terça-feira, outubro 30, 2007


Novidades e mais novidades

» Doudão (T) 2005: É o novo "Dado" e talvez esteja melhor do que nunca: muita cor, fruta e acidez no ponto. Para beber já é preciso estômago forte e comida a preceito, mas não temos dúvidas que irá melhorar em garrafa. (16,5-17)

» O Mouro (T) 2005: É um regresso de um vinho com uma história muito curiosa. Resumindo em pouquíssimas palavras: Viegas Louro não gostou de um determinado lote da colheita de 2000 - achou-o "verde e ácido" - e Dirk Niepoort, depois de o provar, comprou-o todo e comercializou-o com a chancela O Mouro. Desta feita, em 2005, Dirk teve intervenção directa na produção do vinho e o resultado está bem à vista: um dos vinhos do Alentejo com menos perfil alentejano… seco, directo, menos guloso que o habitual mas muito gastronómico e já a demonstrar complexidade. Um vinho que prima pela curiosidade e pela mais que certa adaptabilidade à mesa. Muito interessante, a conhecer sem falta! (16,5-17)

» Esporão Private Selection (T) 2004: É o regresso ao mais alto nível do estilo presente na colheita de 2001 (e que 2003 interrompeu com um estilo demasiado frutado). Um vinho muito sério onde a fruta e as notas da barrica se fundem na perfeição. É um vinho que impressiona e é incontornável para qualquer enófilo. (17,5-18)

segunda-feira, outubro 29, 2007

Novidades e novidades

» Giro Sol loureiro (B) 2006: Finalmente Dirk Niepoort faz um vinho verde. À imagem do que pensa ser um estilo a desenvolver, temos aqui um branco algo seco, com pouco álcool (menos de 10º). Menos frutado do que a maioria dos 100% loureiro será certamente uma boa aposta para apertitivo. (15-15,5)


» Soalheiro Primeiras Vinhas (B) 2006: Cor carregada, nariz exuberante. Boca cheia, é um alvarinho do estilo maduro mas sem ser "madurão". Referências puras à casta e um final inesquecível. Um alvarinho a um nível muito alto. (17-17,5)

sexta-feira, outubro 26, 2007


Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001

Chegou-nos aos ouvidos uns zuns zuns no sentido deste tinto estar a "dar as últimas". As vozes eram muito avisadas, pelo que não hesitámos em abrir uma garrafa para perceber se, além de avisadas, tais vozes eram, in casu, acertadas.

Sucede, que de acordo com o exemplar que abrimos, nenhuma razão de alarme existe. "Que se deixem de ouvir tais as vozes!" O vinho está, a nosso ver e numa única palavra, óptimo.

É evidente que a fruta que habitava na botelha está já de malas aviadas mas, também é verdade, que aquele travo a azeitona verde que tanto gostámos no passado persiste… talvez agora até esteja mais marcado, como que a recordar-nos que o alicante bouschet anda por estas bandas. É evidente também que o nariz não está tão sensual nem bruto como no seu início de vida, mas mantém uma óptima prova, muitíssimo mais complexa do que no passado, a fazer mesmo esquecer a tenra idade das vinhas que estão na sua base. Aqui e ali um pouco de fruta em passa (mas não muito doce), aqui e ali notas fantásticas da integração da barrica com o vinho… como seja café, algum fumo… enfim tudo muito bom.

Na boca está mais fresco em relação a provas anteriores, mas também mais complexo, taninos domados mas não "desaparecidos em combate". Está, neste momento da sua vida, elegante ainda que com uma marca vegetal e rústica. É certo: está longe de ser uma "bomba de fruta". Tem isso algum mal? Não… muito pelo contrário, dizemos nós.

17,5


Próximos vinhos: Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Res. (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Res. (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Res. (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004

segunda-feira, outubro 22, 2007


Churchill's LBV (P) 2000

De volta às provas individuais, quedámo-nos por um Churchill's LBV (P) 2000, um LBV que não aparenta os anos que já leva de tal modo é forte o seu impacto inicial.

