sexta-feira, setembro 21, 2007


Breves sobre brancos

Ainda por Espanha, aqui ficam breves referências a 3 bons brancos que nos acompanharam recentemente por terras calmas. A saber:

Palacio de Bornos Verdejo (B) 2006: Mais uma edição deste branco de Rueda sem madeira. Muito fresco e com preço super competitivo. O seu irmão feito a partir de sauvignon também se recomenda (15,5).

Louro do Bolo (B) 2005: Aproveitando a (justa) fama do topo de gama "As Sorte", Rafael Palacio brinda-nos com este 100% godello, extremamente mineral e cheio de corpo (16).

Raimat Chardonnay Selección Especial (B) 2004: Tudo muito intenso… fruta e madeira mas num registo puro e quase-elegante. O álcool? 14,5º, um autêntico supercharge (16)!



Próximos vinhos: Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003; Churchill LBV (P) 2000; Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Reserva (T) 2003.

terça-feira, setembro 18, 2007


Sierra Cantabria Gran Reserva (T) 1996

Não é preciso acompanhar com afinco desmedido os nossos textos (imagino que ninguém o faça) para constatar que este é um blog que versa, em regra, sobre "a causa nacional". Por outras palavras, a grande maioria dos vinhos provados são néctares produzidos em território nacional ou nos quais participaram enólogos portugueses.

Este statement, todavia, não adere com absoluto rigor à realidade das provas do autor, pois são muitos os vinhos estrangeiros provados com regularidade, com destaque para os espanhóis, franceses e italianos ("venho-mundo", portanto). Todas estas palavras servem para (tentar) justificar que nos próximos textos aparecerão alguns vinhos espanhóis que, por serem (ou se terem, entretanto, tornado) referência no país-vizinho (e não só), mereceram a nossa melhor atenção.

Ora, um desses vinhos provém de um ano fantástico numa das zonas mais conhecidas de Espanha – La Rioja (ver, da mesma região, textos aqui e aqui, entre outros). Em 1996 houve pluviosidade adequada, Outono e Invernos suaves, Primavera fria e um forte aumento de temperatura no Veão. Vinhas velhas, quase todas tempranillo e 24 meses de barrica... e já está!. A casa é a dos irmãos Eguren que dispensam introdução.

Nariz fantástico, já não madeira nem fruta… é uma autêntica "3.ª via" tanto é o refinamento e a integração dos elementos neste tinto. Móvel antigo, couro, de quando em vez notas frescas a lembrar fruta verde… e algum citrino. Boca tranquila, final elegante mas não hiper-persistente.

Com este Gran Reserva, os irmãos Eguren pretendem um tinto "old school", típico da Rioja, e dedicado à guarda. Agora que o provámos, podemos garantir que foi um enorme privilégio e prazer.

17,5


Próximos vinhos: Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003; Churchill LBV (P) 2000; Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003

segunda-feira, setembro 17, 2007


Vila Santa (T) 2004

Lembro-me de, faz já vários anos, ter entrado num "wine bar" em La Coruña. Creio que se chamava Cienfuegos, mas não tenho a certeza. O que sei é que o proprietário andava louco com um precioso tinto português.
Dizia-me esse proprietário que era dos melhores tintos que já provara e que era uma bagatela pois custava menos de 2.000 pesetas, custos de transportes incluídos. Tinha encomendado várias caixas e aquele era o seu tinto bestseller na venda a copo. Era um "Vila Santa" de João Portugal Ramos!

Este de 2004 revela uma tonalidade cereja média-escura. Nariz que começa fresco (primeiros minutos) mas rapidamente (após arejamento) surge a fruta muito madura. Compotas, ameixa, toda a panóplia de fruta negra do calor alentejano. Na boca, o toque fresco inicial no nariz reproduz-se numa acidez curiosa.

Está muito bom este tinto, nada pesado ou docinho. Caruma, algum grão de café, a madeira dá-lhe a dose certa de complexidade e rusticidade... a fruta agradece. Tem boa ligação gastronómica e é um dos melhores valores-seguros do Alentejo com excelente relação preço/qualidade. A beber já, mas pode guardar por 5 anos pois a longevidade é outro dos atributos deste belo tinto.

17


Próximos textos: Sierra Cantabria Gran Reserva (T) 1996; Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003; Churchill LBV (P) 2000; Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001

sábado, setembro 15, 2007


Duas Quinta Celebração (T) s/data

É caso para celebração, pois se não fossem as gravuras rupestres a Quinta da Ervamoira estaria submersa, pelo menos parcialmente. Por isso foi feito um lote de diferentes anos da Quinta da Ervamoira, elaborado propositadamente para a celebração dos 10 anos da decisão da "Não construção da barragem de Foz Côa". Ora, para mim, aquela é a quinta com o cenário mais majestoso em todo o Douro e Trás-os-Montes!

