Tantas foram as vezes que escrevi sobre apenas um vinho dito “normal”, em alguns casos, já de si muito bom... bem, hoje escrevo sobre três belos vinhos. São vinhos que, pelo cuidado na elaboração, pela qualidade da matéria prima e do saber enológico que demostram, e até pelo preço que exibem, pouco têm de normal. Vejamos então mais de perto este trio de tintos:
- Redoma (T) 2001 – O único decantado pois verifiquei a existência de forte resíduo. O que mais me agradou neste vinho foi, sem dúvida, a sua elegância. Tem um porte aristocrático, verdadeiramente cheio mas sempre elegante. Contido no nariz, reduzido, aromático e especiado contudo. Na boca é fino, estruturado, e muitíssimo equilibrado – é difícil notar as castas, apontar a madeira ou acusar a mão do enólogo. Taninos potentes (a boca não tardou a ficar seca!) mas não agrestes. Um belo vinho, seguro e fino, para muitas (mas selectas) ocasiões. Bom ++ (17,5).
- Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas (T) 2002 – Paira álcool mal o colocamos no copo, mas é um álcool guloso. Imediatamente depois, surge um perfil sedutor de grande categoria. Na boca, solta-se os apontamentos a bergamota, flores (um carácter floral intenso, mas não enjoativo), e um fundo mineral que parece não ter fim. No final de boca – que grande final (pensei em contar os segundos, seriam certamente pelo menos uma dezena)! – arrebata novamente a sensação a álcool, desta feita acompanhada de canela e sensações lácteas, doces e quentes, misturadas com fumo (quem sabe se um açúcar queimado em leite creme). Enfim, tudo demonstração de frescura e vitalidade. Grande vinho, o mais sedutor dos três, mesmo em ano difícil. Bom ++ (18).
- Chocapalha (T) 2003 – Não é a primeira vez que escrevemos sobre os vinhos desta quinta próxima de Alenquer. Na verdade, provámos, e o que provámos relatámos, o "Quinta da Chocapalha (T) 2003" (ver link), o vinho de entrada na gama desta quinta. Pois bem, tudo aquilo que admirámos no "Quinta da Chocapalha" também encontramos neste topo de gama. Reside aqui, aliás, um dos poucos óbices que encontrámos neste Chocapalha. É que, a nosso ver, ambos os vinhos são muito similares, ficando o "Chocapalha" a dever pouco mais ao seu "irmão mais novo", mas sendo bem mais dispendioso. Nas notas de prova, mostrou cor negrita profunda não opaca. No nariz foi a vez das referências a chocolate branco, baunilha da madeira, enfim, tudo um pouco adocicado. Aqui não há vegetal, apenas bagas vermelhas e um toque floral (gerânio, pareceu-nos). Mais dissimuladas, aparecem notas a cacau, madeira de qualidade, fruta (mais fresca do que no “irmão mais novo”) e algum dado químico à mistura num palato que enche bem a boca. Final agradável, médio/longo, tudo muito próximo do estilo "novo mundo". Bom + (17).
9 comentários:
A RV atribui 16,5 ao Chocapalha (Edição 200, p. 41). Quanto aos restantes, não tenho dados de revistas.
NOG
Nuno nunca bebi um chocapalha, seja ele branco ou tinto. Tenho que ver isso.
Um abração
Rui
Rui, só proveio os tintos (Quinta da Chocapalha 2003 e 2004, Chocapalha 2003) e são bons. Penso que é a quinta do pai da enóloga Sandra Tavares da Silva. Sabes... eu gosto muito dos vinhos da Estremadura.
Abraços,
Amigo Nuno, todos nós temos as nossas paixões, os nossos gostos. Eu é com os vinhos do Dão.
Abração
Rui,
Bem sei. E que bom gosto tu tens.
Abraços,
N.
Excelentes vinhos.
Provaste-os ao mesmo tempo?
Se sim, posso saber só por curiosidade a ordem?
Viva Paulo,
Foi por esta ordem:
primeiro o Chocapalha 2003,
depois o Quinta do Crasto Res. 2002 e finalmente
o Redoma Res. 2001.
Tudo muito bom, já provaste algum destes vinhos?
N.
Já bebi o Chocapalha 2003 e o Redoma 2001.
São vinhos muito densos. Gosto muito do perfil de ambos com preferência para o Redoma.
O Crasto nunca bebi.
Um ligeiro reparo, saudável claro:
O Redoma tinto é só Redoma. O Reserva é branco.
Abraço! Espero que não leves a mal a chamada de atenção :)
Tens razão quanto ao Redoma. Vou alterar... era tão bom que pensei que fosse reserva.
Obrigado,
N.
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