sexta-feira, junho 25, 2010

Curiosidade

AVA (B)

Para aqueles leitores que afirmam que este blog é excessivamente centrado em vinhos das gamas média e alta (e reconhecemos, efectivamente, alguma razão a tal apontamento) aqui fica uma sugestão económica.

Imagine um vinho branco de mesa, com pouco teor alcoólico produzido por uma empresa especialista nesta matéria e nesse segmento (a sociedade Aveleda). Agora imagine-o frutado, com destaque para pêra, líchia, ligeiro alperce, mas sempre mantendo-se leve, muito leve mesmo. E imagine-o fresco, com alguma acidez (natural?), e com "pico" agradável na boca. Pouco mais. E, claro, um preço abaixo dos € 3. Se é isto que procura, o AVA é, a nosso ver, uma das melhores opções no mercado.

É certo, mantendo o espírito crítico, que lhe falta estrutura, complexidade, fim de boca, e (mas é pedir muito) carácter. Mas como tudo na vida são "contextos e circunstâncias", tente imaginá-lo ao final de uma tarde quente de Verão, e experimente servi-lo num copo esguio ou mesmo numa flute... Pois é!

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segunda-feira, junho 21, 2010

Novidades

Novos lançamentos dos projectos de Rui Reginga:

A par de consultadorias e parcerias um pouco por todo o planeta - das quais destacamos 'Quinta dos Roques' (Dão), 'Lima Mayer' (Alentejo), 'Weinbau Wenzel' (Burgenland)  e 'Fabre Montmayou' (Mendoza) - o talentoso enólogo Rui Reguinga encontra ainda tempo para pequenos projectos pessoais domésticos. Desses, os seus brancos estão acima da média nacional, e o tinto Terrenus Reserva mantém o estatuto de grande tinto português na sequência da magnífica colheita de 2004.

Primeira Paixão (B) 2009: Gostámos mais do que da edição anterior ('08), sobretudo na prova de boca, mais complexa e saborosa. De resto, mantém-se fresco, "crispy", e levemente mineral, final mediano. Para beber nos próximos 2 a 3 anos (se conseguir, a acompanhar umas lapas grelhadas...). 16,5-17

Terrenus (B) 2009: Ligeiro fumado, e alguma caruma, no aroma a lembrar a madeira de alguns brancos da Borgonha. Mineral, persistente, muito gastronómico. Um estilo muito elegante e felizmente longe dos vinhos brancos que apenas sabem e cheiram a fruta. Muito bem! Para beber nos próximos 5 anos. 17

Terrenus (T) 2008: Nariz com referências a pólvora e fruta encarnada. Boca fresca, saborosa, corpo mediano e final bem conseguido. Um belo vinho, com um estilo moderno mas sem perder personalidade e até alguma rusticidade. Para beber nos próximos 5 anos, pelo menos.16,5

Tributo (T) 2008: Mantém o estilo  de 'Côtes du Rhône' mas com um cunho pessoal, neste caso mais virado para a elegância e com mais frescura. Corpo relativamente esguio, saboroso e final delgado - não é defeito, é mesmo feitio. Gastronómico e muito elegante. Para beber nos próximos 7 anos, pelo menos. 17+ 

Terrenus Reserva (T) 2007: Um dos melhores tintos nacionais. Cheio de carácter, profundo no aroma e poderoso na boca sem excessos frutados ou de barrica. Um vinho com um final de boca memorável e um hino às vinhas velhas da Serra de S. Mamede! Para beber nos próximos 10 anos, pelo menos (o '04 continua em forma!) 18++


sábado, junho 19, 2010

de Espanha

Neo (T) 2005

Mais um projecto recente à procura de fama e de proveito que nos chega de uma das regiões mais badaladas de Espanha - "Ribera del Duero". Todavia, ao contrário de outros da região, este tinto não é de excessos, nem mesmo no uso da barrica que não chega a "tapar" o belíssimo fruto negro que revela na prova de nariz.

De resto, está quase opaco na cor, mostra-se muito concentrado mas com alguma elegância, tem taninos saborosos (parece-nos, aliás, ser este o ponto alto deste tinto) e um bom final de boca. Tudo isto contribui para um conjunto moderno e sedutor, ao qual apenas falta alguma complexidade (talvez o tempo em garrafa ajude nesse aspecto). Entre os € 25 e os € 30 cada botelha, pode encontrá-lo no clube WinePT.

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quinta-feira, junho 17, 2010

Prova especial

Château d'Yquem (B) 1999

Logo no final da colheita, os peritos em "botrytis" foram categóricos em afirmar que 1999 seria um ano mau para o Château d'Yquem. Nós, que não o provámos aquando do seu lançamento, gostamos dele agora, pois apresenta-se, na prova de nariz, com boa complexidade e muita elegância, faltando talvez alguma profundidade para aquele que é, sem dúvida, o rei dos vinhos doces de Sauternes.

A prova de boca é sedosa e envolvente, com uma doçura cristalina que não aborrece (tão diferente de tantos) e um final de boca médio/longo. Ao contrário de outros anos, a "botrytis" não está muito evidente, mas o vinho consegue manter-se gracioso mesmo na quase ausência de tal vital característica, muito devido, a nosso ver, à evolução que já leva em garrafa.