Quanto ao vinho: cor vermelha forte, depois… muita fruta madura. Nariz irrequieto, com especiaria e domínio para a vertente fruta mas sem a complexidade (por nós) desejada (apesar de um travo balsâmico percorrer o copo arejado). Quente na entrada de boca, fruta preta e algum álcool. Boca macia, aveludada até.

Um bom tinto, descomprometido e moderno. Acompanhará bem carnes. Hum… porque não uns panadinhos de porco preto com arroz-feijão. A menos de € 12.

16

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Próximos textos: Vila Santa (T) 2004; Sierra Cantabria Gran Reserva (T) 1996; Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003; Churchill LBV (P) 2000; Franciso Nunes Garcia Reserva (T) 2001

terça-feira, setembro 04, 2007



Vértice Grande Reserva (Esp.) Bruto 1992

A tradição (e as regras) dizem que espumante é para beber pouco depois do seu engarrafamento. Mas, bem vistas as coisas, estas duas garrafas sempre fugiram à tradição, tanto mais que foi por iniciativa do produtor que foram leiloadas (para fins humanitários) faz cerca de ano e meio. No dia seguinte ao do leilão abrimos uma dessas garrafas (nosso texto de então aqui). Gostámos tanto que resolvemos arriscar e fazer uma loucura: dar-lhe mais um ano de garrafa a juntar aos quase 13 que, então, já levava.
Acabou por sair bem a "brincadeira" e o vinho manteve as mesmas características da prova do ano transacto, talvez até com mais força (sorte com a garrafa!). Cor carregada, assim como os aromas a tosta (perto dos torrados). Corpo muito elegante, agulha positiva, e um final muito longo. A evolução não lhe fez mossa e estava um belíssimo vinho para acompanhar um prato delicado como uma entrada a partir de vieiras.
Obrigado ao Celso pela sugestão.

PS: Claro que a vista maravilhosa da Costa do Castelo (Lisboa) ajudou ao deleite.


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Próximos textos: Duas Quintas celebração (T) s/data; Vila Santa (T) 2004; Sierra Cantabria Gran Reserva (T) 1996; Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003; Churchill LBV (P) 2000; FNG Reserva (T) 2001

quinta-feira, agosto 30, 2007


Casa de Vila Verde Alvarinho (B) 2005


A cor carregada faz adivinhar o estilo... é a fruta madura que domina um nariz pouco complexo. A boca tem textura, uma certa dose de peso faz-se notar (e, por isso, tem de se beber bem fresco), e temos mesmo alguma untuosidade... menos acidez do que espera para um vinho verde, mesmo sabendo que se trata de um alvarinho. A casta está bem definida, mas é pena o impacto da fruta tropical não permitir espaço à mineralidade - não parece ser defeito mas feitio, pelo que cabe provar a colheita de 2006 para tirar as dúvidas (apesar de 2006 ter originado, em regra, verdes menos frescos que 2005). Servido a 10º, servirá bem para acompanhar peixe assado no forno. 14,5

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Próximos textos: espumante Vértice Grande Reserva 1992, Duas Quintas celebração (T) s/data; Vila Santa (T) 2004; Sierra Cantabria Gran Reserva (T) 1996; Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003

terça-feira, agosto 28, 2007


Quinta do Alqueve 2 Words (T) 2003


Cor profunda, muito escura. O calor da região está bem presente pois ambas as castas predominantes (touriga e cabernet) encontram-se bem maduras. Nariz com muita fruta, à qual se juntam sensações vegetais intensas, boca larga e final imponente. Está um pouco marcado pelo ardor do álcool o qual, todavia, não destoa e até torna o vinho redondo e aveludado. Bom tinto do Ribatejo, forte e de carácter moderno. Difícil não gostar e acompanhará bem um naco de novilho. 16


Próximos textos: Casa de Vila Verde Alvarinho (B) 2005; espumante Vértice Grande Reserva 1992, Duas Quintas celebração (T) s/data; Vila Santa (T) 2004; Sierra Cantabria Gran Reserva (T) 1996; Mirto (T) 2002; Geol (T) 2003

sábado, agosto 25, 2007


Prova: Quinta do Perdigão (segunda ronda)

