Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001
Aquando do nosso texto do Natal deixámos a dica e o aperitivo (ver aqui). Agora abordamos um pouco mais o objecto – e que objecto!
Aquando do nosso texto do Natal deixámos a dica e o aperitivo (ver aqui). Agora abordamos um pouco mais o objecto – e que objecto!
No início é até um choque menos agradável tanto que é o ataque da excelente madeira em que o vinho estagiou. Apara de lápis, madeira de móvel antigo, espuma de café expresso, enfim de tudo um pouco. Mas este é um daqueles tintos que não pode ser julgado pelo seu ataque inicial, isso seria, aliás, extremamente injusto para o néctar e redutor para o enófilo.
Pois bem, cinco minutos de arejamento em decante (ou um pouco mais em copo largo) bastam para soltar um bouquet absolutamente fabuloso, (ainda) em plena evolução e com muita categoria balsâmica. Complexo na fruta (não muito madura), toda ela muito fresca mas saborosa. Acidez doseada na perfeição e um corpo extraordinário fechado em "apenas" 13º de álcool. Alguns taninos (até da própria madeira...) que ainda marcam uma boca ligeiramente áspera mas igualmente fresca, ampla, recompensadora no que respeita a fruta, acidez e final de boca. Arriscamos: quem não gostar deste tipo de tinto (eg., por ter quase oito anos, por ter menos álcool que o habitual, ou por revelar uma fruta não esmagadora e aromas não facilmente identificáveis) não vai gostar certamente de muitos dos melhores vinhos do Mundo!
Um conjunto que merece reflexão, um expoente do Douro que alia tipicidade da região, um toque clássico e muita patine. Esqueci-me de alguma coisa?
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Próximos vinhos: Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2004; Dona Maria Reserva (T) 2003; Torais (T) 2005; Quinta do Ameal Loureiro (B) 2006
6 comentários:
É uma bela Pinga Sim Senhor.
Os vinhos do Douro, reflexos da região duro e sóbria de onde vêm, são sempre grandes vinhos, equilibrados e dotados de um prazer gastronómico evidente.
Lembro o recente Ferreirinha Reserva 97, o saudoso Evel Grande Escolha. Pingas em que quando se leva o nariz ao copo se diz: "Isto é Douro".
Agora, isto é Touriga Nacaional... já é outra conversa.
Gostei de te ouvir neste post.
Estou curioso por ver a tua nota de prova do Dona Maria Reserva.
Caro Frexou,
Junto segue um abraço e obrigado pelas palavras. De facto, as próximas pingas de que falarei são todas de alto nível.
Ab.
N.
Ora viva,
Já tinhamos aqui, no passado, falado sobre a qualidade deste vinho que ambos nos agradou.
Parece-me novamente uma boa oportunidade de realçar a necessidade de dar tempo aos topo de gama do Douro e não andar a beber os vinhos mal eles saem para o mercado...é que perde-se o real valor do vinho!!!! A luta continua...
Este Brunheda pareceu-te vinho ainda com potencial de evolução ascendente? Eu ainda guardo um par...crente nas palavras do produtor que disse ser um vinho para 20anos!!!
Abraço
Pedro Guimarães
Estava cheio de curiosidade para ler este post, pois foi este vinho o primeiro a vir à mesa para festejar a primeira comunhão da minha sobrinha. A verdade é que estranhei ao provar, pois não é todos os dias que se tem a oportunidade de provar um néctar destes. Achei-o de uma elegância divinal, e mesmo assim achei que era um vinho para se beber com muita calmaria, e não numa festa com pelo menos 15 adultos, e umas quantas crianças à mistura, complementada com umas discussões fervorosas politico-ó-futobolistas. Hoje sinto que não tirei proveito deste privilégio, devido à ocasião. Paciência fica para a próxima, se a houver!!!
Acho que me alonguei um pouco...
Um Abraço.
Caro Pedro Guimarães,
É verdade! Já tínhamos aqui falado sobre a qualidade deste vinho... Provei outra garrafa deste então e agora tenho menos dúvidas: o vinho tem muito potencial de evolução. Eu diria que nos próximos 2 a 5 anos vai andar assim, com muita madeira (sobretudo no nariz) no início e depois muito cheio de garra (e taninos). Em suma, 20 anos em forma não sei se aguentará, mas 10 aguenta certamente!
De resto, também não tenho dúvidas e concordo muito com o que dizes – é necessário "dar tempo aos topos de gama do Douro e não andar a beber os vinhos mal saem para o mercado". Só um apontamento sobre isso: é claro que nem todos os topos se aguentam como este Bunheda, e não esqueçamos que a colheita (2001) ajuda a uma evolução positiva o que não acontece com todos os anos.
Forte abraço,
N.
Caro Pedro Sousa (PT),
Ainda bem que concorda que, após a madeira inicial, temos aqui um néctar cheio de elegância (e num perfil algo clássico, diria eu…).
Prová-lo a festejar a primeira comunhão da sua sobrinha é muito bonito (parabéns, aliás), mas compreendo o que diz: também acho muito recomendável que o volte a beber noutras circunstâncias, eventualmente sem as crianças à mistura e sem as normais discussões "politico-ò-futobolistas". Este é um daqueles tintos que nos exige concentração!
Abraço forte,
N.
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