quinta-feira, março 26, 2009


NOVIDADES
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HERDADE DA COMPORTA

Apenas a uma hora de Lisboa, a sul de Tróia, fica a Herdade da Comporta entre praias e pinhais. Os vinhos produzidos aqui não se confundem facilmente, dada a proximidade com o mar, nem com os néctares das terras de pó de Palmela, nem com néctares da planície alentejana. São um "two-in-one" entre Terras do Sado e Alentejo!

Chegam-nos então duas novidades, e logo dois vinhos para se situarem no topo da gama. No branco, um Antão Vaz; no tinto, um bivarietal de Aragonez e Alicante. Qual gostámos mais?

Herdade da Comporta Antão Vaz (B) 2007: É um branco com muita qualidade, um puro Antão Vaz, que nasce com aromas fechados, vegetais, e só passado algum tempo no copo se revela mais frutado e citrino. Boca gorda, muito ampla. Tudo no sítio, mas demasiado moldado à casta, excessivamente directo, como é natural num monovarietal (é por estas, e por outras, que preferimos os lote). Em todo o caso, um óptimo exemplar desta casta cada vez mais presente nos topos de gama brancos produzidos a sul do Sado. 16

Herdade da Comporta Aragonez + Alicante Bouchet (T) 2006: Este tinto tem outra estirpe... Não se limita a ter fruta, como ademais a fruta tem muita qualidade, revela-se limpa e cativante (não é totalmente madura, mas lembra amoras e ameixas). O corpo aguenta a fruta, e trás uma acidez viva e um toque rústico que tanto apreciamos, e tudo sem perder gulodice. É um perfil moderno mas ágil à acompanhar a refeição, é um tinto que muito nos agradou até pela não "sobre exposição" da madeira. 16,5-17
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sexta-feira, março 20, 2009


BONS VALORES EM ESPANHA. TINTOS:

Eis que nos preparamos para entrar no carro e fazer um pouco mais de trezentos quilómetros. Para onde? Para Cáceres, com o objectivo de "cenar" no Átrio, que é, juntamente com o algarvio Vila Joya, as duas estrelas michelin mais próximas de Lisboa… e uma das mais completas e entusiasmantes cartas de vinho da Europa.

Pois bem, é a preparar o carro que nos lembramos dos últimos tintos espanhóis que recentemente provámos e gostámos. São todos vinhos abaixo dos €20, alguns mesmo abaixo de metade desse valor e, tirando um ou outro, são a entrada de gama de marcas bem conhecidas. Em notas telegráficas, pois faz-se tarde para iniciar a viagem, recomendamos os seguintes:

Prima (T) 2006: uma bomba no nariz este entrada de gama da "Bodega Maurodos", responsável pelo fantástico San Roman. Muita fruta, potência controlada, é um tinto a um preço fantástico que só peca um pouco na boca por demasiado curto. A menos de €9. 15,5-16

Sentido (T) 2006: Um Duero elegante, fresco e com acidez viva. Notas a fruta vermelha, mas também algum citrino neste primeiro vinho das "Bodegas Conde", as mesmas que produzem o mais conhecido Neo. A menos de €11. 15,5-16

An/2 (T) 2005: Palavras para quê? É o irmão mais novo do projecto maiorquino "Ànima Negra". Sem a complexidade subtil (a lembrar alguns Bordéus) do irmão velho, está contudo elegante, sumarento e muito gastronómico. A menos de €13 é sempre uma boa escolha e é uma referência nos vinhos Baleares. 16-16,5

Domínio de Bendito (T) 2005: Muita extracção num tinto que fará as delícias dos amantes da potência da tinta del toro. Ainda que algo desequilibrado, muitos dirão ser um vinhão! Para nós, o seu destino é, necessariamente, a garrafeira por mais dois ou três anos. A menos de €17. 16

