quarta-feira, novembro 29, 2006

Dom Martinho (T) 2004 - Licença para agradar


Finalmente um Dom Martinho capaz de não malfadar o nome da família Lafite Rothschild. Após várias colheitas onde "qualidade" parecia palavra proibida, e quando já não acalentávamos esperanças, heis o Dom Martinho (T) 2004 a portar-se bem à mesa. Para acompanhar uma cabidela séria (coisa para adultos!) o vinho mostrou-se estreito, jovem mas com vontade de agradar. Notas frescas a cereja, cassis, tudo num corpo discreto e de taninos suaves que nem água. Mesmo com 13º mostra-se bem equilibrado, rico em sabor com extracto.
Este Dom Martinho, versão tinta de 2004, está tal e qual o novo filme do James Bond: quando já nada o faria esperar, renasce com garra para nos animar e para ser consumido rapidamente.
Bom - (15). A menos de € 6.

PS – Distribuído pela Vinalda, o Dom Martinho (T) 2004 encontra-se com muita facildiade quer nos hipermercados quer na restauração. Acresce que a "meia-garrafa", ideal para um almoço com o jornal, é também uma vantagem.

Herdade das Pias Reserva (T) 2003

De regresso pois aos néctares do Alentejo. Mas comecemos por uma breve referência ao p(r)ato que acompanhou o vinho: peito de pato (que hoje em dia se compra com facilidade), colocado numa sertã com a gordura do bicho (que se quer abundante) virada para baixo. Adicionar a gosto sumo de laranja e mel (que pode e deve ser substituído por vinho do Porto) e deixar ao lume cerca de 15 minutos. Perto do ponto tempera-se com especiarias e já está. A acompanhar: um arroz de pimentos. Nada mais simples, verdade?
Para beber sacou-se a rolha a um Herdade das Pias Reserva (T) 2003, disponível na última feira do "Jumbo" a menos de € 12. E que belo tinto regional do Alentejo! Se bem que no copo a cor não seduz pois mostra-se clarinha e fina, já o corpo (delgado) antecipa um aroma elegante. O bouquet entusiasma efectivamente, primeiro fechado e medroso, depois mais aberto e afirmativo, mas sempre contido na fruta (ainda bem!) com notas sedutoras de chocolate de leite e pudim de ameixas pretas. Na boca mantém-se fino, não está um típico alentejano da colheita de 2003 (!), antes um tinto verdadeiramente "contra a corrente". Este que se bebeu está equilibrado e demonstra uma total harmonia entre os elementos, com um suave final capitoso a especiarias. Pronto a beber.
Bom + (17). A menos de € 12.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Douro Wine Show


Mais uma iniciativa da "Essência do Vinho". Mais glamour. Mais novidades. Podíamos descrever assim o evento do fim-de-semana que passou. Realizado no Casino de Lisboa, ambiente nocturno, pouco propício para provas sérias, muito propício para a conversa animada e descontraída. O melhor da noite: as novidades. Do Ázeo (T) 2004 ao Quinta das Apegadas (T) 2004, das estreias do Gambozinos Reserva (T) 2004 e do Quinta do Avidalgos (T) 2005 à nova roupagem do Vallegre (T) 2003 e às confirmações do tinto vinhas velhas "Além Tanha" e do rosé da "Quinta da Sequeira". Se tivermos tempo, e a oportunidade se proporcionar, iremos escrever um pouco sobre alguns destes vinhos.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Galeria de vinhos




De regresso ao restaurante "A Galeria" provámos o menu “Encontro com o vinho”. Graças ao chefe milanês Augusto Gemelli, os vários pratos estiveram óptimos na senda do que a casa nos habituou. Já sobre os vinhos - um por prato - importa alongar-nos um pouco mais.

