domingo, abril 22, 2007

Apegadas: novidades...


Não é a primeira vez que escrevo sobre os vinhos desta quinta (ver aqui). Têm carácter, carácter duriense claro está, são frescos e elegantes. As novidades para este ano resumem-se a um rosé (2006) e ao colheita (2005), pois entendeu-se que as uvas não tinham a qualidade necessária para um reserva. Sacámos a rolha a ambas. Valeu muito a pena! Vejamos:


Apegadas (R) 2006: um rosado que parece ser versátil no binómio aperitivo vs. acompanhamento. Um vinho leve e de nariz muito frutado mas, ao mesmo tempo, de paladar sério, por vezes severo até. É um rosé que não prima pela alegria, mas antes pela seriedade. Mineral, de final longo, é irresistível. 15,5

Apegadas Quinta Velha (T) 2005: Nariz fresco com fruto franco, boca de acidez viva. Conjunto compacto, vermelho cereja, parcialmente estagiado em barricas novas por 12 meses. Um tinto muito equilibrado (apenas 13º), complexo, feito a partir de diversas castas tradicionais do Douro (touriga nacional, franca, barroca, roriz). Forte pendor gastronómico. 16

quinta-feira, abril 19, 2007

Dois alicantes...


A casta alicante bouschet anda a arrasar alguns corações enófilos. Depois de anos sem ouvir falar nesta casta (pelo menos em Portugal), e menosprezada em França, agora está definitivamente na moda entre nós. Seja por se tratar de uma uva tintureira, seja porque se aguenta bem com os calores do Sul, a verdade é cada vez mais vinhos portugueses são feitos a partir desta casta. Bebemos dois exemplares extremes, a saber:

Pegões alicante bouschet (T) 2004: Fruta preta e um carácter rústico dominam a prova deste tinto de bom porte e cor moderna (quase opaca, portanto). Falta-lhe energia e alegria, peca por ser um tinto muito linear à semelhança de outros da região. Bom preço, abaixo dos 7€. 15
Capucho alicante bouschet (T) 2005: Literalmente preto. É um monstro este alicante: nariz reduzido, corpo fresco pelo álcool (15º), notas químicas e fundo balsâmico. Há uns anos atrás este tinto seria "levado aos ombros". Agora, muita gente (já) anda farta deste estilo. Eu vou-me aguentando com este ribatejano, pois dá muito prazer. A menos de 10€. 16

segunda-feira, abril 16, 2007

DFJ Alvarinho/Chardonnay (B) 2005


Nariz fresco dominado pela fruta tropical do alvarinho, tudo muito agradável. Na boca sim, nota-se o chardonnay com um sabor amendolado, mas numa versão menos untuosa ou pesada do que é comum beber-se. Conjunto muito bem conseguido.

Feito com todos os cuidados, mediante a utilização de enzimas pectolíticos de extracção, desengace, e prensagem passado uma hora, temos aqui um interessante branco de Verão, e não apenas para aperitivo. Talvez o melhor branco de sempre da vasta gama DFJ e um dos favoritos da Estremadura a menos de 8 €.
15,5

terça-feira, abril 10, 2007

Vinhos da Tavadouro


Frey (B) 2005
Chega-nos da denominação "Távora-Varosa" este branco de cor amarela muito clarinha. Produzido a partir de gouveio real, malvasia fina e cerceal, uvas todas colhidas na Quinta de Rõssas, mais um Douro claro está. Nariz reduzido com notas soltas a maçã e relva molhada, mas tudo subtil pouco perceptivo. Na boca volta a mostrar-se pouco expressivo, não se impõe no palato e é daqueles brancos que qualquer apreciador dirá "bebe-se muito bem". Com um final curto, foi uma boa companhia como aperitivo e ajudou à degustação de uns acepipes.
Não enjoa nem destoa. Preço abaixo dos 8€. 14,5

Setembro (T) 2004
Provado duas vezes, com dois meses de intervalo. Em ambas as ocasiões encontrámos um tinto muito escuro, perto do breu total. Nariz jovem, de intensidade alta, com imensa fruta madura. Aponta para um estilo próximo da sobrematuração, mas mostra-se interessante, guloso sem cair no estilo pesadão. Na boca, o fruto é quase doce, o chocolate impõe-se e surgem sabores quentes (fruto negro, LBV, "moka"). Madeira evidente mas bem doseada e um final médio/médio+ a revelar bom trabalho por parte do enólogo. No todo: um tinto num estado de maturação ainda não perfeito, guloso e, no geral, bem feito num estilo moderno e sedutor. Um Douro diferente em estreia. Eu gostei. Preço abaixo dos 14€ (brevemente em distribuição em Lisboa).
16

quinta-feira, abril 05, 2007

Quinta da Sequeira (R) 2005


A Páscoa parece ter trazido o bom tempo, pelo menos no que toca a Lisboa. Será já tempo de um rosé? É pois!
Já aqui escrevi - é, aliás, uma evidência - que são cada vez mais os recentes projectos consolidados no Douro. A par de novos produtores mais ou menos experientes, e com mais ou menos suporte empresarial, a verdade é que vão surgindo marcas apoiadas numa séria gama de propostas entre rosés, brancos e tintos. A "Quinta da Sequeira" é um bom exemplo do que se vem escrevendo [veja-se a nota que a Revista de Vinhos atribuiu no passado mês ao belíssimo – e cheio de garra – QS Reserva (T) 2003].
Provados já os tintos, em especial o 2001 (ver aqui) e o 2002 (ver aqui para a versão "Grande Escolha", a única produzida nesse ano), o sol da Páscoa leva-me a abrir o rosé da colheita de 2005. Vejamos então:

Demonstra cor salmão profunda bem carregada, bem longe de tons abertos e pálidos. Nariz fechado e aromas surpreendentemente complexos a revelar que este rosé é coisa séria. Sólido e estruturado (tendo em conta que se trata de um vinho rosado), tem acidez mediana e final de boca seco com hamonia certeira entre frescura e doçura (ou seja, ao nosso gosto, mais acidez do que doçura). Por ser naturalmente um vinho bastante frutado irá acompanhar bem um esparguete caseiro com mexilhões temperado com vinho branco e um pouco de sumo de limão (dica: não esquecer de adicionar raspas da casca do citrino).
Em conclusão: um dos melhores rosés do mercado. A menos de 7 €.

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segunda-feira, abril 02, 2007

Quinta da Castainça Grande Escolha (T) 2003

Não é fácil encontrar este rótulo. Foi-me oferecida uma garrafa por um amigo e, a par desse evento, só o encontrei disponível para consumo na enoteca "Chafariz do Vinho" em Lisboa. Provou-se, com decantação, a garrafa que me foi oferecida.
Com touriga nacional, touriga franca e tinta roriz, apresenta-se um douro de cor cereja escura. Apesar da indicação do estágio em madeira por 12 meses, o carvalho pouco se sente no nariz, e mesmo na boca passa despercebido. É um douro clássico, fora de modas, com fruta fina, corpo delgado, alguma evolução, e um final elegante mas fugaz. Com uma acidez altiva e marcante, será uma boa (mas talvez não "grande"...) escolha para acompanhar um prato robusto. Desconheço o preço exacto, mas não deverá ser superior a 15€ (nota escrita em 19/04/2007: encontrei finalmente o vinho, está no ECI a cerca de 14€).
15,5