quarta-feira, maio 28, 2008


Quanta Terra Grande Reserva (T) 2004


Se existisse um prémio ao vinho com o aroma mais marcado pelas referências a cereja e ginja, este tinto seria um dos mais sérios candidatados à vitória. Por outro lado, desde que o provámos praticamente em estreia (ver aqui) o vinho tornou-se mais calmo, apesar de manter uma boca cheia e vibrante. Só que a evolução podia ter trazido mais alguma complexidade sobretudo no nariz... como não a trouxe, mantém-se muito focado nos aromas acima referidos e tem, por isso, a nosso ver, a tendência para se tornar demasiado directo. Muito capaz na boca, vigorosa e saborosa, acompanhou muito bem um rabo de boi no restaurante Orelhas (Queijas).
*
Em suma, um belo vinho (mas do Celso Pereira espere-se sempre um pouco mais) a um preço mais que justo, posto que inferior a € 19. Nessa medida, ao invés do que é habitual, a nota final reflete o preço.


17-17,5
*
*
Próximos vinhos: Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001; Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2004; Dona Maria Reserva (T) 2003

quinta-feira, maio 22, 2008


Quinta das Marias Encruzado "Barricas" (B) 2006

Nem o ano quente de 2006, nem a escassa produção de 1200 garrafas, impediu que este branco tivesse uma enorme (e merecida) recepção pela comunidade enófila. Se a versão sem madeira primava pela imediata frescura, esta versão com barrica inicia-se com os aromas típicos da passagem pelo carvalho como as referências a café expresso. Tal não impede, todavia, que momentos depois de ser vazado no copo seja a mineralidade habitual da casta do Dão a mostrar o seu valor, terminando com um final cheio e redondo onde amêndoas e nozes disputam a liderança. Aliás, a barrica parece adaptar-se bem ao encruzado, sobretudo com o tempo em garrafa (2 anos parece-nos razoável) e com arejamento através do uso de um decante.

Temos aqui um branco que não se mostra nem fresco demais para o Inverno, nem demasiado pesado para o Verão… é, por isso, um mimo que pode ser bebido em muitas ocasiões. Ah, nem é demasiado caro, a menos de
€ 15 a garrafa, o que se agradece. Para quem não dispensa a opinião de Parker e seus amigos, diga-se ainda que este branco recebeu 90 pontos na Wine Advocate (prova de Mark Squires).

17
*
PS: A versão sem madeira mereceu 91 pontos na Wine Advocate, tendo o crítico Mark Squires jurado que o vinho tinha madeira uma vez que era muito redondo e gordo. Afinal, não somos os únicos a ser enganados por vinhos brancos...


Próximos vinhos: Quanta Terra Grande Reserva (T) 2004; Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001; Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2004

segunda-feira, maio 19, 2008


Ferreirinha Colheita (T) 1998

Já muito se disse sobre este belíssimo tinto da família Ferreirinha. Quanto a nós, só falta relembrar mais vezes dos velhos tempos que com o nosso avô partilhávamos outros néctares da mesma casa duriense. A finura de um tinto que é tanta que para lhe dar justiça teremos de apelidar-lhe "delicadeza" ou "graciosidade". O bouquet completo e abrangente nos aromas. O final de boca… distinto. Um belo tinto, num grande (talvez no melhor) momento de forma. Falta-lhe alguma coisa para deslumbrar? Falta sim, mas disso não nos apetece hoje escrever.

17

Próximos vinhos: Quinta das Marias Encruzado barrica (B) 2006; Quanta Terra Grande Reserva (T) 2004; Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001; Quinta da
Sequeira Grande Reserva (T) 2004

quarta-feira, maio 14, 2008


Casa Burmester Reserva (T) 2004

O grupo "Sogevinus", que engloba marcas como Kopke, Burmester, Gilberts, Cálem e Barros, tem vindo a produzir vinhos com qualidade e a preços que podem ser considerados justos. Entre eles, o Casa Burmester é um caso de sucesso e percebe-se que assim seja. Na verdade, tem "tudo no sítio", e está pronto a beber (aliás, o 2005 também já está praticamente pronto a beber). E "tudo no sítio" significa, neste caso, um tinto com estrutura, alguma elegância, taninos suaves (muito suaves mesmo, para o bem e para o mal) e muita fruta, mesmo no final.
*
Um vinho que, quer na colheita de 2004 como na de 2005, e tendo em consideração a qualidade apresentada e o preço pedido (a menos de € 12) será certamente uma das melhores escolhas junto da restauração - i.e., não desaponta na boca nem aleija na carteira! É preciso, como em todos os casos, que não esteja esgotado, ou o restaurante não pretenda ganhar uma comissão desmedida...

Neste caso, optámos por beber em casa a acompanhar um punhado de ossos de cabrito no forno. Bem bom!