O vinho de entrada foi o "Bajancas (B) 2005", um douro leve e muito agradável que vem confirmar que a colheita de 2005 foi boa para os brancos. Depois, veio um dos vinhos pelo qual tínhamos maior curiosidade: o "Herdade do Portocarro (T) 2003" que se revelou fresco e nervoso mas também carnudo; é um tinto muito curioso com a madeira em evidência. De seguida, provámos o "Viseu Carvalho (T) Grande Escolha 2004" - o melhor da noite! - negro e encorpado, cheio de aroma, paladar robusto e final elegante! Por fim, o sempre guloso "Brites Aguiar (T) 2004" - com os seus famosos 15,5º - um tinto redondo que surpreende pela sua elegância (a temperatura de serviço ajudou) mas, infelizmente, também pela falta de garra. Foram ainda servidos um Porto (depois da janta) e um espumante (antes das entradas) que não merecem, todavia, destaque especial.
Em resumo, e para quem gosta de classificações:

  • Bajancas (B) 2005: Suficiente (14,5)
  • Herdade do Portocarro (T) 2003: Bom (16)
  • Viseu Carvalho (T) Grande Escolha 2003: Bom + (17)
  • Brites de Aguiar (T) 2004: Bom + (16,5)

PS - Os amigos do Vinho a Copo também passaram pela Galeria e provaram do mesmo (notas aqui).

segunda-feira, novembro 20, 2006

An amusing vintage


Já sabíamos que o mundo dos vinhos americanos é um mundo à parte. Mas nunca pensámos que seria possível um litígio judicial entre produtores sobre a propriedade e titularidade do nome comercial “Big Ass”! Nos clássicos padrões europeus trata-se de uma hipótese remota. Nos EUA é já uma realidade! Tudo começou quando num evento de provas vinhos se veio a descobrir que existiam várias marcas com “Big Ass” nos rótulos. A luta nos tribunais já começou. O mais curioso é ver que também por cá se tem procurado nomes fáceis de decorar e que sejam atrevidos, apelando aos consumidores mais jovens (eg., casos dos tintos portugueses "Sexy" ou "Amo-te"). Fica aqui um excerto retirado do site WineBusiness:

«Both Adler Fels Winery in Santa Rosa and Milano Family Vineyards in Hopland are producing "Big Ass" wines, and neither is willing to turn the other cheek. The two sides are girding for a battle in federal court in San Francisco over the rights to the colorful name. The case highlights the increasing importance wineries are placing on eye-catching brands to help their products stand out in a fiercely competitive marketplace.
"The Big Ass name seems to have some legs, no pun intended," said Raymond Horwath, who applied for a trademark for " Big Ass " for beer in 1995. Alder Fels got federal approval to produce "Big Ass Cab" in April 2004 for one of its custom-crush clients. The label on the $15 cabernet sauvignon features a colorful painting of a corpulent couple dancing.
Six weeks later, in June 2004, the smaller Milano Family Vineyards in Hopland received label approval to make "Big Ass Red," a red blend that also retails for about $15. The label also depicts a painting of a couple dancing, the woman's posterior prominently displayed. At the time they got their labels approved, however, neither winery owned the trademark for the cheeky name (…). In July 2005, with his beer business building steadily, Horwath agreed to license the rights to "Big Ass" to the tiny Milano Family Winery.
Deanna Starr, who started the 4,000-case Hopland winery with her husband Ted in 2001, said she first learned the importance of catchy labels when she created Recall Red in 2003, a "tribute to the crazy gubernatorial recall election in California". "That taught me the power of a label," Starr said. "We had calls from all over the country on that." But when Starr sought to trademark the label, her attorney found that Horwath owned the rights to the name. Starr made contact with Horwath and struck a deal to license the name from him, she said.
Soon after inking the deal, Horwath said one of his customers saw another "Big Ass" wine at a wine show. A little investigation revealed that Adler Fels, the 300,000-case winery started in 1979 by David and Ayn Coleman, was producing three wines with that name: Big Ass Cab, Big Ass Zin and Big Ass Chard. In an effort to urge the winery to stop infringing on his trademark, Horwath said he spoke to Larry Dutra, president of the Adams Beverage Group, the Westlake Village firm that purchased the winery in late 2004. Dutra explained that while Adler Fels produces the Big Ass label, the brand was actually owned by a New Jersey beverage distributor. Alder Fels makes a few of its own wine brands, such as Leaping Lizard, but specializes in making wines for other organizations, a common wine industry practice called "custom crushing." It makes Big Ass wines for Allied Beverage Group.
Dutra said this week the genesis of the Big Ass labels preceded his company's purchase of Adler Fels, and he could not comment on it. He said the company hoped to have the matter behind it soon. "It's unfortunate that we live in a litigious society where a guy who makes beer can interfere with a wine business," Dutra said. Wine label disputes are not uncommon, but it is unusual for them to end up in lawsuits, Ross said. The law is fairly clear, and usually once the facts are outlined, the winery infringing on a trademark agrees to stop, she said.
It's not too surprising that two wineries would want to use the "Big Ass" name, said British wine writer Peter May, who recently published "Marilyn Merlot and the Naked Grape," a survey of unusual wine labels. Wineries, especially new ones, are realizing they need to be creative to stand out on store shelves that are more crowded than ever, May said. Examples of clever wine labels are everywhere, May said. Fat Bastard, a French wine, has seen phenomenal growth in the United States in recent years, and is now the fourth best-selling French chardonnay in the United States, May said. Goats Do Roam, a South African wine that plays off of the French wine region Cotes du Rhone, has seen equally rapid growth, May said.
"If you're aiming for the low to mid-price range and you want to get someone to pick up your wine, then you've got to have something fun and a bit interesting just to get people to notice it," May said. »

