terça-feira, setembro 26, 2006

Gostei


do Evel Grande Escolha (T) 2003: A "eno-blogosfera" tem mostrado uma atenção especial por este vinho (aqui, ali e acolá). Da parte que me toca, é mais do isso, pois um dos primeiros vinhos que me levou a compreender que adoro tintos com algum tempo de estágio foi precisamente um velhinho "Evel GE" de uma colheita que já me esqueci.
E este 2003 está muito bom! Não é preto nem retinto (discordo assim da Blue Wine n.º 1), e a cor não é original nem especialmente tintada (a escolher uma cor seria a cereja escura). Mas é muito concentrado, logo no aroma que demonstra, ademais, grande complexidade.
Na boca sente-se de imediato a fruta madura - tem um estilo diferente dos Evel anteriores ou estarei eu a consumi-lo muito novo? - mas já se faz notar um fundo balsâmico elegante e multifacetado. Boas referências a madeira, e um final delicioso no qual se evidencia, em primeiro plano, notas a chocolate e, ao longe, a couro.
Que belo vinho! Uma referência no Douro na sua categoria. Melhor só o de... 1999. Fica o corpo mediano (aqui concordo com a BW) a teimar não fazer dele um vinho de voos (ainda) mais altos.
Entre € 13-€ 20. Bom ++ (17,5).
PS - Uma nota final para o rótulo. Se o anterior era muito clássico (mas elegante, a meu ver) já o novo rótulo (de 2001 onwards) parece uma saia torta e não me convence – é um pouco como a roupa da estilista Fátima Lopes, sensual mas descabida.

Não gostei

do Quinta do Cardo Touriga Nacional "Special Selection" (T) 2003: Nariz fresco, com fulgor e assento tónico floral. Na boca tem força, chega a demostrar elegância mas a fruta não tem persistência. Um final confuso (notas de sabão azul, madeira e terra molhada) que me desagradou bastante.
É um vinho de cunho próprio que não me seduz. A menos de € 10. Suficiente (13).

domingo, setembro 24, 2006

Dicas de restauração:

  • "Enoteca de Cascais" - Esta é uma dica para aqueles, como nós, que são amantes do bom vinho. Ocupa um rés-do-chão e primeiro andar, estreitos, a pouco mais de 250 metros da bonita baía de Cascais. Decoração moderna e quente, com predomínio para as estantes de madeira escura onde se encontram centenas de garrafas. A selecção de vinhos é boa - mas podia ser maior (onde estão os vinhos estrangeiros?), tendo em conta tratar-se de uma enoteca -, e o aconselhamento é simpático e eficiente. Os pratinhos e acepipes são pequenos mas apetitosos e escolhem-se em menus de quatro ou mais variedades. A menos de € 40 por pessoa (vinhos incluídos).

  • "Café 3" - Fica na cave do conjunto de edifícios conhecido por Fórum Tivoli, em plena Avenida da Liberdade em Lisboa. Ao almoço é ocupado por jovens executivos de gravata, à noite por casais e grupos antes de uma saída para la movida. Pratos a preços acessíveis e uma cozinha que pretende ser inovadora conseguindo, sobretudo nas massas, boas combinações. A lista de vinhos é muito curta, mas conseguem-se algumas surpresas positivas conversando com o gerente Miguel van Uden. Foi o que me aconteceu com um Comenda Grande (T) 2004, um vinho jovem do Alentejo, barato mas bem feito. A menos de € 20 por pessoa (vinho incluído).

terça-feira, setembro 19, 2006

Vinhos a menos de € 5

São muitos os leitores que nos pedem referências de vinhos com preço inferior a € 5. Este é um segmento muito importante para os consumidores e produtores portugueses. Aqueles porque bebem vinho regularmente e o dinheiro não estica. Estes porque sem vendas em grande escala é difícil manter-se em actividade. Mas é um segmento onde a decisão do que comprar não é fácil. Se é verdade que hoje existem bons vinhos abaixo daquele preço, também é verdade que é nessa gama onde vinhos menos interessantes se multiplicam.
A pedido de alguns leitores, aproveitamos o catálogo da feira dos vinhos do “Carrefour” para deixar dez referências. Todas a menos de € 5.

