segunda-feira, novembro 26, 2007


Calços do Tanha Reserva (T) 2003

Não é de agora que afirmamos que o "Calços do Tanha" é um vinho com uma boa relação preço-qualidade. De facto, já escrevemos sobre este vinho mais do que uma vez (ver aqui, ali, mais acolá e ainda aqui) e sempre "detectámos" a exuberância do fruto vermelho. Este Reserva 2003 ora provado mantém essa "marca", talvez até com mais vigor, começando por dar nas vistas com uma cor vermelha escura e ligeira evolução no bordo do copo.

O estilo é (aí está...) de fruta muito gulosa, de carácter moderno, com Rui Cunha até há pouco tempo a chefiar o trabalho de enologia (este foi um dos seus últimos trabalhos para a casa). Na boca, mantém-se actual, redondo (por vezes "plano"), de taninos suaves e final prolongado onde algum nervo se nota com ligeira frescura.

O estilo marcadamente frutado e quente – e não nos esqueçamos que a colheita é de 2003 – poderia não ganhar nada de bom com a passagem do tempo. Podia até ter perdido a fruta tornando-se pouco interessante, podia ter-se transformado num bloco agreste e fechado, podia até ter criado uma acidez desmesurada com a oxidação, como tantas vezes sucede com tintos desta índole.

Mas não foi o caso, bebeu-se muito bem, mais um bom tinto de Manuel Pinto Hespanhol a menos de 15€ um pouco por toda a parte.

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Próximos vinhos: Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004, Vale do Ancho Reserva (T) 2004; Herdade das Servas TN (T) 2004.

terça-feira, novembro 20, 2007


Bem perto do céu...

"Colheita 1991": belíssimo e interminável no final; e "Vintage 2005": um vintage novo quase perfeito. Ambos Niepoort.

domingo, novembro 18, 2007


Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002

Já aqui escrevemos sobre os vinhos da Quinta da Sequeira. Após diversas provas a praticamente toda a gama, podemos atestar a qualidade e longevidade dos diversos néctares, do "porta-estandarte" rosé até ao recente topo de gama (que comentaremos em breve), passando pelo nosso predilecto o branco vinhas velhas. Podemos atestar também as qualidades humanas do casal Mário Jorge e Graça, cuja dedicação e simpatia constitui certamente um exemplo no sector e suplanta os poucos anos que levam de actividade.

Imagine por isso o leitor a nossa satisfação ao ler a recente reportagem que a Revista dos Vinhos fez sobre a Quinta da Sequeira e confirmar que a opinião que sempre divulgámos sobre os seus vinhos não é, afinal, apenas a nossa.

Pois bem, foi num começo de noite sem muita história em Sintra que resolvemos voltar à Quinta da Sequeira. Tínhamos um amigo para jantar, que entretanto se atrasou, e preparámos um arroz selvagem de cogumelos (portobello e paris) salteado em finos rojões de porco preto com pesto. O regresso àquela quinta do Douro Superior fez-se então com o "Grande Escolha (T) 2002", e com a prova (mais do que provada…) que tal colheita foi capaz de proporcionar tintos bem interessantes na região.

A cor mostra vivacidade, ainda escura e impenetrante, apenas com uma pequena marca de evolução no rebordo do copo. O nariz é intenso, com fruta sobremadura e um pouco de anis no ataque inicial. Depois surgem notas a amêndoa, chegando mesmo a lembrar licor de amêndoa amarga (mas sem desequilibrar), e alguns tostados da madeira não totalmente integrada, num conjunto de complexidade média-alta. Enfim, tudo como que a dizer que ainda tem anos pela frente. A boca confirma o veredicto de propensão para a longevidade com fruta vermelha em grande quantidade e acidez franca. Final persistente com moderada elegância e que poderá ainda melhorar com o estágio em garrafa. O meu amigo Tiago Panão gostou tanto que jurou não mais se atrasar...

Em suma, um tinto de alta patente num ano difícil. A menos de € 20 e para beber nos próximos 5 anos.

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Próximos vinhos: Calços do Tanha Reserva (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004.

domingo, novembro 11, 2007


Quinta do Cerrado (T) Reserva 2003


A União Comercial da Beira, com sede em Carregal do Sal, tem vindo a obter bons resultados com a recente dinamização dos vinhos da região do Dão, tanto tintos como brancos (ou melhor e brincando um pouco, tanto tourigas como encruzados, as castas mais "dinâmicas" no momento). Por isso não surpreende a existência de vários produtos da empresa para além do tinto ora provado; entre eles, destaca-se o topo de gama "Lagares do Cerrado" e as monocastas brancas encruzado (a nossa predilecta) e malvasia e as tintas roriz e touriga.

