quarta-feira, agosto 25, 2010

Novidades

Bajancas private selection (B) 2008

Já tínhamos, no passado recente, apreciado os vinhos brancos deste produtor duriense, cujas vinhas são próximas de São João da Pesqueira, terra de planalto sito entre o Cima Corgo e o Douro Superior. Mas, com a prova dos novos brancos, de 2008 e 2009, que serão lançados no mercado, constatamos que houve uma evolução muito positiva na qualidade e ficámos ainda mais agradados.

O branco colheita de 2009 está interessante, frutado e com apetência para o consumo imediato e descontraído. A surpresa estava, porém, reservada para o private selection da colheita de 2008. Aliás, este foi mesmo um dos brancos nacionais que mais nos entusiasmou nas últimas provas que tenho efectuado.

É um vinho «woody but dry», como dizem os anglo-saxónicos. Ou seja, o vinho teve estágio em barrica mas mantém-se seco, muito seco, crocante, apenas com ligeiros fumados da madeira, e um delicioso toque de espuma de café. Nada de fruta tropical, apenas um ligeiro citrino bem mesclado com uma forte componente mineral. Mas o melhor… para nós, o melhor é a sua acidez, intensa, cortante, capaz de nunca nos saturar.

Um belo branco a um preço por volta dos €15, ou seja muito simpático para a qualidade apresentada.

17

terça-feira, agosto 24, 2010

Pechinchas (ou não tanto)

Descobertos num supermercado cooperativo a sul do País, ficámos com uma vontade curiosa de conhecer a  evolução destes dois vinhos. Comprámo-los e levámo-los para casa, o Encostas de Estremoz Alicante Bouschet (T) 2004 a menos de € 6, e o Herdade do Meio Antão Vaz (B) 2005 a menos de € 2. Pensámos, de imediato: 'pechinchas', estes dois alentejanos!

Baratos, sem dúvida, mas, em rigor, também não chegaram a agradar por aí além, quando chegou a hora de os provar. O tinto surgiu com excessivas notas de couro e de óleo vegetal em lata, o que implicou decantação obrigatória. Melhorou, é certo, mas manteve-se longe do nível das provas que dele fizemos no passado. Salvou-se uma frutinha encarnada no final de boca e pouco mais (14). Quanto ao branco, revelou-se farto em notas a carvalho americano e curto em referências ao Antão Vaz. Enjoativo, necessariamente, nas referências a baunilha doce, sem acidez nem complexidade, praticamente mortiço, para não dizer defunto (13).

'Pechinchas' existem, sem dúvida, mas nem sempre como deveriam ser. 

quinta-feira, agosto 19, 2010

Prova especial

Terrenus Reserva (T) 2004

Encaixamos esta prova deste grande tinto na categoria "prova especial". E fazemo-lo pois este é, efectivamente, um vinho fora do normal. Especial, pela relativa raridade do vinho, posto que a sua produção é residual, ridícula mesmo comparando com padrões internacionais. Especial, pois em meia década produziram-se apenas duas colheitas (2004 e 2007). Especial, pelas provas sempre fantásticas que nos proporcionou até hoje, e pela evolução que dele esperamos ainda (ver aqui para uma das provas anteriores). Especial, por fim, pela nossa admiração subjectiva por este tinto de vinhas velhas da Serra de S. Mamede, um dos néctares nacionais no qual depositamos afeição maior.

Cor muito viniosa no copo, praticamente ainda opaco, denotando imensa juventude. No nariz, começa fechado, circunspecto (por isso, decante por uma hora, pelo menos). Cariz complexo e fundo, é um vinho que exige prova atenta, vigilância apertada e sentidos apurados. A fruta é negra, profundamente decadente. 

Na boca, proporciona uma prova gloriosa, mantém-se amplo e saboroso durante muito tempo, com fruta negra e fumados de qualidade. E revela até uma sensação de secura que muito nos apraz. Final de boca em alta, com chocolate amargo e ligeira nota rústica, mesmo ao nosso gosto pessoal.

Este, "está para as curvas", e durará, seguramente, mais 10 anos se guardado em condições ideais. Novidade no mercado é o da colheita 2007, igualmente de alto nível, mas, infelizmente (para nós, que precisamos dele...), mais caro, desculpando-se Rui Reguinga - produtor e enólogo desta delícia - na necessidade de reajustar o preço.

É um vinho denso, calmo mas potente, aparentemente silente mas poderoso. A nós, sugere-se como um tinto com "alma literária", como, aliás, tentámos demonstrar com a foto que colámos ao lado.

17,5-18+

terça-feira, agosto 17, 2010

Provas

Grandes Quintas Reserva (T) 2007

Novo projecto duriense, de um proprietário de vinha velha sita no Douro Superior, encontrando-se Luís Soares Duarte (Gouvyas) no comando da enologia.

