Feiras dos vinhos nos hipermercados
- 2 reflexões e meia dúzia de sugestões
Todos os anos a mesma situação ocorre, não importa em qual Feira dos Vinhos pois já aconteceu em todas. Desta feita, é no ECI (pelo menos no da Beloura) que se anuncia um vinho - no caso, o Valle Pradinhos (B) 2007 -, e a um preço interessante, mas nada de o encontrar nas estantes da feira. Lembramo-nos bem de várias feiras passadas em que após ter encontrado no folheto promocional um ou dois desejados vinhos nos quais iríamos investir algumas das nossas poupanças eis que, chegados ao hipermercado, não os conseguíamos encontrar. Por vezes, não era uma apenas questão de ruptura de stock, era mesmo falsa informação! Por outro lado, à excepção do referido branco de Macedo de Cavaleiros, que julgamos não existir na feira do ECI até prova em contrário (ao que parece, pelo que me dizem nos comentários, existiu no de Lisboa), pouca coisa há a registar, talvez o Herdade Grande Colheita Seleccionada (B) 2007 a menos de €5 e pouco mais, o Catarina (B) 2007 pelo mesmo preço e uma ou duas novidades espanholas.
No Continente, para além de dezenas de vinhos abaixo dos €2 (o que motivou aliás o texto de João Paulo Martins na sua crónica no semanário Expresso), o destaque segue inteiro para a promoção dos vinhos da Herdade do Meio (HdM). Com descontos de cartão, redução no preço e tudo mais, é possível, em três visitas a um Continente, comprar três garrafas de Herdade do Meio Garrafeira (T) 2003 (ou 2004) e duas de Herdade do Meio Homenagem (T) 2004, tudo por pouco mais de € 45. O cliente fica satisfeito, mas é de estranhar este tipo de promoção e avisa-nos que o projecto da HdM pode não ir na melhor direcção. É certo que se pode falar na parceria entre a Sonae (Modelo/Continente) e a HdM - vale a pena lembrar que a HdM, do empresário João Pombo, recebeu em tempos um reforço de capital, com a entrada da Investalentejo, participada da Sonae SGPS -, mas não é razão suficiente para desvalorizar o vinho. Sim, porque é de desvalorizar o vinho que se trata. Quem vai comprar a €30 (PVP na maioria das lojas) o Herdade do Meio Garrafeira 2003 ou 2004 nas lojas pelo país fora? Quem vai comprar a €30 as próximas colheitas do Herdade do Meio Garrafeira? Não nos lembramos, efectivamente, de nenhuma descida de preço recente assim tão forte, ainda que motivada por questões de parceria societária. De resto,ainda no Continente e a título de sugestões, talvez sejam boas opções o Entre II Santos (T) a menos de €3,50, o Azamor (T) 2004 a menos de €7 e o Pequeno Pintor (T) 2005 a menos de €8 e (no Jumbo, dizem-me que o Pequeno Pintor está a menos de €6) e o Grou II (T) 2006 a menos de €6.
Todos os anos a mesma situação ocorre, não importa em qual Feira dos Vinhos pois já aconteceu em todas. Desta feita, é no ECI (pelo menos no da Beloura) que se anuncia um vinho - no caso, o Valle Pradinhos (B) 2007 -, e a um preço interessante, mas nada de o encontrar nas estantes da feira. Lembramo-nos bem de várias feiras passadas em que após ter encontrado no folheto promocional um ou dois desejados vinhos nos quais iríamos investir algumas das nossas poupanças eis que, chegados ao hipermercado, não os conseguíamos encontrar. Por vezes, não era uma apenas questão de ruptura de stock, era mesmo falsa informação! Por outro lado, à excepção do referido branco de Macedo de Cavaleiros, que julgamos não existir na feira do ECI até prova em contrário (ao que parece, pelo que me dizem nos comentários, existiu no de Lisboa), pouca coisa há a registar, talvez o Herdade Grande Colheita Seleccionada (B) 2007 a menos de €5 e pouco mais, o Catarina (B) 2007 pelo mesmo preço e uma ou duas novidades espanholas.