Depois da primeira ronda pelos tintos da Quinta do Perdigão (ver post infra), deixamos agora a nossa impressão do estreme touriga e do reserva, ambos de 2004 e num patamar de qualidade superior aos restantes.
Vejamos:

Quinta do Perdigão Touriga (T) 2004: Cor púrpura muito escura, verdadeiramente viniosa. Nariz definido e marcante: é touriga do Dão! Violeta, bergamota, casca de laranja, frutos secos. Sensações a ardor quente e a algum álcool que podem saturar o consumidor regular de vinhos do Dão. Surpreende pela suavidade que já apresenta na boca (digamos que não é preciso esperar 2 ou 3 anos por ele); bom trabalho na madeira que se sente (e sente-se a suavidade que transmite) mas não impõe aromas ou sabores. Belo corpo, redondo e com estrutura moderna. Pena o final (com músculo, mas de média persistência) que pedia mais. Em suma, um tinto sedutor, elaborado a partir de touriga genuína do Dão à qual foi adicionado uma dose certa de modernidade.
17

Quinta do Perdigão Reserva (T) 2004: Muito escuro no copo, quase opaco. Nariz intensamente floral com o aroma dominado pela touriga numa versão floral mas adocicada. Boca com fruta, corpo macio, não está muito diferente do estilo do estreme touriga (ver supra), num estilo marcadamente guloso. Contudo, como é vinho de lote, apresenta-se já mais equilibrado, mais gastronómico, mas não menos sedutor. Curiosamente (ou não), também está com mais fruta (ameixa) do que o irmão touriga. Já se pode beber mas valerá mais se guardado por um par de anos. Um tinto que não cansa, fresco e franco. Final longo, persistente. Um vinho menos musculado que o touriga, mas mais complexo... o nosso palato agradece e dá-lhe preferência. Muito bom tinto do Dão a preço não exagerado (a menos de € 25). 17,5
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Próximos textos: Quinta do Alqueve 2 Words (T) 2004, Casa de Vila Verde (B) 2005; Espumante Vértice Grande Reserva 1992; Duas Quintas celebração (T) s/ ano.

sexta-feira, agosto 17, 2007


Prova: Quinta do Perdigão (primeira ronda)

Não é a mais antiga quinta do Dão mas afirma-se como a mais premiada desde 1999. José Perdigão, arquitecto de formação, é o proprietário desta quinta que leva o seu nome aos 7 ha. de vinha todos plantados a uma altitude superior a 360 metros. A enologia está a cargo de Helena la Pastina que tem vindo a transmitir, a par da tipicidade da região, um carácter mais moderno e frutado aos tintos produzidos nos solos graníticos e argilosos de Silgueiro, localidade onde se encontra a Quinta do Perdigão.

Com as castas que tradicionalmente são trabalhadas no Dão – touriga nacional, jaen, alfrocheiro e tinta roriz – a Quinta do Perdigão tem vindo a acumular prémios e boas referências na imprensa especializada. Recentemente, nós próprios ficámos surpreendidos quando, em prova cega e perante 6 grandes tintos do Dão, elegemos o Quinta do Perdigão Reserva (T) 2004 como um dos nossos favoritos.

As mais recentes produções no mercado são todas de 2004, à excepção de um alfrocheiro de 2005 e do rosé de 2006. A prova da gama disponível foi divida em dois momentos: numa primeira ronda, provaram-se os Quinta do Perdigão Rosé (R) 2006, Quinta do Perdigão Alfrocheiro (T) 2005 e Quinta do Perdigão Colheita (T) 2004; numa segunda ronda, foi a vez dos afamados Quinta do Perdigão Touriga Nacional (T) 2004 e Quinta do Perdigão Reserva (T) 2004.

Para já, vejamos a primeira ronda dos vinhos provados:

Quinta do Perdigão Rosé (R) 2006: Para quem está convencido que a cor dos rosés é toda igual este vinho será um curioso desafio tal é o seu tom groselha repleto de laivos violeta e roxos (flor de pessegueiro japonês, diz-nos o rótulo). Depois surge-nos no nariz e na boca um rosé seco e sério; tão sério que admito ser o menos exuberante que já provei da colheita de 2006. Corpo, estrutura e álcool (13% vol.), este é um rosé gastronómico que poderá, contudo, ser servido de aperitivo dado a sua forte secura. Nariz fechado e fresco de pequena/média intensidade. Com ligeiro aquecimento e forte arejamento no copo surgem as notas aromáticas a fruta madura (papaia, damasco) e um ligeiro funcho (do tipo rebuçado madeirense). A boca é gorda, untuosa mesmo, e não existem por aqui referências soltas a fruta vermelha. Final picante e persistente. Um belo rosé que não tem qualquer razão para ser tão tímido. 15,5

