terça-feira, dezembro 25, 2007

Feliz Natal e uma sugestão
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Temos para nós que o Natal não é festa para vinho novo. Aliás, para provar o vinho do ano, ou mesmo de um ou dois anos anteriores, já existem outras festas. Bom, se não existem, a verdade é que deviam existir...

Já no Natal, só nos apetece vinhos com a marca inconfundível do tempo e da evolução em garrafa. Por alguma razão, existe o conceito de "vinhos de calendário": vinhos de luxo, caros – e já com alguma evolução em garrafa, acrescentamos nós – enfim, a antítese do consumo diário.

Efectivamente, se durante um ano inteiro damos connosco a pensar que determinados vinhos "não estão no seu ponto óptimo", que são "demasiado raros para uma determinada ocasião", ou mesmo que "merecem ser bebidos com familiares e/ou certos amigos"... chega o Natal e devemos abrir essas mesmas garrafas. Sem excepção. É este o momento! É quase caso para gritar, como o Obélix perante uma legião de romanos, "Ao ataaaque!!!".

A título de nota pessoal, o nosso Natal sempre foi muito "Ferreirinha", o que se percebe tendo em consideração os (poucos) topos de gama que existiam há 10 e mais anos. Os Barca Velhas, os Reservas Especiais, os Reservas e, fora do universo Sogrape, algumas garrafeiras particulares - recordo-me de uma de Rio Maior da década de 60 absolutamente maravilhosa, bem como algumas do Dão que pareciam melhorar a cada ano que passava.
Ora, este ano vai voltar a ser assim. Mas fica sempre a dúvida: e o que beber antes do Reserva Especial e do Barca Velha? Sim, nós entendemos que não devemos começar a refeição a beber logo esses ícones do Douro... então o que beber antes, no início da longa refeição? Um vinho novo, com um ou dois anos em cave? Nunca!

Por isso, este ano (ou melhor, este Natal) deixamos uma sugestão pessoal de um tinto em óptimo estado de consumo – i.é, naquele momento perfeito (que durará ainda 2 ou mais anos) em que tudo já está equilibrado. Entrada de boca suave, bouquet perfeito com madeira sedutora, fruta fina e complexa, final composto. E claro, algum e saudável depósito. Sugerimos, assim, um Brunheda Vinhas Velhas (T) 2001, talvez o vinho que mais nos surpreendeu ao longo do ano, dada a sua enorme qualidade e perfeito estado de evolução. Depois sim, provamos e bebemos os Ferreirinhas que, por isso, é que eles existem. E ainda bem.

Feliz Natal, festas felizes e votos de óptimos vinhos.
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Nuno O. Garcia

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Nuno

Lembro-me deste Brunheda, quando saiu para o mercado, foi elevado aos picaros para uns tempos mais tarde ser "crucificado"....eu abri uma este ano, estava magnifica. Ainda tenho 2 exemplares. Na tua opiniao, quanto tempo podera ainda ser guardado?

Abracos e festas felizes
Pedro Guimaraes

NOG disse...

Meu caro Pedro,

Tens muita sorte com essas garrafas! Se não me engano, foi vinho prémio de excelência, juntamente com outros mais mediáticos, em dois anos consecutivos e, com isso, o seu preço catapultou para os quase 60 € que se pediam no “Club del Gourmet” do ECI. Na altura, falava-se de um vinho impar no panorama português, foi um nome sussurrado pelos conhecedores. Está actualmente numa forma fantástica, como dizes: a complexidade da fruta proveniente das vinhas velhas, a perfeita harmonia com a madeira (que ainda predomina no início), o final com “pattine”, o inerente depósito a atestar a genuinidade da excelência do vinho…, enfim tudo isto num tinto absolutamente gastronómico e, na minha opinião, perfeito para a ceia de Natal.

A cor está absolutamente fantástica (não está?), o que juntamente com os taninos e o facto da madeira não estar totalmente integrada, faz-me dizer que durante os próximos 2 anos ainda vai melhorar. Depois sim, poderá entrar na “curva descendente”, mas será certamente de forma lenta. Em suma, como está agora – fantástico - talvez dure mais 2 anos a melhorar. Depois disso, aguentará mais 5-10 anos de forma descendente. Claro, isto não é uma ciência, muita coisa pode mudar, e eu posso estar totalmente errado.

1 ab. e boa passagem de ano,

Nuno

Anónimo disse...

Car Nuno..

Obrigado pelo conselho. Acho que vou seguir as tuas directrizes e guardar a proxima para 2009. A ultima logo se vera, consoante a resposta que o vinho der na altura.
Eu comprei as minhas a 40euros numa garrafeira em lisboa mas tenho visto (na internet)a venda por volta dos 35euros.

Abracos e tudo de bom em 2008
Pedro Guimaraes

Anónimo disse...

Bom dia, aqui na Lift trabalhamos alguns clientes do sector do vinho. Gostariamos de lhe poder enviar informação. Contudo não encontramos endereço de email. Será que nos poderia enviar para joao.barbosa@lift.com.pt