No Continente, para além de dezenas de vinhos abaixo dos €2 (o que motivou aliás o texto de João Paulo Martins na sua crónica no semanário Expresso), o destaque segue inteiro para a promoção dos vinhos da Herdade do Meio (HdM). Com descontos de cartão, redução no preço e tudo mais, é possível, em três visitas a um Continente, comprar três garrafas de Herdade do Meio Garrafeira (T) 2003 (ou 2004) e duas de Herdade do Meio Homenagem (T) 2004, tudo por pouco mais de € 45. O cliente fica satisfeito, mas é de estranhar este tipo de promoção e avisa-nos que o projecto da HdM pode não ir na melhor direcção. É certo que se pode falar na parceria entre a Sonae (Modelo/Continente) e a HdM - vale a pena lembrar que a HdM, do empresário João Pombo, recebeu em tempos um reforço de capital, com a entrada da Investalentejo, participada da Sonae SGPS -, mas não é razão suficiente para desvalorizar o vinho. Sim, porque é de desvalorizar o vinho que se trata. Quem vai comprar a €30 (PVP na maioria das lojas) o Herdade do Meio Garrafeira 2003 ou 2004 nas lojas pelo país fora? Quem vai comprar a €30 as próximas colheitas do Herdade do Meio Garrafeira? Não nos lembramos, efectivamente, de nenhuma descida de preço recente assim tão forte, ainda que motivada por questões de parceria societária. De resto,ainda no Continente e a título de sugestões, talvez sejam boas opções o Entre II Santos (T) a menos de €3,50, o Azamor (T) 2004 a menos de €7 e o Pequeno Pintor (T) 2005 a menos de €8 e (no Jumbo, dizem-me que o Pequeno Pintor está a menos de €6) e o Grou II (T) 2006 a menos de €6.
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13 comentários:
Caro Nuno,
Tive a oportunidade de comprar 2 caixas de Valle Pradinhos Branco no Corte Ingles de Lisboa. Mas avisaram logo que tinham poucas caixas.
Ligue para combinarmos um jantar e apresentar algumas novidades.
Abraço,
Fernando Magalhaes
The Wine Company
Também eu comprei várias HdM cá para casa. Quanto ao ser desvalorizar o vinho, discordo. É uma estratégia comercial como qualquer outra, neste caso parece-me ter sido uma excelente estratégia que beneficiou o hipermercado pois encaixou muito dinheiro que só "devolverá" posteriormente em descontos (ou seja implicará fazermos outras compras).
O produtor esse também saiu beneficiado pois de certeza que teve um Boom nas vendas e arranjou uma nova forma de escoar garrafas talvez não muito fáceis de vender, apesar da excelente qualidade do vinho.
No fim, se a qualidade se manter, ganhamos nós consumidores.
1 Abraço
Viva! :)
Já tinha reparado «nisto» e ao tempo que me faz espécie! Afinal, o HdM Garrafeira é vinho para 20 ou 50€?
Existe no Jumbo um contraponto interessante à situação dos HdM no Continente: não só são muitíssimo mais caros como ainda por cima têm vindo a encarecer, de tal forma que, agora, se pode ver HdM Garrafeira a praticamente 50€ (estava a 44€) e HdM Cabernet S./Syrah a quase 40€ (estava a 30 e... menos).
Já os «Outeiro da Águia» disponíveis estão a preços bem mais dentro da normalidade.
Não será preciso pensar muito para perceber que o volume de vendas dos vinhos «caros» da HdM no Jumbo (e muito provavelmente no demais comércio) não terá nada a ver com o que está a passar no Continente. Mas... passa-se por lá e os expositores estão cheios. Parece que têm HdM «do bom» aos metros cúbicos...
Por fim, note-se que esta situação não é de agora. Claro que os HdM estão a ser quase oferecidos no Continente, sobretudo para quem tiver o cartão deles, mas sempre foram muitíssimo mais baratos que nos outros lugares.