Tintos:

  • Terras do Pó (T) 2005 (ver opinião aqui)
  • Rapariga da Quinta (T) 2004
  • Evel (T) 2003
  • Quinta dos Aciprestes (T) 2003
  • Sá de Baixo (T) 2003

Brancos:

  • Quinta de Azevedo (B) 2005
  • Catarina (B) 2005
  • Caves Velhas Arinto (B) 2004
  • DFJ Alvarinho & Chardonnay (B) 2004
  • Quinta do Cidrô Reserva Chardonnay (B) 2003 (ver opinião aqui)

quarta-feira, setembro 13, 2006

Quinta do Vale da Raposa Grande Escolha (T) 2000


O produtor Alves de Sousa já me deu grandes motivos de prazer. Os seus "Quinta da Gaivosa" (hum... o de 2000) foram responsáveis por momentos fantásticos que guardo bem presentes. Porém, os da "Quinta do Vale da Raposa" sempre me pareceram demasiado terrosos, por vezes mesmo acres. Foi o aconteceu com este tinto Grande Escolha de 2000.
Na cor demostra sinais, evidentes, de evolução, um tom cereja com laivos de tijolo. O nariz está bem, potente com elegância, mas uma suave percepção áspera vai avisando "ao que vínhamos". É que a boca está muito presa, alguma fruta mas escondida por um travo a terra húmida que não consigo apreciar. Notas herbáceas em quantidade exagerada. Pode ter sido problema da garrafa. Poucas palavras para o final, posto que era longo, mas a mim só alongava a decepção.
S/n
PS - Tenho pena não ter gostado do vinho. Tenho uma óptima impressão do produtor (e do filho Tiago) e dos seus vinhos. Bom... com a excepção deste! Estou em crer, todavia, que tenho de dar uma outra oportunidade, pois adorei o Quinta da Gaivosa. Assim, irei provar uma outra garrafa e, por isso, não atribuo, para já, nota.

domingo, setembro 10, 2006

Mouton Cadet (T) 2002


Um best seller absoluto. Pelo menos no que toca a Bordéus. A partir de Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, é um registo que se tem mantido, ainda que com actualizações, ao longo de anos.
Cor vermelha, com notas de evolução a turvar a tonalidade brilhante. No nariz é muito certinho, suave, um aroma muito agradável a frutas vermelhas frescas. Já na boca decepciona (é o problema quando o aroma é tão agradável que não o esquecemos), alguma framboesa e notas tostadas. Final elegante mas demasiado curto.
A menos de € 8, é um vinho que não deixa ninguém ficar mal. O aroma chega mesmo a cativar, mas a verdade é que existem produtos nacionais mais baratos e melhores.
Suficiente + (14).

sexta-feira, setembro 08, 2006

Ermelinda Freitas Touriga Nacional (T) 2003


Falou-se muito naquele jantar, e em grande parte sobre (o) trabalho. Já não nos basta trabalhar... Talvez o devaneio tenha sido provocado pelo vinho, quente e acolhedor, um Touriga Nacional da casa Ermelinda Freitas, colhido em 2003.
A cor era de cereja escura, sem sinais de opacidade. O aroma mostrou-se pujante, jovem e destemido, com muita fruta (que "terroir" este das Terras do Sado!) a dominar um conjunto sedutor. Na boca entra macio, mas não demora muito a vir, de novo, o nervo. Fruta madura, com "patine", doce, notas florais encobertas com uma certa força bruta, madeira integrada. Nem no final – persistente por sinal – nos desapontou.
Belo vinho, concentrado e robusto, directo, sem tiques diletantes. A menos de €10, se este vinho não for um sucesso de vendas, é como os Xutos cantam, o mundo está ao contrário!
Bom + (16,5).

terça-feira, setembro 05, 2006

Jolie? Very.

Será apenas impressão minha, ou a capa da última Revista de Vinhos (n.º 201) - agora com menor mancha gráfica - está muito bonita?

segunda-feira, setembro 04, 2006

A tia de Jamie Oliver

Já repararam que o chefe britânico Jamie Oliver, no seu famoso programa de televisão (entre nós no canal SIC Mulher), tem uma garrafa de "Tia Maria" na cozinha? Está logo na primeira prateleira do lado direito.

Dica do mês:

Herdade da Comporta (B) 2005 – Muito fresco, aromático, notas florais em abundância (certamente do Arinto). No lote entra ainda Antão Vaz, mas o resultado final revela maior acidez do que a maioria dos brancos alentejanos. Ou seja, é um alentejano do litoral, nem mais! Antes do fim do Verão, fica aqui a indicação de mais um branco com boa relação preço/qualidade. A menos de € 6.

Varandas de Monção (B) 2005

Chegádos a Vila do Bispo, fomos obrigados a comer uns percebes para fazer tempo. Uma hora depois, mal abriu o Café Correia, então fomos nós! Ainda com a lembrança nos percebes, mas já com um tacho de arroz de camarão pela frente, continuámos no vinho verde. Qual? Pois bem, o "Varandas de Monção". É com este verde que a sociedade "Provam" e Anselmo Mendes pretendem destronar os best sellers da região. Estilo clássico feito a partir de Alvarinho e Trajadura, um verde de Verão, mas com mais porte e menos “agulha” que o mítico Muralhas.

Suficiente + (14,5) A menos de € 6.