Quinta da Fata - tintos
Construída no final do século XIX, a Quinta da Fata situa-se em pleno coração da região do Dão. A escassos quilómetros de Nelas, e a menos de meia hora de carro da Serra da Estrela, produz vinhos com as tradicionais castas da região, numa gama que dispõe já de um branco encruzado, um tinto monovarietal de touriga e um tinto reserva, e de muitos prémios nacionais e internacionais. Como é Inverno, com chuva e frio como há muito não se via, deixemos o branco de 2006 para outra altura e centremo-nos nos tintados de 2005, colheita excepcional no Dão.
Quinta da Fata Reserva (T) 2005: Confirmando as suspeitas reveladas no intróito, este reserva tem um perfume típico dos tintos de lote da região. Não admira, assim, a sua composição, seguindo fórmula costumeira, touriga nacional, jaen e tinta roriz em maiores percentagens, e umas "pingas" de alfrocheiro preto e trincadeira - o Dão tem, aliás, mostrado diversos produtores com vontade de melhorar os seus vinhos mas dentro da tradição. Temos assim um vinho retinto, vermelho escuro e límpido no copo. No nariz – e na boca, adiante-se – é identificável de imediato estarmos perante um vinho de lote, com fruta complexa, fina, focada em frutos vermelhos silvestres, tudo num conjunto jovem, embora as notas doces da madeira tragam consigo um carácter surpreendentemente caloroso (mas não quente) a um perfil, no geral, algo duro. Boca com estrutura mediana, taninos não agressivos e saborosos. Para um Dão de 2005, já se bebe muito bem, com prazer e sem receios que a acidez obrigue a um prato muito forte. Esta talvez seja mesmo uma característica a salientar – está pronto a beber embora a acidez garanta longevidade. O final é seco, com persistência média. Está aqui uma boa reserva do Dão, aposta segura para o consumidor e, ao que parece, não muito onerosa. 16
Quinta da Fata touriga nacional (T) 2005: O produtor confessa-se seguidor da tradição de vinhos de lote, mas reconhece que a touriga nacional tem muita garra a sólo e mostra-se, geralmente, com complexidade acima da média. Por isso, e uma vez que o mercado pede cada vez mais touriga, produziu "excepcionalmente" (sic) este monocasta. E ainda bem que o fez, pois tem, efectivamente, muita garra e complexidade. Quanto à garra, é mesmo superior ao irmão reserva: boca cheia, taninos vincados, e um final significativamente prolongado. O nariz está ainda fechado, bem preso na madeira (como tantos outros que andam por aí), mas antevemos o forte carácter das violetas e a fruta madura em caleidoscópio. Para não dizer muito sobre o óbvio quanto à cor – praticamente opaca, como convém nestes tempos. Por agora, perante um prato regional, talvez escolhêssemos o irmão reserva, mais gastronómico e mais pronto a beber, mas o nosso coração pende para a companhia deste touriga, muito jovem ainda no nariz mas na boca muito energético e saboroso. Aconselha-se por isso, nesta fase, a decantar o vinho com bastante antecedência e a consumi-lo a 18º. Belo touriga, a pedir que se se repita a experiência na colheita de 2006 ou 2007. 16,5 - 17
*
*
Próximos vinhos: Encosta do Sobral (T) 2004; Encosta do Sobral Reserva (T) 2004; Encosta do Sobral Reserva Cabernet (T) 2004; Paulo Loureano Premium (T) 2004; Alvear PX (B) 2004
1 comentário:
São vinhos que tenho em muito boa conta a relação preço/qualidade, embora ainda não tenha tido a oportunidade de provar o Touriga Nacional.
Enviar um comentário