Os preços «normais» de que me lembro: HdM Garrafeira a 20€, HdM Cabernet S./Syrah a menos de 10 (ou era menos de 8?!), Virtuus a 12, Homenagem a 15.
Uma excepção interessante: o varietal Pinot Noir estava a 38€ (será que ainda...?)
Assim, ok, estão a desvalorizar o vinho, mas parece que sempre o fizeram no Continente. Lá está a parceria... Que nos leva, claro, a também importar ver com que senhores foi feita a dita...
Juntando tudo, a situação parece-me bem menos estranha... :\
Entretanto, escusado será dizer que agora só compro HdM no Continente (lol).
P.S. - No Jumbo, o Pequeno Pintor está a menos de 6€.
Esta forma de «marketing» pode não ser bonita, mas parece que agora é moda.
No Ponto Fresco (Elos), uns supermercadinhos pequeninos e nada baratos, o Tapada de Coelheiros está sempre a menos de 10€. O produtor vende-o online a mais ou menos 20.
No mesmo centro comercial onde se pode visitar aqui o Ponto Fresco existe um café «gourmet» que funciona igualmente como loja de cafés da FEB. Recentemente, devem ter feito parceria com a Dão Sul, dado que começaram a vender vinhos e azeites... Dão Sul.
E verifica-se o mesmo. Qta. das Tecedeiras (então o Porto Vintage, a 20 e poucos €!) e Pedro & Inês mais baratos que na concorrência, por exemplo, mas Encontro 1, Four C e Dourats (que me lembre) a preço único e um bocado inflaccionado - 67€.
Aqui, a desvalorização é mais subtil. E se tiram de um lado, tentam pôr noutro... para compensar. Mas (só para dar o nó com o comentário anterior) o universo SONAE nunca foi discreto (e precisa de sê-lo para quê?!), e se tanto o produtor como o consumidor ficaram contentes - ou menos tristes, no caso dos produtores - tanto melhor.
Caro Fernando,
Que bom ouvir de si! Certamente que marcamos um jantar para breve.
Ab.
Nuno
Caros Pratas e j.,
Compreendo a questão de que para o consumir quanto mais barato melhor e referi-me a isso («O cliente fica satisfeito» cit), mas não me respondem às questões de saber no futuro quanto vale um HdM Garrafeira.
Por outro lado, importa não esquecer o argumento principal: nunca vi promoções destas em vinhos que se querem supra premium. Aliás, a estabilidade do preço é sempre um dado importante sobre o produtor (vejam o caso da Quinta do Mouro ou da Quinta do Perdigão cujos preços praticamente não se alteram).
Ab aos dois, e obrigado pelos comentários,
Nuno
Obrigado eu pelo belo espaço que aqui tem! :)
«nunca vi promoções destas em vinhos que se querem supra premium.»
Nem eu. Talvez as pessoas não queiram HdM Garrafeira a 50€. É caro para a qualidade que apresenta. Mas a 30...
«mas não me respondem às questões de saber no futuro quanto vale um HdM Garrafeira.»
Da meia dúzia de guias de vinhos - as edições mais recentes - que vi este ano, não me lembro de ter encontrado notas de prova ou classificações para estes vinhos. Talvez já tenham sido incluídos em edições anteriores?
Isto para dizer que, agora, a única forma de (re?)valorizar estes bons vinhos será:
1. Aumentar ao máximo a sua exposição à crítica especializada, com nomeada. Tê-los mencionados, com boas classificações, nos principais guias de vinhos.
2. Levar 1. lá para fora. Um bom «rating» na Wine Spectator, J. Robinson ou Wine Enthusiast... e o resto fica mais fácil.
Por fim, de modo a gerar um mínimo de sustentabilidade, 3. deviam encarecer-se - um pouco - as próximas colheitas nas lojas MC que as estão a vender ao desbarato... e devia cortar-se um pouco na especulação praticada pela concorrência.