Como vem regra na casa, apresenta muita fruta no nariz - nada aqui é seco ou fechado - a mostrar que se pode, e recomenda, beber já. Muito guloso na boca, cheio, intenso e vibrante, está aqui um belo LBV para quem gosta de vintages novos (se é que isto faz algum sentido).

Com algum arejamento vem a complexidade esperada de um Porto que já leva alguns anos em garrafa, mas a tónica é sempre um fruto muito maduro a "puxar" ao estilo vintage. Ainda terá uns anos pela frente mas dada a sua natureza de LBV não vemos vantagens na guarda.

16,5


Próximos vinhos: Francisco Nunes Garcia Res. (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Res. (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Res. (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Res. (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004

segunda-feira, outubro 15, 2007

Vinhos com (e de) Rui Cunha

Conhecer as quintas e os produtores aos quais Rui Cunha presta assessoria é um prazer. Conhecer essas quintas, e os seus proprietários, na companhia do próprio Rui Cunha não é apenas um prazer – é uma autêntica regalia! E conhecer com o próprio os seus projectos pessoais é um privilégio ainda mais especial. Pronto... está tudo dito! E qualquer objectividade, imparcialidade ou rigor no relato que se segue das provas está "contaminada", dirá o leitor. Tentaremos que assim não seja...
Dos vários vinhos provados ao longo de dois dias e meio – para uma descrição das visitas ver o texto dos amigos vinho a copo -, aqui fica o conjunto dos nossos destaques. A saber:

OS NOSSOS PREDILECTOS:
» Valle Pradinhos (T) 1992: Legado do tempo em que Nicolau de Almeida era o enólogo da casa. Um corpo estruturado e uma vibrante acidez "carregam ao colo" um fruto vermelho macio e redondo. Ainda com vida pela frente, é um vinho elegante e com uma pattine inesquecível. Foram provadas 3 garrafas – e todas elas em condições! (17,5-18)
» Campo Ardosa RRR (T) 2000: Provado defronte dos próprios vinhedos numa manhã fria de vindima. Numa mini-vertical, este RRR 2000 foi o que mais nos "agarrou" com o seu nariz frutado e uma boca cheia de garra. Final de boca inesquecível, está aqui um vinho potente mas (já) equilibradíssimo e pode ser guardado. Grande tinto! (17,5-18)
» Covela Colheita Seleccionada (B) 2004: Da região "entre Douro e Minho" está um branco fascinante e de corpo cheio. Complexo, muito mineral, é um branco deveras sério que não vira a cara à luta em qualquer combinação gastronómica por mais exigente que seja. (16-16,5)

AS SURPRESAS:
» Crooked Vines (T) 2005: Provado em magnum, é um tinto moderno (tal como o rótulo), sedutor e de perfil internacional. Bom trabalho com a madeira que se sente mas não se impõe. Fruta sobremadura e um final quente e picante que aponta mais para o consumo do que para a guarda. Um tinto de puro deleite que fará a alegria de muitos consumidores. (16,5-17)
» CM Romeu (PB) 1974: Belíssimo Porto branco da Soc. Agrícola Menéres a fazer-nos lembrar alguns madeiras (de bual). Untuosidade máxima, doçura cativante e boca de veludo. Final impressionante. Grande Porto branco. (17-17,5)
» Vista Alegre Old White (PB) s/idade: Outro Porto branco, este com cerca de 20 anos. Temos aqui um blend potentíssimo e um conjunto de aromas que remetem para flor de laranjeiro, casca de limão confitada e notas meladas - tudo num estilo curiosamente próximo de um tawny. (16,5-17)
» Quinta dos Avidagos Reserva (T) 2005: Por menos de €8 temos aqui um tinto muito gastronómico com fruta e força suficientes para acompanhar qualquer prato de carne. Num perfil muito duriense será uma excelente compra e está disponível em grandes superfícies (no "Continente"). (15,5-16)
» Sousa Lopes (B) 2006: Surpreendente branco de uvas plantadas próximo de Famalicão. Feito a partir das castas loureiro e chardonnay, está muito citrino, de perfil fácil e directo, mas brinda-nos com um tique de originalidade (talvez da pouco usual combinação das castas) muito feliz. Também por isso, parabéns ao enólogo Gonçalo Lopes. (15-15,5)