PS - É claro que os críticos americanos aproveitam-se - e bem! - dos nomes dos vinhos para testar a sua criatividade e fazem notas de prova com comentários delirantes, tais como: "The idea of big ass Cabernet is distinctly Californian, and frankly it's about time someone just put it on the label. If the Old World of Bordeaux is subtle and understated, like a mix of Glenn Close and Sophie Marceau, then California Cabernet generally falls somewhere between Bette Midler and Salma Hayek."

quinta-feira, novembro 16, 2006

Quinta de S. Francisco (T) 2000


Um tinto de Óbidos, uma das denominações controladas da sempre ecléctica região da Estremadura. A partir de Castelão (predominante), Tinta-Miúda e Carignan apresenta-se com cor rubi clarinha, com concentração mas de corpo mediano como é comum por estas bandas. Produzido na Companhia Agrícola do Sanguinhal (fundada nos anos vinte por Abel Pereira da Fonseca), com sede no Concelho do Bombarral e vinhas em diversos concelhos (Bombarral, Cadaval, Alenquer e Torres Vedras). Aqui (na Estremadura litoral) produzem-se vinhos com um toque gaulês, são as geadas e nevoeiros matinais.
Apresenta evidentes aromas a frutos vermelhos (lá está o Castelão!), não é aborrecido nem pesadão (bem pelo contrário), é macio com um final longo, elegante e levemente especiado derivado dos 8 meses de estágio em barricas de carvalho francês e americano. Com 12,5%, e uma acidez fantástica, é ideal para acompanhar pratos ligeiros como legumes confeccionados, peixe, e carnes brancas. A capacidade de envelhecer com imensa dignidade é outra mais-valia deste néctar.
Bom (16). A menos de € 10.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Os vinhos do Douro: algumas questões