É que isto de uma coisa custar x aqui e 4 ou 5x acolá tem tendência para cheirar a esturro. Nem o consumidor sente a mesma segurança ao comprar um item cujo valor oscila tanto.
Mas claro que 3. não vai acontecer... A menos que 2. aconteça com resultados surpreendentes. :>
Comprei na feira do ECI Beloura uma garrafa de Imperério reserva 2001. Penso eu, que tenha feito uma boa compra pois o João Paulo Martins atribui-lhe, no seu guia 2008, um 17 e não chegou a 8€.
Comprei também um Boninfant 2003, porque achei piada a um post do copod3 sobre este vinho, e ao qual o produtor, ou distribuidor respondeu a alguém que não encontrava este vinho no circuito comercial.
No Jumbo fiquei-me pela Quinta do Infantado 2006.
Abraço.
O Império Reserva 01 é uma boa escolha na Bairrada. A nota da RV oscilou entre 17 (2005 e 2007) e 17,5 (2004). Já a Wine Passion ficou-se pelos 14,5.
Eu gostei... daria uma nota no intervalo de 16,5 - 17.
N.
Ora quanto custará um HdM garrafeira no futuro?
Eu acho que o preço real deste vinho deverá continuar à volta dos 30€. Também é verdade que são raras as pessoas que compram no hipermercado vinhos a este preço. Também é verdade que são poucos os restaurantes com este vinho na carta. Logo se as vendas não correrem como previsto, é de esperar que a estratégia comercial vá no sentido de evitar o prejuízo com iniciativas como esta.
Ei imagino a quantidade de pessoas que compraram este vinho só para experimentar pq era uma boa oportunidade. Estas pessoas de certeza que se gostarem do vinho vou divulgá-lo e possivelmente comprá-lo mais tarde mesmo mais caro.
Eu confesso que nunca compraria este vinho ao seu preço normal, não por não gostar dele, não por não achar que não valha o dinheiro, mas apenas porque para o meu budget é simplesmente demasiado... Felizmente sou um "pobre" com a sorte de provar vinhos caros "patrocinados" por amigos.
No final, a questão "Qual será o preço/valor do HdM Garrafeira", é um problema para a HdM resolver. Isso se tal for problema... talvez a solução possa já estar encontrada... :)
1 Abraço, e muito bom post!
Quanto à estabilidade dos preços dos produtores, num mundo perfeito acho que os preços deveriam reflectir não só uma marca, mas também a qualidade do produto que varia de colheita para colheita. Ora todos sabemos que só em raras excepções isso acontece...
1 Abraço
Caro Pratas,
A questão da estabilidade dos preços dos vinhos dava, efectivamente, para um post inteiro (quem sabe) e existem duas opiniões diversas. Aquela segundo a qual o preço deve variar de acordo com a colheita (a sua tese, e de muito boa gente) pois a colheita influi na qualidade do vinho; e aquela segundo a qual o preço do vinho não deve variar muito pois a qualidade também não deve variar (é a minha tese). A título de exemplo, concordo muito com o PVP (não falo de especulações póstumas ao lançamento dos vinhos) do Quinta do Vale Meão, Quinda do Mouro, Pintas, Quinta de Roroz Reserva, etc, que raramente se alteram. Existem certos tipos de vinhos que são quase sempre bons um pouco melhor, um pouco pior) e, por isso, os preços não devem variar. O mais importante é que a própria qualidade também se mantenha e não se altere significativamente com as colheitas.
Olhe o que aconteceu à colheita de 2003 em Bordéus... se os preços fossem sempre os mesmos as loucuras que não se tinham evitado.
Ab.
NOG
Se quiser comprar Valle Pradinhos Branco com abundância vá a Mirandela comer no restaurante Flor de Sal http://www.flordesalrestaurante.com/ , um projecto muito sério e do outro lado do rio nas casas de produtos regionais aproveite para comprar o vinho e pão-de-azeite, bola de azeitona ou se preferir os enchidos e restante fumeiro.
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