De toda a gama Quinta do Cerrado, este tinto reserva em prova será porventura o vinho mais conhecido do consumidor, posto que não há feira de vinhos em hipermercado na qual não marque presença. Pelos vistos - i.é, pelo que provámos - ainda bem...
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É que se no copo tem cor vermelha escura perto de se tornar granadil, com bastante transparência e auréola diluída, já no nariz está muito curioso, não parecendo abrir (mesmo com tempo e decantado) e sentindo-se ainda um pouco a madeira (com notas tostadas) a tapar o fruto vermelho. Um pouco de casca de amêndoa, referências a caruma e outras mais torradas, final com um carácter levemente floral a dar um "ar da sua graça". Na boca é fugaz, ainda que mostre ter bom ataque inicial. Está levezinho, de corpo esguio, com acidez acentuada que aconselha a forte gastronomia da região. Não nos resultaram evidentes as castas que compõe este lote (são a touriga, a roriz e a jean diz-nos o produtor), mas o perfil é claramente Dão!

Se está a pensar comer um cozido sem couve (apesar deste tempo quente não ajudar), e apenas pretende ou pode gastar € 5,50, este tinto será uma boa opção. Acresce que está à venda na maioria das grandes superfícies. Muito acessível portanto.

15,5

Próximos vinhos: Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Reserva (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Reserva (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004.

quarta-feira, novembro 07, 2007


Quinta do Infantado Reserva (T) 2003

Era a primeira vez que o amigo Honorato ia lá casa e, também por isso, brindámos a sua entrada com um espumante. Esse espumante ajudou, pouco depois, a confecção de um risoto de espargos e cogumelos o qual, por sua vez, mereceu um acompanhamento à altura (do amigo e do risoto, dizemos com pouca modéstia). Qual então o acompanhamento? O Quinta do Infantado Reserva 2003, o primeiro reserva desta quinta da família Roseira, bem perto do Pinhão, que faz muito que produz Porto.

No nariz está, simplesmente, com um bouquet que se coloca entre os melhores do Douro! Claramente a apostar na elegância, tem fruto de qualidade sedutor e muita barrica afinada e, desde já, integrada. Tem ligeiras referências a LBV (que o calor do ano pode explicar), todavia estas não estão impositivas, pois a elegância apresentada evita qualquer laivo mais abrutalhado.

Na boca entra macio, com ligeira concentração, tem um certo carácter lácteo que o torna encorpado mas sem quaisquer exageros (nada químico). Com poucas arestas e sem "pontas soltas", é um tinto de matriz duriense que já dá grande prazer. É, aliás, um verdadeiro "vinho de prazer", e exibe, com orgulho, um daqueles finais longos e acetinados de fazer chorar por mais.

Uns dias depois, o amigo Honorato confessou-nos que gostou muito (do vinho, pois claro) e que tinha ficado com vontade de mais. Também nós... também nós. E o preço ajuda: a menos de € 25 é uma grande compra.

17,5


Próximos vinhos: Quinta do Cerrado Reserva (T) 2003; Quinta da Sequeira Grande Escolha (T) 2002; Calços do Tanha Res. (T) 2003; Monte da Ravasqueira (B) 2006; Herdade de São Miguel Res. (T) 2005; La Rosa Reserve (T) 2004; Quinta do Perú (T) 2004

segunda-feira, novembro 05, 2007



Encontro com o Vinho e Sabores

Mais um "Encontro com o Vinho e Sabores" que passou pela ex-Fil neste fim-de-semana. No Domingo (Sábado é sempre uma confusão...) esteve muita gente, mas menos gente do que no último ano, pelas nossas contas absolutamente não rigorosas. Por outro lado, pareceu-nos ver mais gente nova e mais público feminino, o que é sempre um excelente sinal. A organização esteve ao melhor nível e, tirando uma ou duas excepções, a grande parte dos produtores nacionais marcou presença, em muitos casos, apresentando mesmo os melhores vinhos (o que nem sempre acontece).

Nestes eventos, já se sabe, não se pode provar muito, pois corre-se o risto de gostar e começar a beber (em vez de só provar). Em todo o caso, sempre ficam algumas saudades de um ou outro vinho degustado. No nosso caso, saudades do magnífico Garrafeira do Comendador (T) 2003 da Adega Mayor, do energético Quinta da Sequeira Grande Reserva (T) 2004, do polido e delicioso Gouvyas Vinhas Velhas (T) 2005, do enigmático Vallado Adelaide (T) 2005, e do potente Júlio B. Bastos (T) 2005. Tudo tintos.

Foi assim…