A prova comparativa dos tintos do Douro que consta na última edição da RV leva-me a escrever algumas linhas sobre os meus problemas quando compro Douro. Os problemas, como começa a ser evidente, não lidam com a qualidade dos vinhos, essa geralmente muito alta.
Uma primeira questão é o preço dos vinhos de gama média e alta. Como resulta do comparativo da RV, a maioria dos vinhos provados situa-se num estádio de € 30 para cima. Abaixo dos € 20 são apenas três ou quatro excepções com destaque para o Vértice (T) 2003 e o Evel Grande Escolha (T) 2003. Aliás, ainda em relação ao preço indicado pela revista (pelos produtores?), cumpre-me dizer que em muitos casos é quase impossível encontrá-los a esse valor nas garrafeiras especializadas - estou a pensar no Passadouro Reserva (T) 2004 ou no Pintas (T) 2004, ambos sujeitos a muita especulação.
Por outro lado, é interessante notar que o preço de certas marcas raramente desce, mesmo quando a procura ou a qualidade da colheita é menor num determinado momento. Vinhos como os da Quinta do Crasto e da Quinta do Portal, entre outros, não baixam de uma fasquia que chega a ser, por vezes, acima dos € 60. Ora, os preços dos vinhos do Douros já são hoje o principal óbice à sua compra, mesmo considerando os elevados custos de produção na região. Comparados com algumas estrelas estrangeiras (basta olhar para Espanha...) os preços dos vinhos do Douro estão num disparate! E não é coisa apenas dos tintos (salvem-se os Porto vintages!). Mas existem, apesar de não serem baratos, ainda boas compras: o Quinta do Infantado Reserva (T) 2003 e Gouvyas VV (T) 2004, o Esmero (T) 2004, o Quanta Terra (T) 2004, a Quinta dos 4 Ventos (T) 2004, o Talentvs (T) 2004 (que belo vinho!), o já referido Vértice (T) 2003. Acrescem alguns "neo-clássicos" como o Quinta de la Rosa Reserva (T) 2004 e o Evel Grande Escolha (T) 2003 que teimam em não elevar o preço - e ainda bem, muito obrigado!
Por fim, é difícil encontrar à venda nas garrafeiras de Lisboa, quanto mais noutros locais de venda, alguns dos vinhos provados. Marcas como Quanta Terra, Esmero, Poeira, Touriga-Chã não se encontram facilmente por aqui. Bem compreendo que se tratem de vinhos de quinta, com pequenas produções e, por isso, a sua oferta seja limitada. Mas, como tive oportunidade de dizer a alguns produtores durante o “Encontro com o vinho 2006”, é preciso dinamizar a colocação dos produtos no mercado. É que se os distribuidores tradicionais não fazem um bom trabalho então arranjem-se novos distribuidores. O que é difícil de suportar é que um apaixonado pelo vinho, um mero "alguém" com dinheiro no bolso, mesmo um curioso turista, um alcoólico até, não possa - com facilidade e conforto - adquirir os vinhos que deseja. Do Douro, ora bem!
À nossa saúde.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Passadouro (T) 1995


Segundo a cor e a boa disposição que mantém no copo dir-se-ia que não leva já mais de uma década de vida. Excepto as normais partículas de depósito, a cor mantém-se carregada em valentes tons de rubis escuros. Na boca sim, são mais evidentes os sinais do tempo, a fruta está lá mas a prova a "meio-de-boca" oscila entre o doce e a acidez. Sente-se bem a madeira, não agressiva, com notas a couro e a tabaco. A harmonia está bem conseguida! O final é longo e muito elegante, perdendo apenas alguma exuberância e intensidade aromáticas. O seu apogeu já passou, mas quem tiver uma garrafa esquecida pode depositar confiança e abri-la, pois ainda "está para as curvas". Tomara eu envelhecer assim...
Bom + (16,5). O preço é uma incógnita dados os 11 anos que leva, mas deve variar entre € 10 a €20 dependendo da especulação.

PS – É curioso como o rótulo do Passadouro tem-se mantido actual após uma década, recorrendo a alusões de diferentes animais. Noto apenas uma diferença: neste tinto de 1995 o rótulo lembra que o vinho começou por ser engarrafado pela Niepoort.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Quinta Nova da Nossa Senhora do Carmo Reserva (T) 2003


É uma quinta especial. Linda de morrer e mesmo defronte da Quinta do Crasto. Tivemos a sorte – se bem que um hotel está à disposição de todos – de por lá pernoitar (ver post aqui para o relato do fim-de-semana). Passados seis meses da pernoita saiu para o mercado este Reserva de 2003. Passados outros tantos meses foi tempo de provar o vinho.
A cor é rubi escura, sem laivos de opacidade. No nariz é um Douro de verdade, rústico mas com fruta quanto baste. Na boca mantém o estilo rústico, apesar de algumas notas florais (outras vezes jurei notar referências a cogumelos). A madeira podia estar mais elegante (e menos marcada), existe muito álcool à mistura (14,5º). O final é balsâmico e o estilo é tradicional. Um vinho interessante – mas esperava-se melhor... – que teima em lembrar que nem todos os vinhos do Douro são iguais. Ainda bem.
Bom (16). A menos de € 20.

