segunda-feira, agosto 29, 2005

5 brancos à prova do Verão

Não conseguimos evitar e lá fomos país abaixo a caminho do sotavento algarvio. Na bagageira levámos um périplo de cinco vinhos brancos (dois verdes). Uma certeza: gastámos menos de € 25 no total dos 5 vinhos.

QUINTA DE SAIRRÃO RESERVA (B) 2004
Parámos o barco e superámos o lodo. Após uma ida a casa visitou-se a localidade de Santa Luzia bem perto de Tavira. A razão deste nosso regresso a Santa Luzia – já lá deixáramos o barco – prendia-se com a visita ao “Capelo”, restaurante de especialidade marisqueira. Vieram as amêijoas e as postas de um pargo grelhado, a acompanhar bastou uma bela salada de alface e tomate.
Para beber provámos o douriense “Quinta do Sairrão”. Foi o nosso primeiro contacto com esta quinta e gostámos muito da frescura imediata deste branco, do seu maracujá evidente; mas também das notas doces que se manifestavam (seria banana?) escondidas num final longo. Com uma boa presença e sem agulha, sobresaiu a cor quase amarela, bonita desde o primeiro olhar. Bom +.

MARQUES DE RISCAL SAUVIGNON (B) 2004
A recompensa de ir à praça de manhã seria uns belos salmonetes para jantar. Cozeram-se umas batatas e preparou-se uma salada. Os ditos – peixe maravilha quase marisco – foram colocados na grelha, trocou-se a sua posição, e o manjar estava pronto.
Também preparámos o Marques de Riscal Sauvignon, bem fresco como apetece no Verão. Apesar da “bodega principal” desta marca espanhola estar situada na zona de Rioja (com uma arquitectura duvidosa, diga-se) este vinho é feito a partir de uvas de Rueda, zona próxima de Valladolid – território de vinhos brancos interessantes como os “Palácio del Bornos” (sobretudo o verdello, mas também o sauvignon).
Quanto a este Riscal mostrou-se límpido desde logo, de sabor carregado à casta e um toque a “mão de gato” que criou uma leve sensação de desprazer perto do final. É um sauvignon curioso mas pesado, que no entanto terá sem dúvida os seus apreciadores (aqueles que preferem sabor intenso a harmonia). Bom.

SOLAR DAS BOUÇAS (B) 2004
Ao terceiro dia veio a feliz contradição: camarões grandes (tamanho 1) e carapaus pequenos. Os primeiros grelharam-se, os segundos levaram fritura valente. O calor apertava (e eu que o diga ao comando da grelha) e apetecia um vinho verde... e porque não um Solar das Bouças 2004? Todo feito a partir da casta Loureiro, começou por demostrar estrutura interessante alicerçada numa “agulha” muito agradável. Conjunto muito afinado, algum ananás e um forte sabor citrino, muita leveza. Um conjunto que apela a um dia quente e a marisco. Bom +.

BUCELAS (B) 2003
Na lota seguimos pelo arroz de marisco, mas para acompanhar escolhemos o “Bucelas 2003” das Caves Velhas. A escolha no entanto começou por desapontar na cor, algo deslavada (quase aguada). Infelizmente na boca o vinho confirmou as expectativas e revelou-se um arinto furos abaixo do habitual da marca, sem a nobreza da casta. Pouco sabor a fruta, algum maracujá ligeiro (camuflado) e pouco mais. No nariz esteve regular. Suficiente.

QUINTA DO AZEVEDO (B) 2003
E no final, veio o vencedor. A acompanhar uns audaciosos bocados de espadarte do Algarve – sempre óptimo na grelha – abrimos um dos melhores brancos da Sogrape. Vinho verde, de grande porte, muita agulha mas não em exagero, esteve muito bem. Sabor intenso, ora tropical ora citrino. Cor amarela clara, de nariz subtil e sublime. Muito bom. O melhor do lote... no último dia. Bom ++.