sexta-feira, junho 30, 2006

Dia do Vinho


Este Domingo, dia 2 de Julho, é DIA DO VINHO. Não obstante o dia do vinho ser como o Natal - é quando um Homem quiser -, aí está uma data em que é obrigatório “sacar a rolha”. Eu estarei no Porto, no Palácio da Bolsa, em mais uma iniciativa da ViniPortugal e da Essência do Vinho. Se o leitor conseguir venha daí também. Em Lisboa também existem comemorações na ViniPortugal no Terreiro do Paço. Em qualquer caso, basta comemorar em casa com família e/ou amigos. Tchim tchim!

quarta-feira, junho 28, 2006

Dica do mês:

Vô Bento Reserva (T) 2003: este tinto vem directo das terras de Fernando Pó, para os lados do Poceirão, em plena região de Palmela e Terras do Sado. É o topo de gama a “Sociedade Agrícola Tí Bento”, e é produzido apenas quando a natureza permite o melhor aproveitamento de vinhas velhas castelão, ao qual é proporcionado um estágio em madeira no sossego das instalações da vizinha "Casa Ermelinda Freitas" (a meros 500m da sede da Soc. Agrícola Tí Bento). Na cor, como de resto no nariz, é um castelão puro e dos bons, madurão, com fruta exuberante e carácter macio. Na boca continua generoso, forte e persuasivo, com notas de fruta preta e alguma baunilha do carvalho. O final é curto para tanta fruta, mas é bom amigo da comida e do enófilo. Até no preço!

terça-feira, junho 27, 2006

Vale do Ancho Reserva (T) 2003


Da casa Couteiro-Mor têm saído alguns dos melhores vinhos alentejanos de tal modo que hoje, quando se fala sobre o Alentejo, surge invariavelmente Montemor ao lado de outras regiões famosas como Évora, Vidigueira ou Estremoz. O topo de gama da marca é este Vale do Ancho Reserva, cuja fama maior viria com a colheita de 2003. Experimentámos pela primeira vez este vinho no final do ano passado. Passados 6 meses foi altura de novo teste.
Em primeiro lugar importa assinalar a significativa evolução sentida logo aquando do “sacar da rolhar”. O bouquet que emergiu da garrafa não era aquele fruto maduro que nos comoveu no primeiro encontro. Agora, era um balsâmico fresco, uma certa acidez alcoólica que nos encheu de curiosidade. No copo, a cor mantinha-se retinta forte, de um vermelho granada fechado. Com a passagem de alguns minutos, e o agitar do copo, de novo surgiram as notas verdes (certamente do alicante bouschet), cogumelos, espargos, alguma ameixa. Depois, passámos para várias sensações de grafite e um toque metálico. Está muito diferente da primeira prova, onde dominaram as sensações carnudas a fruta quente.
Perto do fim, veio ainda a madeira, agora sim sente-se a harmonia entre a madeira e o aragonês (mas está escondido). Sempre no estilo complexo, rico, potente, taninos estruturados. Está muito bom, e já tão diferente um semestre passado. Pena estar mais caro.
Bom + (17). A menos € 30.

segunda-feira, junho 26, 2006

Duas confirmações

Por vezes a mera confirmação de grandes vinhos é mais útil ao enófilo do que a novidade ou a surpresa. Não se duvida que são as novidades que fazem girar o mundo comercial dos vinhos, que provocam a leitura das revistas da especialidade, bem como a realização de eventos promocionais mais ou menos eloquentes. Mas sem aqueles vinhos que são verdadeiros “porto-seguros” onde andávamos nós? O que fazer quando queremos servir um vinho com a certeza de que iremos gostar tanto quanto os nossos convidados? Afinal, o que fazer quando se quer beber e não provar?
Por isso hoje escrevo sobre dois vinhos (um branco outro tinto) que não constituindo novidades, têm muito que dizer:
  • Cova da Ursa (B) 2004: É sabido que muitos vinhos brancos portugueses têm um excesso de açúcar residual e que se tornam pouco amigos das refeições. Quando se opta por um chardonnay existe o risco adicional do vinho ser demasiado linear, aborrecido com a marca da casta excessivamente vincada. Mas nada disso sucede com este Cova da Ursa. Cristalino no copo, amarelo claro, transporta-nos pelo seu bouquet para um campo de lírios. Fino, elegante, mineral e herbáceo q.b., tem um belo final de boca com maça “golden”, nota citrina e pó de canela. É o branco português mais próximo de um “petit chablis”.
    Bom (15,5). A menos de € 12.
  • Quinta da Vegia Reserva (T) 2003: Já muito se escreveu sobre este tinto do Dão, em especial os nossos amigos na blogosfera (aqui e ali). Bastam assim breves notas: cor elegante, de um vermelho carregado com laivos azuis. Nariz fino e sedutor (todo elegância em desprimor da força bruta), notas florais, frescas, fruta de qualidade. Esta hamonia mantém na boca, seca e taninosa, com fruta discreta e chocolate distante, notas subtis a rebuçado e alguma moka. Final consistente médio/longo.
    Bom + (17) com tendência melhorar. A menos de € 25.

segunda-feira, junho 19, 2006

Presentes assim... sim!