Um vinho doce que marca um estilo copiado em todo o planeta e, em alguns casos, copiado com sucesso. Num momento em que é já possível provar mais de dezena e meia de brancos doces/colheitas tardias produzidos em Portugal, este é, claramente, um vinho a não perder (apesar de sugerirmos uma colheita melhor que esta de 1999, como seja a de 1988, bastante mais cara também). Considerado como o par perfeito do foie gras, nós preferimo-lo a acompanhar uma fatia de tarte de maçã na sobremesa, sobretudo na versão, também francesa, de Tarte Tatin.

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terça-feira, junho 15, 2010

Restyling
Passados cinco anos e dois meses desde a "debut", eis o Saca a Rolha com o seu primeiro facelift. Se fossemos uma empresa fabricante de automóveis, diríamos que não era propriamente um novo modelo, antes um singelo restyling.
NOG

domingo, junho 13, 2010

Provas especiais


Apresentação novidades IWA

Como vem sendo habitual, o grupo de produtores IWA apresentou as suas recentes novidades num evento, cada vez mais bem organizado, no Hotel Ritz (Lisboa). Para saberem um pouco de tudo o que lá se passou, e como as revistas da especialidade só falarão do evento quando saírem nas bancas daqui a umas semanas, visitem, entretanto, os blogs do Rui, do João Rico, e do Miguel. Aí, poderão encontrar textos bem escritos e fotos bem tiradas. Ao invés, da nossa parte, e à parte da (tentativa de) fotografia que colocamos no canto superior direito deste texto (e pela qual pedimos desculpa ao Domingos Alves de Sousa, a quem ficamos a dever "royalties" pela utilização da sua imagem), ficam apenas breves opiniões e recomendações necessariamente pessoais. A saber:

  • Remendamos todos os brancos de 2009 da Quinta dos Roques, conhecido produtor do Dão que melhora o nível dos seus brancos cada ano que passa. O nosso destaque deste ano segue para o "Quinta dos Maias (B) Malvasia 2009", a Malvasia mais mineral que já provámos e, como vem sendo habitual, para o já clássico "Quinta dos Roques (B) Encruzado 2009", complexo como sempre e que irá envelhecer graciosamente (actualmente o 2007 está perfeito e tem ainda muito para andar na cave).

  • Recomendamos, de igual forma, os brancos de 2009 da Quinta do Ameal, vinhos da casta Loureiro deliciosamente gastronómicos, tanto nas versões "unoaked" como nas com madeira. Também se sugere prova atenta ao "Ameal Special Harvest 2007", mais um branco doce (curioso no perfil, por ser diferente do habitual, e com bela acidez) para enriquecer a cada vez maior oferta nacional neste tipo de vinho.

  • Sugerimos, igualmente, os tintos da Casa de Cello - com destaque para o "Quinta da Vegia Reserva (T) 2007" -, néctares do Dão elegantes, e generosos tanto na fruta e como na componente floral, agora com nova imagem na garrafa. Também se recomendam os brancos deste produtor, feitos na região de Amarante, caso do "Quinta de Sanjoane Escolha (B) 2004" (um branco em óptima evolução) e, num perfil diferente, o "Quinta de Sanjoane Superior (B) 2007".

  • Do produtor duriense Alves de Sousa, não hesite em caso algum adquirir (se conseguir pois não são acessíveis...) umas garrafas do "Abandonado (T) 2007", um vinho fantástico, a melhor edição de sempre desta vinha extraordinária, e não perca também, mas agora apenas para os fãs incondicionais de tintos com Touriga Nacional em evidência, o potentíssimo e garboso "Quinta da Gaivosa Vinha do Lordelo (T) 2007", uma autêntica bomba se provado nesta fase.

  • Finalmente, do bairradio Luís Pato, destacamos dois tintos, o "Quinta do Ribeirinho Pé Franco (T) 2008" e o "Vinha Pan (T) 2008" - dois vinhões na enorme complexidade que já exibem -, bem como as novidades "moleculares", dois abafados da colheita de 2009, um tinto e outro rosé, em especial este último, bastante bem balanceado entre doçura e acidez, duas curiosidades muito interessantes tanto mais que se revelam muito versáteis à mesa.

Da nossa parte, é tudo.

segunda-feira, junho 07, 2010

Provas

2 Castas (B) 2009

Um dueto alentejano pouco provável - produzido a partir de uvas de Viosinho e de Verdelho -, mas com sucesso garantido (mais um da Herdade do Esporão). Como ditam as regras actuais da enologia, as duas castas fermentaram em inox, e a temperaturas baixas.

Prova de nariz com grande expressão aromática, citrinos e pico a hortelã, com ambas as castas em evidência. Na prova de boca, o vinho está menos presente e é mais linear, como é, de resto, normal nesta gama de preço. Revela, contudo, um feliz pendor vegetal, e ligeiro citrino, certamente mais da responsabilidade das castas utilizadas do que propriamento do terroir alentejano. Refrescante e com final saboroso, apesar de curto.

Em suma, um branco atractivo, claramente a apostar no seu consumo enquanto jovem. Moderno no perfil (apesar dos seus 14,5% vol. algo "puxadotes"), mas - felizmente! - sem as modernices vãs e aborrecidas, como sejam os aromas "neo-tropicais", que hoje tanto andam na moda (culpa das leveduras, dizem...). Tendo em conta o preço, abaixo dos €5,5, está muito bem executado. Pouco alentejano no estilo é verdade, mas muito bem executado!

15,5


Próximas provas: Alento (T) 2008; Labrador Qta Noval (T) 2007; Altas Quintas Mensagem de Trincadeira (T) 2007; Cistus Reserva (B) 2009; Grandes Quintas Reserva (T) 2007