terça-feira, março 29, 2011

de França

Château Giscour (T) 1982

Terminamos uma pequena viagem por alguns tintos bordaleses com este Giscour, um clássico Gran Cru Classé (3.º cru) de Margaux. Fruto de uma colheita mítica, e produzido a partir de Cab. Sauvignon e Merlot, mais um pouco de Petit Verdot e Cab. Franc, está "muito bom e recomenda-se" mas não deu uma prova tão surpreendente quanto este e este. No fundo, o que queremos dizer, é que está tudo como se imagina num Bordéus de uma grande colheita: ainda frutado, com boa prova de boca, sensual e complexidade em alta.

Só lhe sentimos falta (será mesmo possível dizer que lhe falta algo?) daquela "qualquer coisa" de excepcional ou de surpreendente que não conseguimos, em concreto, saber descrever. Pode ser que seja por provir de Margaux que, com sinceridade, não é a nossa apellation favorita de Bordéus; ou pode ser pelo facto de - como os especialistas afirmam (Parker deu-lhe apenas 85 pontos) - os vinhos do Château Giscour verdadeiramente deliciosos terem surgido apenas na década de '90; enfim, não sabemos ao certo...

De resto, denota cor fantástica para a idade, corpo firme, aroma típico da região com fruta bonita evoluída e uma ligeira nota terrosa que ajudou muito no wine paring com comida. Um belo vinho sem qualquer dúvida, um belo Margaux clássico, e ainda com alguns anos de vida. Para um interessante vídeo com a prova do vinho sigam para aqui.

17-17,5

quinta-feira, março 17, 2011

Do antigamente

Coop. Cantanhede Garrafeira (T) 1990
1.º prémio adegas coop.

Mais um Bairrada. Mais uma colheita de 1990. Mais um óptimo vinho. Muito frutado, e até ligeiramente mais doce que os seus comparsas da região, está, em qualquer caso, um "senhor vinho". Muito aprumado, desenhado pela enologia a regra e esquadro, melhorado pelo estágio em garrafa, está redondo e macio. Por outras palavras, está sem arestas, como vulgarmente também se diz.

O carácter dos tintos da Bairrada sente-se, mas não se impõe - uns dirão que lhe falta alguma autenticidade, a nós parece-nos bastante bem. Até pelo preço pois, se o encontrarem, é provável que o vendedor não tenha "lata" para pedir mais do que 10 € ou 15 € por uma garrafa, e vale bem esse dinheiro. Mais uma demonstração que os Bairradas quando bem feitos e assentes em Baga duram, com saúde, pelo menos 20 anos.

Neste caso - e provámos duas garrafas -, a framboesa doce que apresenta no nariz (mais doce do que é habitual para a região, como já referimos) poderá confundir o provador menos atento; faça, por isso, uma brincadeira, e comece por insinuar aos seus convidados que é um Bordéus da margem direita num ano quente...

sexta-feira, março 11, 2011

de França

Château Gazin (T) 1985

Fala-se, por vezes tão teimosamente, dos muitos atributos e outros tantos defeitos da casta Merlot. Mais do que a sua resenha, aqui deixamos a nossa franca opinião: já encontrámos de tudo, a saber: (i) Merlot fora de França com qualidade (raro...); (ii) Merlot fraquíssimo de França (acontece, mas não é frequente nos valores seguros); e, claro, (iii) grandes Merlot franceses - carnais, sensuais, mastigáveis e sedosos -, quase sempre de Pomerol.

Este tinto, da colheita de 1985, calhou ser dos últimos casos acima referidos. Não sendo de "primeira linha", é um produtor bordalês fiável e os seus tintos não costumam atingir valores proibitivos; nem sempre os Gazin são/estão tãos bons quanto este provado, nem sempre os Gazin têm tanta profundidade e elegância, mas tivémos sorte! Em todos os casos (todos os que provámos, pelo menos) melhoram muito com decantação.

Começou fechado, com uma prova de nariz a fruta "licorada", algo bruta, um pouco de "animal", mas também por lá andava óptima matéria trufada. Na boca, revelava já taninos macios deliciosos. Esperou uma hora no decante, transformou-se, e ficou como acima citámos a propósito dos melhores Merlot, e não encontramos maneira de o dizer de forma diferente - esteve carnal, sensual, mastigável e sedoso.

Um dos melhores Merlot (mais de 90% do lote) que provámos nos últimos tempos. Muito bom, claro está!

17,5-18

terça-feira, março 01, 2011

de França

Gran Vin de Léoville du Marquis de Las Cases (T) 1988

Fabuloso este Saint-Julien! E uma surpresa também, pois provámos o Clos du Marquis (T) 1996 faz pouco tempo e ficou muitos pontos atrás (algo cansado e com pouquíssima fruta). Surpresa também se pensarmos que, apesar de ser de uma casa bordalesa com nome, é um vinho de segunda – ou melhor, de terceira – linha da região. Mas os vinhos (assim como tantas outras coisas) são assim, é preciso prová-los para conhecer realmente a sua estirpe.

Evolução e bouquet perfeitos, fruta encarnada, a revelar-se ainda capaz de se aguentar de forma briosa por mais meia década. Na prova de boca: suavidade, elegância e muita patine. Final de boca saboroso e interminável. "Coisa boa", só pode ser...

Uma das razões que faz de Bordéus ser Bordéus? Vinhos como este, com mais de 20 anos em garrafa, e um preço de saldo para quem os encontrar. Dizem que todos os bons Bordéus são caros. É mentira.

17,5+