terça-feira, agosto 22, 2006

Vinhos entre críticos e "treinadores de bancada"


É sabido que uma das características mais interessantes nos "enoblogs" é o carácter pessoal dos relatos escritos sobre as provas dos vinhos. Ao invés das criticas especializadas das revistas sobre vinhos, os blogs são mais intimistas e, não raras vezes, surgem discrepâncias entre o gosto do crítico provador e a apreciação do blogger enófilo. Mas atenção, a opinião que conta é, sem dúvida, a da imprensa especializada, é essa que faz e desfaz preços (e assim se deve manter), é essa imprensa que todos os meses tem de provar dezenas/centenas de vinhos, é essa imprensa que tem os melhores provadores nacionais como redactores.
Em todo o caso, um bom exemplo da saudável discórdia que se vem escrevendo pode ser encontrado na comparação entre as pontuações atribuídas pela Revista de Vinhos (RV) na edição n.º 194 (Janeiro, 2006, pp. 62 e ss) e as nossas notas publicadas neste blog. O objecto de estudo: "Brancos com madeira".
Ora, no top da RV não existem discrepâncias com a minha opinião – tanto o "Conde de Ervideira 2004", como o "JPR Antão Vaz 2004" (nossa prova aqui), passando pelo "Cova da Ursa" da mesma colheita (nossa prova aqui), são todos vinhos que merecem o meu total, e sincero, aplauso.
As diferenças surgem, todavia, no ponto extremo, exactamente nos vinhos com menores pontuações: é que considero o "Gouvyas Reserva 2003" (nossa prova aqui) um dos melhores brancos do mercado e, no entanto, a RV atribuiu 15 pontos e coloca-o atrás de brancos que (já os tendo provado também) não merecem, em nossa opinião, esse feito. O mesmo se diga dos 14,5 pontos oferecidos ao "Castello d’ Alba Vinhas Velhas 2004", um dos vinhos que mais me cativou em provas recentes. Outra diferença: a acidez que tanto apreciei no "Herdade do Meio 2004" (nossa prova aqui) é considerada agressiva pela RV e, talvez por isso, "catrapum"... meros 13,5 pontos.
Ao longos de mais de dez anos que sigo as pontuações da RV, e aconselho todos a fazer o mesmo! Mas, por vezes, as nossas provas (com ou sem rótulo à vista) dizem-nos coisas diferentes. O que fazer?
O consumidor que decida!

Sem comentários: