sexta-feira, junho 20, 2008


Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2004

Fazemos assim uma breve interrupção nos textos da viagem ao Douro, o que não nos impede, contudo, de nos mantermos na região, posto que a prova que vamos abordar de seguida é a de um tinto duriense.

Falamos, e não é a primeira vez, de um vinho da Quinta da Sequeira, desta feita o seu topo de gama denominado de "Grande Reserva", designativo que cada vez mais se torna comum talvez em detrimento dos "Grande Escolha". Pois bem, se os tintos "Colheita" e "Reserva" desta quinta teimam em mostrar-se sequiosos de estágio em garrafa, afim de amaciarem os seus arrasadores taninos e demais arestas pontiagudas, já este Grande Reserva 2004, apesar de potente, está como que "adormecido" e não dizemos isto no mau sentido, bem pelo contrário. A madeira, que tantas vezes marca demasiado os vinhos (até com taninos), fez neste tinto tudo o que lhe competia pois o líquido está mais calmo que outros do mesmo terroir mantendo, porém, o perfil aguerrido, seco até, e de grande comprimento.

É certo que não esconde as suas origens e revela um nariz floral no fundo, com flora florestal e fruta madura não-compotada. É, ademais, significativamente complexo, mostra camadas de fruto silvestre, e a madeira apenas se vai evidenciando, aqui e ali, num apontamento diríamos que "abaunilhado" (mas nada de fumos, ou coisas que tais). Boca poderosa mas (novamente...) mais agradável do que esperávamos à primeira vista, capaz de dar prazer e de manter uma enorme vertente gastronómica (na foto coxas de pato assadas). Bom fruto, saboroso, tudo muito bom e bastante equilíbrado - sem dúvida, o melhor tinto comercializado por esta quinta do Douro Superior e uma óptima escolha para quem já está farto das bombas do Cima Corgo (não, ainda não é o nosso caso...)!

Em suma, pode-se beber desde já, mas recompensará muito se se guardar por um par de anos. Depois, arriscamos que se possa beber até 2013-2015 em óptima forma (um desabafo: o que eu daria para ter uma magnum). Cada garrafa, de belo grafismo, imponente no tamanho e sobretudo no peso, custa cerca de € 35 nas "Coisas do Arco do Vinho" (Lisboa) ou nos Club Gourmet (Lisboa, Sintra). Não é barato, mas é bom e bonito!

17,5


Próximos vinhos: Dona Maria Reserva (T) 2003; Torais (T) 2005; Quinta do Ameal Loureiro (B) 2006

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