No copo, revela cor carregada, quase opaca. Na prova de nariz, tem fruta negra com ligeira baunilha doce, conjunto de pendor guloso e atractivo, que evolui no copo com ligeiro cravinho e esteva. A prova de boca é saborosa, com fruta mais encarnada do que preta, complexidade e final de boca médios, e acidez no ponto (embora se tivesse mais vincada só melhoraria, a nosso ver).

Boa estreia deste novo produtor, que se apresenta já com um reserva interessante (a par de um colheita a cerca de €8), que pretende ser um compromisso entre um Douro mais internacional e uma patine clássica. Para já, a vertente internacional parece levar algum avanço num conjunto sedutor ao qual apenas falta um pouco mais de raça. De qualquer forma, para a boa qualidade apresentada, merece destaque o preço não especulativo, abaixo dos €16. Disponível em garrafeiras de qualidade e no Jumbo.

16,5-17

Próximas provas: Avidagos (B) 2009; Alain Grillot La Guiraude (T) 2005; Altas Quintas Crescendo (B) 2009; Conventual Reserva (B) 2008; Guarda Rios (R) 2009


terça-feira, agosto 10, 2010

Novidade

Valle Pradinhos (B) 2009

Se ainda não está no mercado estará para muito breve, tanto mais que é um daqueles brancos que rapidamente se esgota nas garrafeiras todos os anos. Esta versão de 2009 (para a nossa apreciação sobre as anteriores, ver aqui e ali) mantém a exuberância aromática que lhe conhecemos e que marca a prova de nariz, com a Riesling e Gewürztraminer a dominar por completo. Falta-lhe, por ora, alguma componente mineral e vidrada que lhe descortinámos em anteriores colheitas, mas que poderá vir ainda a receber do estágio da garrafa.

Na prova boca, está ligeiramente mais pesado que a magnífica edição de '08, pelo que deve ser servido bem fresco, sobretudo se bebido nestes dias quentes. A intensidade da prova de boca mantém-se e é de assinalar - fruta branca e flores - mas, a nosso ver, o melhor é mesmo deixá-lo por alguns meses de lado para ver se o conjunto se torna um pouco mais elegante.

De resto, não se pense que não está à altura da fama que conquistou. Na verdade, não lhe falta exuberância, vigor, intensidade na prova e mesmo um final de boca com assinalável comprimento. E até melhorou a imagem, com novos rótulo e cápsula mais actuais, mantendo o bom gosto que caracteriza a marca transmontana.

16-16,5

quinta-feira, agosto 05, 2010

Provas

Cistus Reserva (B) 2009

Cor muitíssimo ligeira, de acordo com a moda actual, ou seja quase transparente. Prova de nariz muito directa, focada em referências a fruta branca mas sem cair na banalidade. Na prova de boca melhora, ligeiramente mais complexo, apesar de algum "pico" gaseificado que complica mas não estorva.

A menos de €4, temos aqui um branco duriense para este Verão, linear mas correcto, a beber bem fresco, talvez mesmo abaixo dos 8º.

14,5

Próximas provas: Grandes Quintas Reserva (T) 2007; Avidagos (B) 2009; Alain Grillot La Guiraude (T) 2005; Altas Quintas Crescendo (B) 2009

terça-feira, agosto 03, 2010

Provas

AQ Mensagem de Trincadeira (T) 2007

Mais um rebento do projecto "Altas Quintas", projecto sito no norte do Alentejo e que se caracteriza pela produção de vinhos a partir de uvas plantadas a uma altitude média de 600 metros. Desta feita, e depois de um promissor Aragonês da colheita de 2005 (ver aqui), surge-nos um monocasta Trincadeira, casta tanta vezes difícil pelo carácter excessivamente vegetal que atribui a alguns vinhos. Neste caso, nada disso!

Cor ruby escura mas não opaca. Nariz com aroma intenso fruta madura, muitas especiarias - pimenta, cravinho -, tudo muito guloso - café, tosta - mas algo linear, sem a complexidade que pretendíamos encontrar. A prova de boca revela um vinho fresco, com taninos suaves, um vinho muito polido, talvez o mais polido e elegante na boca de todos os já provados deste produtor.

Ainda que tenhamos preferido a Mensagem de Aragonês pela maior complexidade do conjunto, nada cabe apontar a mais este tinto de qualidade saído do terroir da Serra de S. Mamede: em suma, prova de nariz muito sedutora, prova de boca fresca, e conjunto muito aprumado. Quanto ao polimento já demonstrado em garrafa, importa confirmar se será mudança de perfil ou se foi o ano a comandar o estilo, bem como esperar que não se comprometa a longevidade. A menos de €20, temos aqui um estreme Trincadeira de bom nível, de perfil moderno e acessível no estilo, que se recomenda.

16,5

Próximas provas: Cistus Reserva (B) 2009; Grandes Quintas Reserva (T) 2007; Avidagos (B) 2009; Alain Grillot La Guiraude (T) 2005; Altas Quintas Crescendo (B) 2009