PS – A foto é da Quinta Nova da Nossa Senhora do Carmo, das vinhas, da piscina, e dos 11 quartos do seu hotel vinícola. É um turismo a não perder.

terça-feira, novembro 07, 2006

Encontro com o vinho

Passei pelo "Encontro com o vinho" no Domingo. Por isso, infelizmente, não encontrei tantos blog-amigos como esperava, tirando o João que passeou por lá os dois dias. Mas, felizmente, por ser Domingo, não encontrei multidões nem filas. Os eventos dos anos anteriores mostraram-me que o Domingo é geralmente o dia mais calmo, apesar das melhores provas ditas especiais serem realizadas ao Sábado.
Como não gosto muito de cuspir – ou, por outra, gosto bastante de tragar – tive que limitar as minhas escolhas. Nesta edição de 2006, abdiquei praticamente do Alentejo (fiz apenas uma visita ao stand do Francisco Nunes Garcia), das Terras do Sado (mas fiz questão de provar o tinto “Anima L4”), e mesmo da Estremadura (com a excepção do Reserva 2003 da Quinta do Monte d’Oiro, que está soberbo).
Dediquei-me, assim, quase em exclusivo, ao Douro, ou melhor ao Douro 2004. Como é mister, não posso referenciar todos os vinhos provados, muito menos descrever o prazer (quase sempre) e o desprazer (muito raramente) que os néctares proporcionaram. Contudo, por ordem muito pouco hierarquizada, mas usando o sistema de patamares (ranks), aqui fica o que de melhor foi provado do Douro:
  • Charme (T) 2004, Batuta (T) 2004
  • Abandonado (T) 2004, Passadouro Reserva (T) 2004, Quinta da Touriga Chã (T) 2004, Sirga (T) 2004, Talentus (T) 2004
  • Vallado Reserva (T) 2004, Vale Meão (T) 2004, Gouvyas Vinhas Velhas (T) 2004
  • Esmero (T) 2004, Casa Amarela Reserva (T) 2004

PS - Este post foi escrito sem o autor ter lido a prova geral dos tintos do Douro publicada na última Revista dos Vinhos.

PS2 - Nos brancos, o destaque vai para dois óbvios, o "Redoma Reserva (B) 2005" e o "Gouvyas Reserva (B) 2004".

quinta-feira, novembro 02, 2006

Tanha versus Versus

A missão envolvia o ataque a um cozido. Escolheram-se dois soldados que sabíamos, de antemão, serem jovens, competentes, e com características diferentes. Ao invés da famosa tática "um a seguir do outro", optou-se pela menos difundida "um juntamente com o outro". E foi assim que se provou, de uma assentada, um Calços do Tanha (T) 2004 e um Versus (T) 2004.
Sobre o duriense importa esclarecer que foi tudo o que imaginávamos, não foge em nada ao estilo que casa nos vem habituando. Fruta madura, vinioso, tatinos redondos, final guloso e a Tinta Roriz como protagonista. Esteve certeiro quando chegou a sobremesa e antes de abrirmos um Porto "Quinta do Junco Borges 1984". Já o senhor da Beira Interior, de fama súbita reconhecida nos blogs (por exemplo aqui e ali), foi mais gastronómico, fresco mas com concentração, de sabor franco, acidez cativante e com taninos irrequietos. Quando o chispe ameaçava encher demasiado o bucho, lá se bebia um pouco de Versus e o apetite voltava a ter vida. Ideal, portanto, para acompanhar a pesada refeição. Pena o final médio/curto.
Ambos os vinhos beberam-se muito bem e reconheça-se a sua óptima relação preço-qualidade. Em suma, estiveram os dois com um nível Bom (16).