Poeira (T) 2006
Depois dos (demasiados) textos sobre "novidades", sobre "visitas" e afins, voltamos às provas individuais. E voltamos a um grande nome recente do Douro. Já é bem sabido que Jorge Moreira atribui ao seu Poeira um carácter diferente daqueles tintos que mais têm marcado o Douro na última década. Já é bem sabido que o Poeira é um projecto com "pés e cabeça", e que os vinhos se vão moldando às características de cada colheita.
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Mais do que um certo excesso de presença aromática, mais do que um corpo pungente, mais do que uma sedução imediata, o Poeira tem revelado um lado mais fino no Douro, mas não menos recompensador quando guardado alguns anos na garrafeira. É, na verdade, mais fresco e mais elegante - e o estágio em garrafa aparenta fazer-lhe melhor -, do que à maioria dos outros durienses. Pelo menos, é o que podemos antever desde a sua primeira colheita em 2001. Mas tudo isto que se acabou de escrever é já, estamos certos, do conhecimento dos leitores, e em especial daqueles que, com conhecimento prático, já beberam, por exemplo, o magnífico Poeira '04 (um dos nossos predilectos). Pois bem, e o 2006? Quem já provou?
Numa pincelada breve, arriscamos a dizer que, entre alguns dos nomes maiores do Douro - neles incluindo os vários produtores que dão corpo ao projecto "Douro Boys" e os grandes nomes do Douro Superior -, este Poeira '06 é um dos tintos mais fascinantes da colheita na região. Imediatamente fresco no copo, de carácter rude, taninos muito secos, este é um vinho para durar e não apresenta tiques de excesso de maturação visíveis noutros vinhos do mesmo ano. Apesar da sua dureza, sente-se (mais ainda do que em anteriores colheitas) e muito agrada a presença da Touriga Nacional a atribuir um leve carácter floral a um conjunto que, por estar ainda bruto (o melhor é esperar um par de anos...), encontra-se por ora algo indefinido no nariz ao nível da fruta - ora mais madura, ora com matizes de fruta encarnada. Na boca, apresenta o corpo típico da marca - i.e., com muita presença mas não em amplitude -, todo ele equilibrado apesar de ligeiramente químico, e, com arejamento vigoroso, até mesmo cativante e quase saboroso.
Por enquanto, está algo "preso", mas afigura-se a um nível alto, sobretudo se tivermos em consideração os seus pares na difícil colheita de 2006 no Douro. Não se encontrando no mesmo campeonato das colheitas de '01, '04 e '05, está, todavia, bem bom! Para guardar na garrafeira já se sabe, e só para quem tiver entre €28-€35 para gastar numa garrafa (pois é, já foi mais barato...).
17,5
Próximos vinhos: VT (T) 2005; Vértice rosé (Esp) 2007; Quinta de Porrais (B) 2007; Vinha Othon Reserva (T) 2006.
2 comentários:
Caro Nuno,
faz tempo que não deixava um comentário (mas continuo a passar por aqui)
Na semana passada estive na Delidelux a provar os vinhos do Jorge Moreira e estavam todos em grande forma.
O Passagem surpreendeu-me a frescura e correcção para 2006 assim como para mim o Poeira está no topo deste ano mais complicado.
Provei ainda uma amostra de casco do Pó de Poeira Branco 08 em grande grande forma.
Boas provas!
Caro Chapim,
Um grande abraço e muito obrigado pelo comentário. E sim, também vejo o Poeira (T) 2006 num nível muito alto para o ano.
Ab.
NOG
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