Trouxeram-me directamente de Itália uma garrafa de Renatto Ratti Barolo (T) 2001. Para quem não gosta de chianti barato, é mais uma oportunidade de reencontrar um bom vinho italiano. Apesar de ainda não o ter provado (este é daqueles que vai dormir para a cave), é também certamente uma boa recomendação de compra dado o seu preço não especulativo (abaixo de € 40) e o facto da colheita de 2001 ter sido considerada excepcional (ou não fossem italianos, para quem todas as colheitas são excepcionais ou muito boas...).

quarta-feira, junho 14, 2006

O Lagar


Portugal pode ter menos estrelas Michelin do que outros países. É um facto. Mas por cada não-estrela Michelin, o nosso país tem centenas de restaurantes. E de tanta quantidade, já se sabe, sempre sai alguma qualidade. E é por isso que temos na restauração uma realidade peculiar, a saber: são restaurantes fora de moda, que em vez de chefe têm cozinheiro, que não mudam de gerência cada cinco anos, que não têm um (ou mais) “relações públicas”, que não investem em cadeiras Philippe Stark nem gastam dinheiro em elegante papel de parede.
Bem sei que nesta realidade que descrevi pululam restaurantes sem qualquer categoria, que juntam a uma fraca cozinha um mau serviço, e que têm uma mendinha oferta de vinhos. Mas não generalizemos! Existe uma minoria que prima pela distinção na comida, pelo atendimento afável e familiar, por vezes com uma extensa carta de vinhos fruto da paixão do proprietário pela pinga.
Ora, um dos melhores exemplos deste tipo de restaurante - que faz a partir da simplicidade e da paixão muito mais do alguns fazem a partir da mera sofisticação - é O Lagar, sito no lugar do Carvalhal. Quem vem de Lisboa pela A8 tem de sair em "Bombarral norte/Paúl", seguindo depois em direcção "Carvalhal/Santuário".
Antes de chegar ao restaurante é possível contemplar a paisagem da região, verde com as uvas brancas a partir das quais que produz o Espumante Loridos. A Quinta dos Loridos também é visível de longe (mas quem quiser pode passar mesmo à porta, se seguir outra estrada), com a renovada imagem dada por Joe Berardo e na qual se destaca um enorme jardim budista. Mais ao lado, é a produção de pêra-rocha que se faz sentir; mais distante surgem os moinhos típicos da zona Oeste.
Chegados finalmente ao Lagar, deixamo-nos nas mãos da família Louro. Nas entradas saem vitoriosas a morcela de arroz, as sardinhas de escabeche, a sopa de coelho e os ovos com cogumelos. Todos os pratos são assentes na melhor matéria prima, seja peixe (de Peniche, a poucos quilómetros de distância) ou carne (os melhores nacos vêm dos Açores). Em todo o caso, o mais sensato é perguntar por sugestões, mas adianto as minhas preferências: arroz de cabrito, perna de porco assada, jaquinzinhos com arroz de tomate, nos arrozes o de safio é delicioso. Para sobremesa, não se esqueça do "sorriso", versão da casa de fondant de chocolate acompanhado de gelado e geleia de leite condensado.
Mas o melhor ainda não chegou... falo da carta de vinhos. São centenas as referências de vinhos, incluindo toda a oferta da região, não fosse o proprietário um dos maiores coleccionadores de vinhos da Península Ibérica. Os copos e os preços são os adequados, apenas as temperaturas merecem ser revistas. Para quem já teve a sorte, como nós, de conhecer o armazém onde Luís Louro mantêm as dezenas de milhares de garrafas da sua colecção, sabe que o vinho n ' O Lagar só pode ter lugar de destaque.
Da região, prove-se então o Quinta do Sanguinhal (T) 2001, o Quinta das Cerejeiras (T) 2000, ou o Loridos Alvarinho (B) 2004 agora para o Verão. Todavia, se quiser algo mais a sério, abra os cordões à bolsa e peça um Quinta de Pancas Premium (T) 2003, vai ver que vale a pena.

sexta-feira, junho 09, 2006

O Vinho na Internet


O último número da revista da empresa VinaldaDoVinho – trás um artigo subordinado ao tema "O Vinho na Internet". Neste, dá-se o destaque aos sites institucionais promocionais e de compra de vinhos online. Mas também se aborda o mundo dos blogs, com referências elogiosas ao Copo d’ 3, ao Que tal o vinho?, e este nosso Saca a Rolha.
Clique aqui para ver a revista.

segunda-feira, junho 05, 2006

Esporão Reserva (B) 2004


Não constitui novidade que o território que rodeia Almancil está repleto de restauração de grande nível. A concorrência é feroz e faz-se sobretudo de grandes nomes (eg., São Gabriel, Vincent, Ermitage), mas também existe espaço para uma gama alta que, não almejando uma estrela Michelin, aposta forte na cozinha internacional. É nesta gama que se insere o restaurante Oceanos, localizado no sítio do Valverde, a cerca de meio quilómetro da entrada da Quinta do Lago. Ora, para acompanhar um bisque de sapateira, seguido de uma posta de pregado em cama de alho francês, com mexilhões e arroz basmati, e mais uns mimos pelo meio, veio... um Esporão Reserva (B) 2004.
Considerado o melhor vinho branco do TOP 10 ("Prova internacional") da revista Blue Wine (n.º 1), vinho afamado de uma casa com tradição e prestígio. A colheita de 2005 acaba de sair para o mercado.
A tradicional “triplicata” de castas brancas alentejanas - Roupeiro, Arinto, Antão Vaz - oferecem neste vinho uma cor dourada muito límpida; no nariz são as notas a baunilha e a pêssego que mais vincam, a madeira está sempre presente durante a prova, talvez demasiado incisiva. Cheio, gordo, na boca sobressaem notas persistentes a manteiga, algum persuasivo alperce, tudo bem equilibrado, do género corpulento.
Comparando com o Private Selection (B) 2004, este Esporão Reserva é menos doce e sedutor, com mais adstringência, o que o torna ideal para acompanhar refeições de todo o tipo. A uma temperatura de 12º é perfeito para peixes no forno, já a 14º pode acompanhar carnes leves.
Mais um belo vinho branco do Alentejo, ao qual apenas falta uma maior acidez aromática.
A menos de € 10 (€20-€25 em restaurante). Bom (15,5).