AS CONFIRMAÇÕES:
» Secret Spot (T) 2004: No seu lançamento, faz cerca de um ano atrás, estava já interessante a mostrar fruta vermelha e madeira presente, mas não se distinguia de outros bons tintos da região. Agora, um ano depois, está muito mais elegante, fino na entrada de boca e final mais prolongado. Reúne, em suma, um conjunto muito significativo de atributos: fruta de qualidade, elegância e complexidade. É um vinho muito sério que merece copos a preceito. (17-17,5)
» Valle Pradinhos Reserva (T) 2004: Já está com menos "pêlo na venta" do que na nossa primeira prova (ver aqui). Mantém uma fruta vermelha fabulosa e uma acidez cativante. Talvez o melhor cabernet português (mas tem ainda tinta amarela) que conhecemos. Não é arriscado vaticinarmos muitos anos de vida a este belíssimo tinto. (17-17,5)
» Quinta do Além-Tanha V.V. (T) 2004: Confirmação de um tinto que melhora a cada colheita que passa (para o 2001 ver aqui, para o 2003 aqui). O estilo sobremaduro está agora menos evidente mas a fruta preta de qualidade mantém-se. É um vinho difícil de não gostar e tem um final macio e encantador. (16,5-17)
» Apegadas Qta Velha (T) 2005: Nariz fechado, tudo muito longe... mas vai-se adivinhando o estilo, pois rusticidade e alguma dureza parece ser a marca da casa. Melhora na boca, fruta saborosa, acidez franca. Irá, em princípio, evoluir muito bem e tem um perfil gastronómico que combinará muito bem com pratos fortes. (16-16,5)

Foi assim...

sexta-feira, outubro 12, 2007


Mais vale tarde do que nunca

Apercebo-me que já devia ter colocado os links de dois recentes blogs sobre vinhos que muito merecem uma visita atenta. Ao Pumadas e ao Pinga Amor o desejo de venturas e de óptimos posts.

domingo, outubro 07, 2007


Prova: 6 tintos do Dão

Tratava-se de mais uma prova cega de seis vinhos levada a cabo por seis amigos (ver provas anteriores aqui e ali). Desta feita, o lema era "Tintos recentes do Dão". Como é política destas coisas, decantou-se cada vinho cerca de 40m antes da prova e atribuiu-se a cada decanter um número de 1 a 6. A prova foi constituída por uma fase sem qualquer comida e outra na qual foi acompanhada de uma refeição leve. Ao longo da prova verificou-se que "em jogo" estavam diferentes estilos de Dão o que, desde logo, revela que a região não anda parada, e que o consumidor tem por onde escolher... vejamos melhor:

O vinho que se revelou como o mais duro da mesa (apesar de para alguns isso ser "autenticidade") foi, curiosamente, o único produzido por uma senhora: foi o Lokal Sílex (T) 2004 da produtora e enóloga Filipa Pato. De facto, não esteve nada bem no nariz (começou reduzido, depois passou por uma fase de mofo, enfim…) mas melhorou significativamente na boca onde, já redondo e afinado, terminou com referências a fruta amarga e, outras mais curiosas, a carne.
Empatados em quarto lugar ficaram dois vinhos. O primeiro deles foi o Barão de Nelas Reserva (T) 2003, um tinto com notas de chá doce no nariz, boca fina e elegante mas com ligeiro travo a água-pé; o outro foi o Vinha de Reis (T) 2004 que, apesar de também ter começado por despontar no nariz (inclusive um ligeiro mas muito desagradável odor a pano molhado), esteve muito bem na boca onde revelou um estilo mais quente e internacional do que os vinhos referidos anteriormente.
Depois, no último lugar do pódio surgiu o Munda (T) 2004, num perfil todo ele muito intenso: nariz fortemente frutado (eg., líchias) e floral por vezes mesmo alicorado, boca potente e larga - uma pequena "bomba". Já um degrau acima ficou o Quinta da Garrida Touriga Nacional (T) 2003, muito torrado no nariz (seria da madeira?) combinou um precoce bouquet a frutas secas com uma boca equilibradíssima, elegante e final prolongado – claramente a melhor relação preço-qualidade dentro do grupo.