Quinta do Perdigão Alfrocheiro (T) 2005: Cor cereja não muito escura. Como é habitual na casta, começa com muita fruta doce no nariz. A boca está mais fresca e com ligeiro toque floral interessante. Pouco depois, surge um nariz a baunilha e caramelo (do tipo refrigerante cola) guloso que não chega, todavia, a incomodar. Cerca de ½ hora depois encontram-se referências minerais e a "coisa fica mais séria" - nós agradecemos! Final médio com persistência mineral. Se servido bem fresco (perto dos 15º), trata-se de um dos mais complexos e interessantes varietais de alfrocheiro que provámos este ano. 15,5

Quinta do Perdigão Colheita (T) 2004: Cor cereja escura com auréola ligeiramente grená. Nariz de intensidade média marcado pelo cariz floral. Sente-se a touriga e pressente-se a jaen e o alfrocheiro. Corpo cheio, redondo e de interessante complexidade. Boca larga, fruta vermelha (do tipo não doce), final longo picante envolto em especiarias. No final da prova o nariz está mais doce e menos floral - é a vez de amoras e cassis dominarem o aroma. Bom trabalho na madeira a qual já está perfeitamente integrada. Em suma, é um tinto equilibrado, fresco, de forte pendor gastronómico, mas que não deixa de revelar um lado sedutor, infelizmente pouco comum nos pares da região.
16,5


Próximos textos: Quinta do Alqueve 2 Words (T) 2004, Casa de Vila Verde (B) 2005; Espumante Vértice Grande Reserva 1992; Duas Quintas celebração (T) s/ ano

quinta-feira, agosto 09, 2007


Visita à Quinta da Gricha (Churchill's)

John Graham é a alma e rosto da firma Churchill’s. Aliás, só por razões legais - a marca Graham já estava registada é usado por outra conhecida firma - é que a empresa não tem o seu apelido. No início, em 1981, a empresa não sentiu a necessidade de comprar quintas pois "recebia" as melhores uvas de quintas hoje muito conhecidas. Mas, como todos os gentlement agreements acabam por ruir (nem que seja com a morte de uma das partes), John Grahm deixou de beneficiar dessas uvas e teve que comprar terra com vinha. E foi assim que adquiriu duas quintas: a Quinta do Rio, localizada no rio Torto, e a Quinta da Gricha. Tivemos a oportunidade, e o privilégio, de visitar esta última.

A quinta, com um total de 100 hectares, situa-se num local de difícil acesso, mas, apesar da estrada ser complicada de se percorrer (entre alguns penhascos até), é impossível a viagem correr mal pois o pior cenário é perdermo-nos e correr o risco de ir ao encontro das duas quintas mais próximas, nada menos que a Quinta de Roriz ou a Quinta da Tecedeira… nada mau, portanto.

Após uma breve explicação da história da firma Churchill's (by the way, "Churchill" é o apelido da mulher de John), e de um dedo de conversa com Maria Emília Campos (desde o primeiro momento junto da empresa e actual representante de vinhos estrangeiros), foi tempo de prova e almoço mesmo junto aos antigos lagares da quinta.

Logo depois de um Porto branco, foi tempo de começar por provar um Gricha (T) 2002, vinho produzido a partir de vinha misturada com cerca de 20 anos e touriga nacional. Está pois um vinho interessante, com boa evolução e alguma elegância (pelo menos merece uma nota 16). Depois, foi a vez de um Gricha (T) 2005, preto na cor, com um belo nariz, corpo empactante e muito grastronómico. Esta foi, aliás, uma das melhores surpresas do dia (para este belo Gricha uns belos 17 valores) pelo que importa não esquecer este tinto. Houve tempo (e barriga) para um Churchill’s Estates (T) 2005, mais fresco, complexo e equilibrado que o famigerado (mas muito popular) Churchill’s Estates (T) 2004 (e por isso fica com uns 16).

Finalmente os Portos: um Quinta da Gricha Vintage (P) 1999, um belo single quinta mas absolutamente fechado, e a merecer bom descanço (e por isso não leva nota); e um óptimo Churchill’s Vintage (P) 1997, com um perfil quente, de um ano clássico (e também ele quente), com vários anos pela frente mas já preparado para o consumo, com muitas notas doces a lembrar uva passa e um excelente final (17,5).

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Foi assim…