16
*
Próximos vinhos: Ferreirinha Colheita (T) 1998; Quinta das Marias Encruzado barrica (B) 2006

sábado, maio 10, 2008


2.º jantar do Comité Vinícola


O segundo jantar do Comité Vinícola (para o primeiro ver aqui) começou com um duelo de alv(b)arinhos. Do lado nacional, um Soalheiro Primeiras Vinhas (B) 2006, do lado de lá da fronteira, um Fillaboa Selección Finca Monte Alto (B) 2005. Infelizmente para nós lusitanos, o ano da colheita e o facto de já levar mais de dois anos em garrafa contribuiu para uma vitória do branco galego. A colheita de 2005 foi muito superior à de 2006 (este muito quente, como é sabido), e os alvarinhos melhoram realmente com algum estágio em garrafa. O Fillaboa (este "Monte Alto" é bem mais complexo do que o "Joven" e mais fresco que o "Fermentado en Barrica", todos da mesma casa) esteve em grande nível, quer de nariz quer de boca, mais fino e elegante que o Soalheiro, este ainda muito preso (como que marcado pela madeira, como eu pensei que fosse mas enganei-me redondamente como podem ver pelos comentários) pelo ano. Enfim, vitória para a Casa de Masaveu. Ambos os vinhos têm um preço abaixo dos 20 € (o português, contudo, como é habitual, um pouco mais caro que o galego).

Depois foi tempo de novo duelo entre Portugal e Espanha, desta feita entre duas regiões com pouco em comum, à parte de serem (e não é pouco...) ambas berço das melhores vinhas velhas da Península Ibéria. De um lado, o famoso Sol LeWitt (T) 2001 do Douro (que saiu em estreia com a revista de prestígio espanhola "Matador"), do outro um Vall Lach Idus (T) 2004 do Priorat. Se este mostrou um nariz incrivelmente original, com o habitual carácter mineral dos tintos da região "blendado", todavia, com um fruto em rebuçado, o que se explica pelas castas utilizadas – desde a típica Cariñena da região (em cerca de 45%), passando pelo Merlot, Cabernet Sauvignon, e ainda Garnacha e Syrah - já o vinho da Niepoort revelou um elegância imbatível, uma fruta de excelsa qualidade e um final de boca de deixar KO muito vinho bordalês. Enfim, um empate será um resultado justo (com ligeiro ascendente do duriense), mas se o Idus primou pela originalidade (precisa contudo de garrafa para ver o que dá), já o Sol LeWitt nos pareceu um Douro clássico na sua plena forma, um Douro de topo! Acresce que é um vinho irrepetível pois os vinhedos que lhe deram origem foram arrancados. Ambos os vinhos são dispendiosos, o espanhol a menos de 50 € e o português acima.

Ainda tempo houve para um Casal Figueira Petit Manseng (B) 2005, outro vinho irrepetível a mostrar-se muito fresco, esguio de corpo mas com complexidade - o clássico toque iodado num fundo floral. Um final de jantar em homenagem a António de Carvalho, o criador do projecto Casal Figueira neste branco da conhecida vinha situada em A-dos-Cunhados que consta que já foi arrancada.

E claro, parabéns ao Cláudio pelo magnífico fundue que revelou ser, uma vez mais, um óptimo "acompanhamento" de vinhos.
*

quarta-feira, maio 07, 2008


Novidade: Myo Personal Reserve (T) 2005


Vem do Douro mais este tinto, de cor violácea e aroma fresco a fruta preta. Nariz duriense, sem grandes vestígios da passagem por madeira, mas algo monocórdico. Na boca a mesma sensação de que podia dar bem mais. É gastronómico, tem boa imagem gráfica e tem bom grau (apenas 13.º), mas falta-lhe bastante para ser um vinho realmente interessante. A começar pelo final (trocadilho falhado, bem sabemos...) que praticamente não existe. A menos de € 12 existem outras propostas mais interessantes.
*
15,5


segunda-feira, maio 05, 2008


Quinta da Sequeira (R) 2006

Em tese, o ano quente (2006) marca menos os vinhos rosés do que os vinhos brancos. Este rosé da Quinta da Sequeira revela isso mesmo! Mantém-se, a nosso ver, um dos rosés de referência e é o nosso favorito (ver aqui para o de 2005). Notas muito frescas a morango e framboesa marcam um aroma menos floral do que o costume por terras nacionais. O facto do açúcar residual quase não se notar, e o vinho apresentar uma complexidade invejável para o estilo, são outros atributos. O álcool é que podia ser menos, à semelhança de outros vinhos do mesmo produtor...
*
A notoriedade deste rosé tem levado a algum aumento (não desejável) do seu preço, mas continua a justificar plenamente os € 7,5 da praça.

16


Próximos vinhos: Burmester Reserva (T) 2004; Ferreirinha Colheita (T) 1998; Quinta das Marias Encruzado barrica (B) 2006