Quinta Quietud (T) 2004: Um dos vinhos que, ano após ano, mais surpreende na região de Toro (Zamora). Um vinho sereno (como o nome da quinta o faz perceber), de dimensão enorme e de final acetinado. Sistematicamente um dos melhores - mas infelizmente dos mais desconhecidos - nomes da região. E a um grande preço! A menos de €17. 17-17,5

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quarta-feira, março 18, 2009


NOVIDADE

Casa Cadaval Trincadeira
vinhas velhas (T) 2006

É verdade que não é uma novidade de última hora. Em rigor, o vinho já saiu para o mercado há mais de três meses, mas também é verdade que só nestes últimos tempos tem estado disponível num cada vez maior número de lojas e até hipermercados (eg., no Jumbo das Amoreiras a menos de € 11).

Nariz com um travo vegetal, algum bret. e noções animais. Sem dúvida que existe neste tinto complexidade e ecletismo, sendo que no primeiro impacto a fruta não aparece. Com arejamento, surge a fruta em contornos de cereja madura e framboesa esmagada, muita especiarias, sendo que as sensações animais não largam o copo. Na boca mostra taninos duros, saborosos, mas a precisar muito de tempo em garrafa. Está tudo por afinar ainda.
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Com auxílio de uma bomba de vácuo, guardou-se mais de metade da garrafa e voltou-se a provar no dia seguinte. A tese de que o vinho está muito jovem confirmou-se, e o néctar ribatejano mostrou-se em melhor forma, com a fruta madura mais definida e um final de boca mais poderoso.

A expectativa não era baixa é certo (bem pelo contrário), e o vinho mostrou-se, nesta fase, uns furos abaixo do esperado. No geral, encontra-se demasiado jovem e a precisar, a nosso ver, de muito repouso para se revelar com mais categoria. Não nos admiraríamos, todavia, que daqui saísse um grande vinho no futuro.

16,5++

terça-feira, março 10, 2009


Vinha da Costa (T) 2005

Como é bem sabido, é da condição humana não concordar sempre com a opinião de terceiros, muito menos nos vinhos, nem mesmo com os ditos "Prémios de Excelência" ou com os listados como "Melhores do Ano". O Quinta da Garrida Touriga Nacional (T) 2005 é disso exemplo, posto que anda, por ora, longe das nossas preferências (ver aqui), mas a verdade é que levou um "óscar" da RV para casa. Outro bom exemplo é o Scala Coeli (T) 2006 que venceu a prova de imprensa da Essência do Vinho mas não nos convenceu a nós pelo excesso de madeira que apresenta.

Mas outras vezes existe, e em maior número impõe-se esclarecer, em que a concordância é total. Um desses casos é este Vinha da Costa (T) 2005, um tinto que é uma verdadeira fonte interminável de fruta feito a partir de três castas que sabem ser muito gulosas quando querem: Merlot, Syrah e Tinta Roriz. Muito intenso, existe a par da fruta madura (em camadas como gostamos) um fundo terroso que seduz na prova de nariz. Na boca, revela novamente fruta muito saborosa, mas também chocolate, tabaco e algum mineral à procura de atrair maior complexidade. Tem um certo nervo bairradio é verdade, mas digere-se bem, mostra-se redondo, sem "buracos", mesmo carnudo e com um final ascendente de grande sabor. Não é o mais elegante vinho do produtor Campolargo, não é o mais surpreendente, mas é um dos mais sensuais.
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Admitimos que melhore com mais um par de anos, mas não parece ser daquele feitos da matéria que permite bebê-los daqui a quinze anos. Neste caso, também não se justifica, pois está belíssimo por ora. Foi considerado como um dos melhores do ano na sua região pela RV, começa a ser (para nós) um grande representante da moderna Bairrada e, mesmo assim, não custa mais de 20€. Que bom (!), sendo que a nota reflete o comedimento no preço.


17,5
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Próximos vinhos: Poeira (T) 2006; VT (T) 2005; Vértice rosé (Esp) 2007; Quinta de Porrais (B) 2007.