sexta-feira, março 16, 2007

1 pato e 2 brunhedas


Estou a repetir-me se escrever que alguns dos pratos que mais rapidamente preparo para acompanhar vinhos têm como matéria prima o peito do pato (ou "magret", se preferirem a francesisse).

Coloco o lombo, com a pele virada para baixo, numa frigideira alta e grande e, numa primeira fritura, adiciono apenas temperos básicos (sal, pimenta, pouco mais). Depois, retiro o lombo do bicho, e é altura de desferir cortes como que a fatiar finamente, mas sem cortar totalmente em fatias. Passo então outra vez pela frigideira, agora com os outros ingredientes seguindo a imaginação. Dou prevalência a alguns produtos ácidos para cortar a gordura natural do pato (como fruta: laranja é um clássico) e/ou vinho do porto ("ruby" serve bem). Reforçar na pimenta também é essencial.

Para beber? Façam como nós que abrimos dois vinhos da casa duriense Brunheda. Um óptimo branco, à semelhança do que outros produtores vêm fazendo sobretudo do Douro, e um tinto da "velha guarda" com um toque feminino. Duas belas opções.

Vinha da Pala Reserva (B) 2004
Decantado e reintroduzido na garrafa, é mais um daqueles brancos que persegue os melhores da região. A partir de malvasia fina, códega do larinho e viosinho, e com 12 meses de carvalho francês está límpido na cor e fresco na boca. Falta-lhe algum fruto (de caroço, como gostamos), mas está redondo, com estrutura e peso adequado e acidez certeira. Fomos buscá-lo à garrafeira Veneza no Algarve. O preço rondava os 14€. 16,5

Brunheda Reserva (T) 2001
Que excelente cor rubi profunda e sem marca exposta de evolução. Nariz reduzido, com concentração e algum fruto de qualidade. Na boca está fresco, amplo, com acidez muito positiva. O fruto está menos presente, a evolução que não se nota na cor sente-se na boca. É um bom vinho, produzido a partir de castas tradicionais do Douro, ao qual parece faltar algum carácter mais robusto. Está elegante, talvez feminino... 12,5º de álcool é coisa rara nos dias de hoje. O preço não sabemos, pois saiu-nos em sorteio, faz anos, num dos belos jantares da garrafeira "Coisas do Arco do Vinho" em Lisboa. 16,5

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