Quinta do Mouro Touriga Nacional (T) 2003
Cor magnífica, nariz interminável e boca explosiva. É assim este Mouro touriga...
Se na cor apenas importa notar que é escuro quase opaco, já no nariz são precisas mais palavras para o descrever. Como os grandes vinhos, começa tímido o bouquet (a fera está trancada na garrafa), e mesmo alguns minutos passados no decanter não o fazem respirar. Mais de 30m depois (e já o vinho estava nos copos), um perfume interminável e misterioso se solta. É evidente que tem bergamota, tangerina, amêndoas e tudo o mais - é afinal um touriga, embora do Alentejo. Mas tem mais: é um nariz – numa palavra – viciante... tem certamente dos aromas mais viciantes de que nos lembramos. É verdade que por vezes ficamos presos a um nariz harmonioso e sedutor que nos apetece cheirar sempre mais um pouco, mas este não é bem assim. Ao invés, é uma curiosidade permanente (mais do que sedução) que nos leva a não deixar este tinto pousado na mesa. É, enfim, uma incapacidade de caracterizar o bouquet em poucas palavras...
A boca é uma total surpresa e um caminho sem fim. Começa leve, aveludada, tem uma entrada de boca majestosa e elegante. Depois – já a meio do palato – como que explode e é, nesse momento ténue, que toda a boca fica cheia por este tinto. É um vinho gordo e cheio, é evidente. Mas é mais do que isso... a explosão é apenas a preparação para um final inacreditável, fresco e floral. Um paladar contraditório e que exige atenção redobrada.
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Por tudo isto, e é só pena a componente gastronómica que tanto gostamos nos outros Quinta do Mouro (ver aqui) fique um pouco relegada por tanto exotismo, é um grande vinho. Um grande touriga do Alentejo!
17,5
2 comentários:
Com uma nota de prova tão empolgante e a roçar a perfeição, chegamos ao final e pimba foi um estalinho de 17,5...
João, o vinho é tão intenso que dei por mim a relegar um coelho com arroz... que adoro!
É um vinho de estampa (já provaste?), de companhia até, mas não para almoçaradas ou jantaradas.
N.
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