O primeiro prémio absoluto foi para o vinho com o perfil mais moderno e sedutor… nariz vinioso, notas soltas a tinta-da-china, muito corpo na boca, pesado mas sem perder qualquer laivo de graciosidade – é um grande vinho este Quinta do Perdigão Touriga Nacional (T) 2004 (já o provámos com mais detalhe aqui) !

Foi assim…

terça-feira, outubro 02, 2007

Feiras de vinhos: Destaques

"ECI" com uma boa selecção e a bons preços, mais caro que o habitual temos o "Continente", e em grande forma (como nos habituou) a feira no Jumbo. Faltam nesta lista o "Carrefour" e o "Feira Nova". O "Pingo Doce" nem se fala… Assim vão as feiras de vinhos nesta versão 2007.

Jumbo:
Prova Régia (B) 2006 - € 2,97
Catarina (B) 2006 – € 3,48
Deu la Deu (B) 2006 – € 5,29
Valle Pradinhos (T) 2003 - € 7,28
Quinta da Mimosa (T) 2004 – € 7,98
Quinta do Gradil (T) 2003 - € 9,95
Evel Grande Escolha (T) 2004 - € 13,85

ECI:
Vila dos Gamas Antão Vaz (B) 2006 – € 1,49
Prova Régia (B) 2006 – € 3,25
Quinta do Penedo (T) 2006 – € 4,35
Bajancas (B) 2006 – € 4,95
Casa da Atela TN (T) 2005 - € 4,95
Quinta do Infantado (T) 2004 – € 6,45
Casa Burmester Reserva (T) 2005 – € 10,95

Continente:
Catarina (B) 2006 – € 3,99
Quinta do Cerrado Encruzado (B) 2006 – € 4,98
Deu la Deu (B) 2006 – € 5,49
Burmester white porto (P) – € 6,99
Couteiro-Mor Reserva (T) 2004 – € 7,99
Meandro (T) 2004 – € 8,39

segunda-feira, outubro 01, 2007


Geol (T) 2003

Tomàs Cusiné já era um valor seguro da enologia em Costers del Segre quando, tinha mais de 20 anos de experiência, decidiu iniciar um novo e pessoal projecto vinícola. Conhecedor da região, instalou a adega no pueblo de El Vilosell, no município de Les Garrigues (Lleida), não muito longe da afamada região de Priorat.

O seu vinho de entrada carrega o nome de Vilosell e é feito a partir um lote curioso de 50% de tempranillo, 25% de cabernet sauvignon, e o resto de garnacha, syrah e merlot. Já o actual topo de gama - denominado Geol - é um lote maioritariamente composto por merlot e cabernet sauvignon. Vejamos:

São pouco mais de 20 mil as garrafas produzidas deste lote muito "afrancesado", sujeito a fermentação a 24-26ºc de temperatura, maceração durante 10 dias, e madeira nova de carvalho francês durante 10 meses. Apesar de todos estes (e outros) mimos, a garrafa que nos coube não agradou de sobremaneira.

Cor cereja escura com auréola clara. Nariz intenso é certo… mas intenso a anis (o que não apreciamos), acrescido de uma sensação de excesso de grau (mas 14.5º não explica tudo)! Em rigor, temos aqui um bouquet algo enjoativo dadas as referências impositivas a canela, bolo de mel, licor de ervas e amêndoa amarga. Está bem melhor na boca (pudera…) com fruta vermelha fresca, boa acidez e final médio com impacto proveniente da madeira nova.

Um vinho que vai agraciando alguma fama por Espanha (e um pouco pela Europa), mas que a nós não nos agradou "por aí além". Fica, em todo o caso, o registo de um vinho curioso, com fruta viva e fresca na boca, mas com um nariz excessivamente enjoativo que prejudica a prova e que retira qualquer hipótese de uma aptidão gastronómica.

15



Próximos vinhos: Churchill LBV (P) 2000; Francisco Nunes Garcia Reserva (T) 2001; Quinta do Infantado Reserva (T) 2003; Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Reserva (T) 2003.