quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Os melhores do ano - RV


Cabe aos leitores perdoar, ou não, o perscrutador autor destas linhas por não ter escrito mais cedo o que verdadeiramente se passou - não se pode confiar nas versões oficiais (LOL) - na passada sexta-feira, dia 16. O rigor de um fim de semana de copo na mão, mais uns dias a diambular por travessas de lampreia no Mondego, obrigou o autor a descanso e algum afastamento.
Tudo tomou lugar no belíssimo edifício da Alfândega no Porto para a atribuição dos prémios "Os melhores do ano - Revista dos Vinhos". Como sempre sucede nas cerimónias desta índole, foi prémios para aqui, prémios para ali, intervenções aqui e agradecimentos acolá. A melhor demonstração do impacto dos prémios da RV surge nos dias seguintes à cerimónia. No Sábado já se discutia se A Veneza foi merecedora do prémio de Garrafeira do Ano ("aquilo é um restaurante e não uma garrafeira" - ouviu-se em cada esquina). Dois dias depois ainda se duvidava que o prémio de enoturismo assentava bem à Quinta Nova Nossa Sr.ª do Carmo ("a piscina está sempre suja" - foi um comentário comum). Quanto a nós, como é sabido, gostamos de tanto de comer n' A Veneza (ver aqui e ali) como de pernoitar na Quinta Nova Nossa Sr.ª do Carmo (ver aqui). Por nós tudo bem, prémios bem entregues.
Discussões à parte, os prémios dos vinhos foram consensuais e passearam nas mãos de gente ilustre e conhecida como Domingos Alves de Sousa, Luís Duarte, Peter e Charles Symimgton. Também as equipes por detrás dos projectos Altas Quintas, Real Companhia Velha e Coop. de Santo Isidro de Pegões foram - e bem! - premiadas. O prémio especial entregue a José Quitério foi um verdadeiro momento de emoção, pelo menos para mim que acompanho as suas crónicas faz mais de uma década. Em suma, muitos parabéns à RV pelo fulgor em organizar, uma vez mais, um evento no qual o melhor do universo dos vinhos nacionais se encontra representado.
Mas naquele jantar – belíssimo jantar, fantásticas entradas, sobretudo se pensarmos que se tratavam de mais de 800 convivas – surgiu então algo de inesperado. A normalidade habitual neste tipo de eventos foi interrompida! Como se imagina, a composição das mesas encontrava-se ditada pelos vencedores, pelos produtores mais emblemáticos, por algumas figuras da cidade do Porto e demais convidados solenes, e, evidente, pelos jornalistas e provadores da RV. Ou seja, tudo como mandam os cânones. Porém, eis que, quase no fim da sala, firme se equilibrou a mesa n.º 81 com nove bravos delegados da "imprensa mais independente do país" (a frase é de um conhecido produtor). Por isso, e talvez só por isso, a surpresa da noite não foi o prémio atribuído à Bacalhôa Vinhos como Empresa do Ano de vinhos generosos!
A surpresa da noite foi a presença de nove blogistas, tão independentes que se mostraram mesmo independentes entre si. Foi quase impossível o consenso naquela mesa. Tão independentes e pró-activos que criticaram in loco os vinhos premiados, e poucos são capazes de imaginar o mal dizer que sofreram alguns prémios de excelência... Os blogistas não tiveram descanso, foi sempre a trabalhar. Vinhos premiados, vinhos raros, vinhos de preço altíssimo, uns e outros foram - ali mesmo na mesa n.º 81 - criticados sem apelo nem agravo.

11 comentários:

Chapim disse...

Caro Nuno,
A inveja é um sentimento feio, mas confesso que o tive por não poder estar presente. Deve ter sido um manjar dos Deuses, principalmente pelos vinhos...

Tive pena de não poder travar mais conversas contigo no essência mas estava claramente num dia mau, o espaço não ajudava e outros comentários sobre o evento já os fiz em outros locais.

Mais eventos virão e mais vinhos e conversas teremos pela frente.

Boas provas!

Chapim disse...

Nuno desculpa as repetições. Se puderes retira as cópias dos comentários.

NOG disse...

Amigo Chapim, as repetições são bem-vindas (LOL).

Tens razão, para a próxima temos de conversar melhor.

Abraços,

N.

Anónimo disse...

Caro Nuno bonito texto que mostra que o vinho não só inspira como também "induca" Boas provas. AJS

NOG disse...

Amigo AJS,

Um forte abraço, já de saudade.

N.

PS. Obrigado pela boleia.

VinhoDaCasa disse...

VIVA A MESA 81.

Foi um prazer conhecer-te pessoalmente, e ao AJS também.

Espero que tenha sido um bom companheiro de fim-de-semana, e que bebamos mais chá juntos às 3 da manhã que bem precisamos de vez em quando.

AJS, o vinho que trouxe é fantástico, nunca nada igual me tinha escorregado pela guela...
Como prometido, provei-o no dia a seguir mais fresco e foi qualquer coisa de fantástico. Belo Porto, belo Colheita.


Ah...
Falo-vos dum Colheita de 1953, engarrafado em 1977(?) de produção particular da zona do Pinhão.

NOG disse...

Amigo Paulo,

Que óptima companhia durante o fds. Tu, e a Joana, foram muito simpáticos para comigo. Muito obrigado por isso.

Foi esse chá que me ajudou para os dois dias da «Essência do Vinho». A rapaziada do Vinho a Copo devia ter bebido desse chazinho...

N.

Cristo disse...

NOG, então sempre foste tu que ganhaste a Camisola Amarela...

Um abraço,
CA

João de Carvalho disse...

Amigo Nuno, o simpático companheiro do blog Que tal o vinho já me enviou as fotos, envio para ti e desde já pergunto se te importas que coloque a dita no Copo de 3 como homenagem à mesa 81.

NOG disse...

Jean Pierre, já vi que colocaste a foto. Muito bem!

Abraços,

N.

NOG disse...

Amigo Cristo,

Foi mais prémio da montanha, mas depois do doping tudo voltou ao normal.

Abraços,

N.